Considerando que o século XXI tem sido marcado pelo aumento dos casos de estresse, ansiedade e depressão – fatores que, quando ignorados, podem desencadear patologias ainda mais graves – estreia no dia 3 de outubro às 19h no Teatro Dulcina, na Cinelândia, o espetáculo inédito “Limítrofe”. Escrita por Oscar Calixto, que também entra em cena ao lado de Malu Falangola e Raphael Najan, a montagem com direção de Daniel Dias da Silva e Anderson Cunha apresenta e explora o universo das patologias psíquicas, abordando questões da psicologia contemporânea e debruçando-se sobre o universo do fenômeno dos humores instáveis, que seguem em curso imprevisível no seio da sociedade.
Na trama, três personagens que não se conhecem se encontram no telhado de um prédio de 20 andares. Cláudia, uma mulher que parece chegada de um ensaio de dança; Paschoal, um ator de televisão que chega ao espaço de maneira abrupta; e Marcos, um escritor que irrompe a porta de entrada do local e se depara com os outros dois. A troca entre os três desencadeia uma série de reflexões de ordens psicossociais, troca de farpas, análises, diagnósticos precipitados e discussões filosófico-existenciais cheias de humor e ironia.
“O desejo de levar esse tema ao teatro nasce da pura observação de uma sociedade que vem transformando absurdos em coisas normais. Sociedade que vem adoecendo e impulsionando os índices dos casos de suicídio no mundo inteiro. A peça também discute outros temas importantes, como o que está acontecendo com o mercado de trabalho, sobre como estamos normalizando as ações dos feeds das redes sociais e de como elas passam a agir no inconsciente coletivo”, antecipa o autor e ator Oscar Calixto, cuja dramaturgia foi construída com a ajuda de psicólogos, psicanalistas e psiquiatras, tendo como referências linhas de pensamentos de Sigmund Freud, Carl Jung, Jacques Lacan e Zygmunt Bauman.

Limítrofe – Foto: Josi Areia
De acordo com o International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é um dos países mais afetados por problemas de saúde mental, sendo líder no ranking mundial de pessoas ansiosas, com altos índices de estresse entre trabalhadores e uma significativa incidência do Transtorno de Personalidade Limítrofe ou Borderline. Nesse contexto, a peça surge como uma proposta artística e social para promover a conscientização sobre os transtornos mentais e suas variações de gravidade. Por meio de humor, drama, poesia e sensibilidade, a montagem convida o público a refletir sobre julgamentos apressados, rótulos e a maneira como lidamos com o sofrimento alheio.
“Mas fazemos isso de modo muito simples: nós apenas contamos uma história. E acreditamos que o ato de colocar o tema em cena já seja um modo de ajudar o público a pensar sobre o assunto. A peça critica o que precisa ser revisto por todos nós e reflete sobre o quão importante é respeitar a dor do outro. O tema central da nossa montagem foi abordado na série ‘Desperate Housewives’, que utilizava justamente o ‘dramédia’ para discutir o suicídio já no episódio de abertura da série”, pondera Oscar sobre o recurso que permite que o drama e a comédia andem juntos, muitas vezes na mesma cena.
A dramaturgia de “Limítrofe” aborda o tema de maneira leve e extremamente alinhada com a causa, proporcionando ao público rir, se divertir e se emocionar com uma história onde o imprevisível é o carro-chefe. Para a temporada de estreia, estão sendo convidados profissionais da saúde (psicólogos, psicanalistas e psiquiatras) para promover um debate com o público uma vez por semana. Os dias serão anunciados previamente no Instagram @espetaculolimitrofe. Para o autor da peça, um dos grandes problemas contemporâneos é estarmos absorvendo, normalizando e incluindo o modus operandi das redes sociais em nossas vidas. Oscar Calixto acredita que seja necessária a criação de “pequenos espaços de contemplação da vida”.
“Num mundo cheio de telas e de milhares de informações por dia, é importante saber dosar com equilíbrio o uso da tecnologia, filtrar um pouco as informações e abrir esses espaços de contemplação. Nós estamos praticando a mesma violência que se pratica nos comentários agressivos, depreciativos, críticos, manipuladores ou tendenciosos que são destilados nas caixinhas de comentários das redes sociais. Estamos ‘normalizando’ tudo isso porque estamos nos tornando, como diria o educador e psicólogo francês Pierre Weil, seres ‘normóticos’”, elabora Oscar.
“Normose” é um termo cunhado por Pierre, Jean-Yves Leloup e Roberto Crema para descrever um conjunto de hábitos, crenças e atitudes consideradas “normais” pela sociedade, mas que, na realidade, são prejudiciais, patogênicas ou causam sofrimento, levando à infelicidade e perda de sentido na vida. E frear isso parece impossível, frisa Oscar, já que habilitamos uma estrutura que consumimos diariamente e que nos bombardeia com essa avalanche coletiva com a qual nos acostumamos.
“Contudo, é possível trazer consciência sobre a gerência disso e sobre a importância do autocuidado. A saída não é única, mas múltipla. Filosoficamente, resgatar o tempo da contemplação e do encontro genuíno. Psicologicamente, cultivar sentido, presença e vínculos empáticos. Psiquiatricamente, alinhar recursos clínicos com práticas de autocuidado e políticas públicas de suporte. Em síntese, não se trata de ‘escapar da realidade acelerada’ mas de instaurar pequenas zonas de resistência, de silêncio, de escuta e de cuidado mútuo que nos permitam viver como sujeitos e não como engrenagens de uma máquina apressada”, encerra Oscar.
SERVIÇO
“Limítrofe”
- Temporada: 03 a 26 de outubro de 2025
- Horário: Quintas, sextas-feiras e sábados, às 19h; domingos, às 18h
- Ingressos: R$ 30 (meia-entrada) / R$ 60 (inteira)
- Link do Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/limitrofe/3095103?share_id=copiarlink
Local: Teatro Dulcina
Endereço: Rua Alcindo Guanabara, 17 – Cinelândia – Centro – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2240-4879
Classificação Indicativa: 14 anos
Duração: 75 minutos
Instagram: @espetaculolimitrofe
FICHA TÉCNICA
- Texto Original: Oscar Calixto
- Direção: Daniel Dias da Silva e Anderson Cunha
- Elenco: Malu Falangola, Raphael Najan e Oscar Calixto
- Realização: Baco Produções Artísticas e Babik Produções
- Co-Produção: B&C Produções Artísticas
- Produção Executiva: Raphael Najan, Barbara Reis, Oscar Calixto e Nadya Nina
- Produção: Giovanna Garcia
- Assistência de Produção: Nina Marcondes
- Iluminador: Anderson Ratto
- Trilha Sonora: Felipe Tauil
- Direção de Movimento e Coreografias: Sueli Guerra
- Figurinos: Luana de Sá
- Assistência de Figurino: Maria Eduarda Figueiredo
- Cenografia: Alexandre Porcel
- Maquiagem e Caracterização: Rodrigo Fuentes
- Imagens Aéreas: Rafael Arias
- Designer Gráfico: Adriana Marinho
- Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
- Mídias Sociais: VB Digital
- RP: Evandro Rius
