O núcleo de Tarituba da Escola de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro (Epierj), em Paraty, vai celebrar um momento especial: a inauguração do Ponto de Cultura Casa Caiçara, espaço dedicado à preservação e transmissão dos saberes tradicionais da comunidade. A abertura oficial será marcada pela apresentação da Ciranda Caiçara, roda de cultura popular e gratuita e promovida pela Escola de Patrimônio. Será na sexta-feira, 31 de outubro, às 19h, na Biblioteca Comunitária Ciranda (Av. dos Bulhões, 135, em Tarituba, Paraty).
A partir de agora, todas as atividades coletivas e abertas ao público do núcleo de Tarituba da Escola de Patrimônio ocuparão o novo espaço. E os cursos continuam sendo ministrados nas escolas públicas. Mais do que um encontro festivo, a ação representa a continuidade de uma herança ancestral.
“Entendemos a importância de manter a cultura viva, pois foi a herança que nossos ancestrais nos deixaram. Então tem algo de continuidade, é nosso modo de existir no mundo. Ela está para nós como o ar que respiramos e é responsável por nos manter de pé, firmes, na luta pelos nossos direitos, pelo nosso território, pelo respeito às práticas tradicionais do nosso povo caiçara”, afirma Aline Braida, coordenadora do núcleo e uma das responsáveis pelo novo espaço.
Ainda este ano, também acontecerá o Festival de Cultura Caiçara, nos dias 12 e 13 de dezembro, que celebra a tradição desse grupo étnico-cultural, com atividades como apresentações culturais, exposição de artesanato e culinária típica.
Ciranda Caiçara: uma manifestação ancestral
A Ciranda Caiçara que vai fazer o Ponto de Cultura Casa Caiçara ser reinaugurado com o pé direito é uma manifestação popular tradicional das comunidades litorâneas de Paraty e da Costa Verde fluminense, herdeira direta das culturas indígenas, africanas e portuguesas que formaram o modo de vida caiçara. Mais do que uma dança, a ciranda é uma roda de encontro e celebração comunitária, marcada pelo canto coletivo, o toque dos instrumentos de percussão — especialmente o pandeiro, a caixa e a viola — e o compasso suave que evoca o balanço do mar.
Homens, mulheres e crianças dançam de mãos dadas em círculo, em passos compassados, muitas vezes em praias, quintais e festas de devoção. Transmitida oralmente entre gerações, a Ciranda Caiçara reúne música, dança, poesia e ancestralidade, preservando saberes ligados à pesca, à fé e à convivência. É também uma forma de resistência cultural, mantida viva pelos mestres e mestras de Paraty, como o Mestre Pardinho, referência fundamental da tradição local.
O Ponto de Cultura Casa Caiçara nasce como um espaço de uso coletivo e de fortalecimento das manifestações locais, reunindo gerações em torno da música, da dança e do fazer artesanal. O local abrigará a Biblioteca Comunitária Ciranda, integrante da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias, que realiza atividades de mediação de leitura, oficinas de arte, pintura e artesanato.
Casa Caiçara: oficinas de música e artesanato e aberta a parcerias
Além de ser a nova sede dos ensaios do grupo Ciranda Caiçara, que oferecerá oficinas semanais de pandeiro, viola e cavaquinho para seus integrantes, o espaço também acolherá os encontros do coletivo Cardumi, formado por artesãs caiçaras que promovem uma economia solidária e sustentável. Ainda haverá aulas de dança e pilates de parede com a professora Lígia Matos e aulas de yoga com a professora Silvana Pimentel.
O patrocínio da Escola de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro (Epierj) é da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Graças a esse aporte financeiro, a Escola de Patrimônio realiza mensalmente eventos e oficinas gratuitos de patrimônio imaterial, economia criativa e meio ambiente, em cinco cidades.
SERVIÇO:
Inauguração do Ponto de Cultura Casa Caiçara – Roda de Ciranda Caiçara
QUANDO: Sexta-feira, 31 de outubro, às 19h
ONDE: Biblioteca Comunitária Ciranda (Av. dos Bulhões, 135, Tarituba, Paraty, RJ)
Entrada gratuita. Classificação livre
ESCOLA DE PATRIMÔNIO IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Memória viva em movimento. Criada em 2022, a Escola de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio de Janeiro (Epierj) atua na salvaguarda e valorização de manifestações culturais que atravessam gerações em comunidades do estado. Entre jongo, ciranda, folia de reis, boi pintadinho, capoeira e outras expressões populares, a Escola dá visibilidade e sustentabilidade aos mestres e mestras da cultura tradicional, promovendo o encontro entre memória, presente e futuro. Com núcleos ativos em Madureira (jongo e samba), Paraty (danças e saberes da pesca), Guapimirim (tambores e medicinas da mata), Magé (jongo, capoeira e calango) e Quissamã (culinária quilombola e boi pintadinho), a Epierj é uma iniciativa do Instituto Floresta, com patrocínio da Petrobras e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, em parceria com a Companhia de Aruanda.