Acabei de assistir o piloto de 9-1-1 Nashville e preciso ser sincera: me decepcionei imensamente. Eu, que sou fã da série original e acompanhei (mesmo sem muito entusiasmo) Lone Star, esperava mais dessa nova aposta da ABC. Com Chris O’Donnell no elenco (que brilhou por 14 temporadas em NCIS: Los Angeles) a minha expectativa era alta. Mas o que vi na tela foi um episódio forçado, com atuações péssimas e uma trama que simplesmente não convence.
O pior é que não estou sozinha nessa impressão. Os números comprovam o fracasso: a partir de 18 comentários analisados no Google, a série acumulou média de apenas 2,1 estrelas em 5, o que representa cerca de 42% de aprovação. Apenas 17% das avaliações foram positivas, enquanto a maioria esmagadora (83%) demonstrou decepção com praticamente todos os aspectos da produção.
O que prometia a sinopse da nova trama criada por Ryan Murphy
A premissa até parecia interessante no papel. O episódio piloto foca na equipe de resgate da Estação 113 de bombeiros, liderada pelo Capitão Don Sharpe (Chris O’Donnell), um “ex-peão de rodeio” (coloquei entre aspas, porque ele já começa o episódio em um rodeio) que agora comanda o quartel mais movimentado de Nashville (a famosa cidade estadunidense que vive e respira música Country). A história gira em torno de um tornado que atinge um festival de música country, enquanto a “família de Sharpe” (lembra alguma coisa?) lida com seus próprios problemas em casa.
A série propõe misturar a adrenalina dos resgates com drama familiar e o brilho da cidade da música. Don trabalha ao lado do filho (opa… Já vi essa história antes) e de uma equipe dedicada de socorristas enfrentando situações de vida ou morte. Parece bom, certo? Mas a execução ficou muito aquém do esperado.
Possíveis spoilers de 9-1-1: Nashville
e da estreia da 9ª temporada de 9-1-1 original a partir daqui
O que deu errado
A falta de originalidade salta aos olhos desde o primeiro minuto. Vários espectadores apontaram que a série tentou copiar descaradamente o modelo da spin-off recém cancelada 9-1-1: Lone Star, mas sem conseguir capturar a magia que tornou aquela spin-off bem-sucedida (nem tanto, na minha opinião, mas grande parte do público gostava).
Um dos comentários que tem no Google sobre o piloto resume bem o que vi na tela: “Por que eles cancelaram Lone Star para nos dar a marca TK e mataram Bobby Nash em 9-1-1 para nos dar a marca Bobby Nash?”. Perguntas que ficaram na minha cabeça. Se não queriam que essas coisas “morressem” então porque acabaram com ela? Sei que a morte de Bobby Nash não foi uma decisão da criação e sim do ator Peter Krause que decidiu sair da série como ator e ficar apenas como produtor, mas em relação a Lone Star?
As atuações de Nashville foram altamente criticadas no Google. Os fãs não pouparam críticas. Apesar de algumas coisas terem recebido elogios, como a presença e atuação da atriz Jessica Capshaw (a eterna Arizona de Grey’s Anatomy) e da cantora country LeAnn Rimes (que mais uma vez aparece atuando), que brilham em cena. Porém sobre o resto o consenso geral é que o elenco parece roteirizado demais e muito artificial. “A atuação de todos parece roteirizada e malfeita”, reclamou um espectador no Google. Um outro foi mais direto: “Atuação horrível. Filmagem horrível.”
O problema do realismo (ou da falta dele)
Um dos maiores problemas apontados pelos fãs foi a completa falta de realismo nas cenas de emergência. A cena da menina sendo levada por uma pipa virou alvo de piadas e indignação. “O kit decolando com a pipa parecia uma renderização ruim do ChatGPT. Esqueça a realidade e as leis da física”, ironizou um espectador no Google. Essa foi apenas uma das piadas sarcásticas que o episódio piloto recebeu.
Esse tipo de questão é algo especialmente grave para uma franquia que sempre se orgulhou de mostrar situações extremas, mas com algum pé na realidade. O público de 9-1-1 (a série-mãe) está acostumado com emergências espetaculares, mas que mantêm certa verossimilhança (apesar de que, depois da saída do capitão Nash as coisas não estão andando muito bem na série-mãe também). Nashville parece ter esquecido completamente esse equilíbrio.
A cena ridícula da criança voando em uma pipa e sendo “salva” por uma rede humana. Concordo com a galera que comentou no Google sobre a série, a cena parece ter sido gerada no ChatGPT de tão tosca.
