Léo Mattos de Xangô é gestor, pesquisador e ativista de 29 anos, ele converte a ancestralidade em programas tangíveis, do mapeamento de terreiros ao monitoramento de políticas raciais, para promover reparação, participação e direitos no Rio de Janeiro.
Iniciado na Umbanda e em Ifá, formado em Geografia pela UFRJ e especialista em políticas urbanas, diz que “alia a fé e técnica para responder às urgências dos povos tradicionais de matriz africana”. Sua trajetória pessoal, marcada também pela vivência como homem gay, orienta uma atuação que prioriza escuta ativa, acolhimento e a busca por representação efetiva nos espaços de poder.
Como gestor, coordenou iniciativas que ganharam escala e instrumentos de governança: o Programa Casas Ancestrais, com mais de 1.250 terreiros cadastrados, a Rede de Cidades Antirracistas e o Índice INDEPIR, concebido para medir a efetividade das políticas públicas de igualdade racial. Para ele, o sucesso dessas ações depende da transversalidade e de parcerias entre cartórios, secretarias, universidades e sociedade civil, bem como da transformação do reconhecimento religioso em reconhecimento de povos tradicionais, conforme os decretos presidenciais que ampliam o campo de atuação do Estado.
Institucionalização, orçamento e participação como alicerces da continuidade
Os principais entraves que enfrenta são administrativos, orçamentários e políticos: a ausência de normativas claras e de previsibilidade orçamentária torna iniciativas episódicas e vulneráveis a interesses partidários. Léo defende que a saída está na institucionalização, leis, planos, conselhos e fundos permanentes e na coordenação interfederativa que garanta implementação contínua e fiscalizável. Transparência, monitoramento e participação comunitária costumam ser pilares presentes em seus projetos, do Círculo do Valongo às comissões de povos tradicionais, sempre alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Na sua avaliação, as prioridades imediatas são claras: incluir povos tradicionais, favelas e periferias no orçamento público; estruturar órgãos executivos e conselhos que assegurem participação social; e articular políticas intersetoriais que atendam saúde, educação, regularização fundiária, segurança alimentar e cultura. Léo propõe, assim, transformar a ancestralidade em política pública duradoura, com governança integrada, orçamento digno e gestão participativa, para garantir memória preservada, direitos reparados e dignidade às próximas gerações.

Graça Duarte, 57 anos, Brasileira, Jornalista, Escritora, Psicanalista e Parapsicóloga. 32 anos de atuação nas áreas de comunicação, empreendedorismo e bem-estar. Abordagem integrativa e humanizada.