
Antes de mais nada, preciso me desculpar por não ter publicado nada na sexta-feira. Minha vida virou de cabeça para baixo nos últimos dias, problemas pessoais e profissionais que me deixaram sem condições de sentar e escrever. Ninguém está livre dessas coisas, né? Mas respira, volta e continua. E voltei justamente porque não consegui ficar quieta depois de ver o tsunami de críticas negativas que caiu em cima de Tudo É Justo (All’s Fair), a nova série do Disney+ criada por Ryan Murphy (Glee, American Horror Story e Monster).
Confesso que, a princípio, eu nem tinha interesse em assistir. Primeiro porque tem Kim Kardashian como protagonista (e eu particularmente acho aquelas irmãs ridículas – sei que tem gente que vai querer me m*t*ar por isso – mas não consigo entender essa obsessão por elas). Segundo porque é escrita por Ryan Murphy, e por mais que as pessoas tentem colocá-lo lá em cima sempre ligando seu nome a American Horror Story (que eu particularmente também odiei), ele nunca conseguirá fugir daquela breguice que foi Glee e das duas tentativas estranhamente estranhas de Monster na Netflix, acertando só na terceira.
Mesmo assim, tem gente achando que a terceira temporada de Monster (na minha opinião: a melhor) vai deixar muitos com pesadelos. Sim, tem horas na trama que ele pesa demais nas cenas. Mas qual é? É True Crime. Quer ver coisinha doce? Vá assistir novela mexicana ou K-drama!
Só que aí veio a bomba: a série estreou com 0% de aprovação no Rotten Tomatoes. ZERO PORCENTO! Isso é tão raro que eu fiquei mais curiosa para assistir. Hoje ela atingiu notáveis 6% de aprovação (continuo rindo por dentro).

Print tirado logo após a estreia da série
O que dizem os críticos profissionais
A crítica internacional não teve piedade. Ben Dowell, do jornal britânico The Times, nem deu uma estrela (de cinco possíveis) para a produção. O título da análise dele já entrega tudo: “Esta provavelmente é a pior série da história“. Ele escreveu que Tudo É Justo falha até mesmo em ser ruim de forma divertida, e que o resultado é justamente o oposto do que pretende ser: um espetáculo vulgar que celebra a mesma ganância e superficialidade que pretende criticar.
Ed Power, do The Telegraph, foi um pouquinho mais generoso e deu uma estrela. Mas a frase dele resume bem o sentimento geral: “É um crime contra a televisão“. Segundo Power, Ryan Murphy conseguiu a proeza de fazer com que talentos indicados ao Oscar, como Naomi Watts e Glenn Close, parecessem dignas, no máximo, de disputar um papel recorrente em uma peça teatral de quinta categoria. Os diálogos, de acordo com ele, são tão ruins que só podem ser horríveis de propósito.
Lucy Mangan, do The Guardian, foi ainda mais franca: “Não sabia que era possível fazer algo tão terrível assim na TV“. Para ela, Tudo É Justo é fascinantemente, incompreensivelmente e existencialmente terrível. Tão ruim que não chega nem perto de ser boa. Nem de longe.
Angie Han, da revista The Hollywood Reporter, destacou que a série fracassa completamente na tentativa de criar falas memoráveis, e que as personagens são tão rasas, as tramas tão frágeis e as motivações tão mal desenvolvidas que não há emoção reconhecível por trás de nada disso. A atuação de Kim Kardashian foi descrita como “rígida e sem emoção“, incapaz de transmitir qualquer autenticidade. Mas, segundo Angie, é exatamente isso que o roteiro merece.
Mas espera… tem Niecy Nash-Betts e Glenn Close!
Agora chegou a parte que me deixou nervosa. Vocês estão certos? É 0% mesmo uma série que tem Niecy Nash-Betts no elenco? Gente, basta ela abrir um sorriso que eu já caio na gargalhada. Acho ela o máximo na comédia. E tem nada mais, nada menos que Glenn Close! GLENN CLOSE! Ela fez Atração Fatal! Foi indicada ao Oscar oito vezes! Foi a Cruella! Como que uma série com Glenn Close pode ter 0% de aprovação?