Comparações inevitáveis
A sombra de 9-1-1: Lone Star paira sobre Nashville de forma quase cruel. Fãs da spin-off cancelada não perdoaram: “Tentando muito copiar 9-1-1: Lone Star. Aquela série era incrível. Gostaria que nunca tivesse sido cancelada.” Outro comentário resume o sentimento geral: “Eles podem cancelar uma série depois do primeiro episódio?”
E não é só Lone Star que serve de parâmetro. A própria série original vive um momento delicado. A 9ª temporada de 9-1-1, que começou recentemente, também está sendo criticada como “ridícula” após a saída do ator Peter Krause, que interpretava o Capitão Bobby Nash. Ele era considerado a base sólida da história, e sua ausência se faz sentir. Acreditem se quiser, a nova temporada da série-mãe vai levar a viúva de Nash para o espaço (literalmente).
Quase rolei de rir com o primeiro episódio da 9ª temporada: pessoas sendo engolidas por baleias Jubarte e os roteiristas enviando parte do elenco para o espaço sideral. Curioso que Nashville tente preencher esse vazio com um personagem praticamente calcado no mesmo molde.
E no retorno da série-mãe em sua 9ª temporada: Bilionário sendo engolido por Baleia Jubarte e nossa maravilhosa Atena indo literalmente para o espaço ao lado de Hen… Todo mundo surtou nessa série? Ryan Murphy cadê você meu filho?
Os poucos pontos positivos
Justiça seja feita: nem tudo foi massacrado pela crítica. Jessica Capshaw recebeu elogios por sua interpretação de uma mãe realista de meia-idade. LeAnn Rimes também foi destacada positivamente por alguns espectadores, que gostaram de vê-la como mãe e musicista. Um dos comentários mais positivos elogiou: “Adorei como eles colocaram a Kim (Kimberly Williams-Paisley do filme ‘O Pai da Noiva’) no telefone 911 e a L. Rimes como mãe e musicista.“
Chris O’Donnell dividiu opiniões. Enquanto alguns acharam que ele “ficou ainda melhor como um ator mais velho, muito maduro”, outros foram categóricos: “Chris O’Donnell não está levando a série adiante. A série está parecendo uma novela ruim”. Para mim, ele não tá levando a série a sério (ficou estranho). Não vejo o mesmo entusiasmo dele de como quando atuava em NCIS: Los Angeles.
O veredicto dos fãs: cafona e mal executada
As palavras mais repetidas nos comentários foram “cafona”, “horrível” e “ridículo”. Um espectador resumiu meu pensamento sobre a série com perfeição: “É a versão Temu da original.” Outro sugeriu, com sarcasmo: “Deveriam divulgar isso como uma comédia. Muitas ideias absurdas e coincidências.”
A sensação geral é de desperdício. Desperdício de talento (tanto de O’Donnell quanto de Capshaw e Rimes), desperdício de uma franquia que já provou seu valor, desperdício de uma oportunidade de criar algo realmente interessante em Nashville.
E agora?
Se no primeiro episódio Nashville já desagradou tanto o público, o que esperar do resto da temporada? Alguns espectadores demonstraram disposição para dar uma segunda chance: “Assistirei outro episódio só para dar o benefício da dúvida.” Mas a maioria foi taxativa: “Provavelmente não assistirei novamente.”
A verdade é que Nashville vai precisar melhorar (e muito) para continuar no ar. Nenhuma spin-off que já assisti na vida conseguiu bater uma série-mãe até agora, e pelo que vi nesse piloto, essa não será a primeira. O episódio foi simplesmente ridículo, e isso é especialmente frustrante considerando o potencial desperdiçado.
Não consigo acreditar que Ryan Murphy, criador de sucessos como Glee e a franquia Monstros da Netflix, esteja concordando com tanto absurdo em torno da sua queridinha 9-1-1. Algo decepcionante para mim, que é fã do trabalho de Murphy, ver uma trama que tinha tido para ter várias spin-offs de sucesso, está se acabando lentamente por conta deles terem girado toda história principal em torno do Bobby Nash e agora que ele se foi, até a série-mãe está perdida.
Como fã da franquia, só posso torcer para que os próximos episódios tragam melhorias significativas no roteiro, nas atuações e, principalmente, no realismo das cenas. Caso contrário, Nashville pode se tornar a spin-off mais curta da história de 9-1-1 (e não por falta de avisos).
Minha nota (até agora): 5.5/10
A série 9-1-1: Nashville, que é da gigante ABC, ainda não tem uma plataforma de streaming confirmada para o Brasil, mas a série principal 9-1-1 está disponível no Disney+ e no Prime Video.

Carioca com alma paulista. Jornalista Digital, Assessora de Imprensa, Escritora, Blogueira e Nerd. Viciada em séries de TV, chocolate, coxinha & Pepsi. Segue no Insta: @poltronatv.ofc