Eu fiquei tão abismada com os críticos profissionais que pensei: preciso assistir isso. Como eu tenho um gosto meio peculiar (tudo que todo mundo gosta, eu odeio e vice-versa), não posso dar minha real opinião antes de ver com meus próprios olhos. Gente, abstraia a Kardashian! Finge que ela não está na tela. Prestem atenção só na Niecy Nash-Betts, na Glenn Close, na Sarah Paulson. Como isso pode ser tão ruim assim?
A premissa tinha tudo para dar certo
Tudo É Justo acompanha um grupo de advogadas de divórcio em Los Angeles que rompe com um escritório dominado por homens para abrir sua própria firma. A ideia é interessante: seguir os passos de mulheres advogadas que lidam com casos de divórcios milionários, sempre defendendo esposas contra os respectivos maridos ricos. Casos complexos, tramas de poder, vingança, dinheiro. Tinha tudo para ser um drama jurídico afiado e glamouroso.
Mas segundo a crítica, o que deveria ser um drama empoderador acabou se tornando rígido, sem vida e quase doloroso de assistir. O roteiro foi classificado como superficial e sem alma, e o tom exagerado aliado às atuações inconsistentes fez com que a série fosse recebida como um exemplo de “luxo vazio” (belo na superfície, mas no fundo sem substância).
ALERTA DE SPOILERS A PARTIR DAQUI
Kim Kardashian no centro da polêmica
Kim Kardashian interpreta Allura Grant, a advogada mais bem-sucedida de Los Angeles e dona de um escritório de advocacia exclusivamente feminino. Embora já tivesse feito aparições elogiadas em American Horror Story: Delicate, sua performance em Tudo É Justo foi amplamente criticada por falta de naturalidade e presença dramática.
A expectativa era de que o envolvimento de Ryan Murphy traria um tom mais sofisticado, mas acabou frustrada. O resultado, segundo o The Guardian, é uma série que “não sabe se quer ser um drama jurídico, uma sátira sobre poder feminino ou apenas um desfile de figurinos“.
Ainda não assisti, mas…
Olha, não consigo opinar completamente ainda. Não consigo pensar direito sobre o que está se passando pela cabeça brega e “chuchulenta” do Ryan Murphy, porque dele eu espero de tudo, até que acabe com a carreira da Glenn Close!
Mas uma coisa eu sei: agora mais que nunca fiquei curiosa para assistir a série inteira. Não por achar que vai ser boa, mas porque preciso entender como um projeto com esse elenco e esse orçamento conseguiu desagradar tanta gente. É quase uma experiência antropológica ver até onde uma produção de alto padrão pode dar errado.
Talvez a série seja realmente terrível. Talvez seja apenas incompreendida. Talvez Ryan Murphy tenha finalmente ultrapassado todos os limites da breguice e do exagero. Só assistindo para saber. E podem ter certeza: quando eu terminar, volto aqui para contar se concordo com os críticos ou se meu gosto peculiar vai me fazer defender o indefensável.
Por enquanto, só posso dizer uma coisa: com Niecy Nash-Betts e Glenn Close no elenco, essa série não deveria ter 0% de aprovação. Como deixaram isso acontecer? Mesmo que Kim Kardashian esteja lá. Mesmo que Ryan Murphy tenha tido um surto criativo. Tem algo de errado nessa história toda. E quero chegar ao fundo dessa trama bizarra…
Tudo É Justo estreou no Disney+ com os três primeiros episódios. São dez no total, e novos episódios serão liberados toda terça-feira até 23 de dezembro

Carioca com alma paulista. Jornalista Digital, Assessora de Imprensa, Escritora, Blogueira e Nerd. Viciada em séries de TV, chocolate, coxinha & Pepsi. Segue no Insta: @poltronatv.ofc

