Cometa interestelar 3I/Atlas passa perto da Terra nesta sexta e derruba tese alienígena

Nasa descarta risco em passagem a 270 milhões de km; cientistas explicam anomalia visual da cauda e detectam água e oxigênio no visitante cósmico

por Redação
NASA/Goddard/SwRI/JHU-APL

O cometa 3I/Atlas, terceiro objeto interestelar já identificado pela ciência, atinge sua aproximação máxima da Terra nesta sexta-feira (19). O corpo celeste passará a cerca de 270 milhões de quilômetros do planeta, uma distância considerada segura e que enterra os boatos de que o objeto seria uma nave alienígena em rota de colisão.

Descoberto em 1º de julho de 2025, o 3I/Atlas segue uma trajetória hiperbólica que o levará para fora do Sistema Solar permanentemente. Segundo a Nasa (agência espacial americana), não há qualquer risco de impacto, já que a passagem ocorre a uma distância quase duas vezes superior à que separa a Terra do Sol.

O fenômeno coincide com o pico da chuva de meteoros Ursídeas, previsto para este fim de semana, o que deve movimentar a observação astronômica nos próximos dias.

Cometa interestelar 3I/Atlas passa perto da Terra nesta sexta e derruba tese alienígena

“Cauda reversa” alimentou rumores

A passagem do 3I/Atlas ganhou repercussão após especulações na internet sugerirem que o objeto seria uma tecnologia extraterrestre. O boato surgiu devido a uma anomalia visual: o cometa apresentou uma liberação de gases e poeira na direção do Sol, formando uma espécie de “cauda reversa” ou “topete”, contrariando o padrão usual em que a cauda aponta para o lado oposto à estrela.

O consenso científico, no entanto, descarta a teoria. Amit Kshatriya, representante da Nasa, classificou as alegações como rumores infundados. “Esse objeto é um cometa. Ele tem a aparência e o comportamento de um cometa”, afirmou em nota.

Observações indicam que a “cauda reversa” é resultado de processos naturais de sublimação (transformação de gelo em gás) na face do cometa voltada para o Sol, somados a questões de perspectiva visual da Terra.

Dados inéditos e mudança de cor

3I/ATLAS

3I/ATLAS (Foto: Nasa/Hubble)

A visita do 3I/Atlas oferece uma oportunidade rara para o estudo da formação de outros sistemas planetários. A espaçonave Europa Clipper capturou dados em ultravioleta que revelaram a presença de oxigênio e hidrogênio no objeto. Já o Telescópio Espacial James Webb detectou dióxido de carbono e gelo de água.

Outro detalhe que chamou a atenção dos astrônomos foi a mudança de coloração do objeto. Observações do Telescópio Gemini North, no Havaí, mostraram que o cometa mudou de uma tonalidade avermelhada para esverdeada à medida que se afastava do Sol, indicando a liberação de carbono diatômico.

As estimativas sobre o tamanho do núcleo também foram refinadas. Inicialmente calculado entre 300 metros e 5,6 km, modelos recentes apontam para um diâmetro entre 600 e 800 metros.

“O 3I/Atlas é apenas o terceiro visitante interestelar confirmado, após o ‘Oumuamua (2017) e o Borisov (2019). Como ele vem de outro local, há possibilidade de entendermos a formação de sistemas planetários numa escala maior”, explica o astrônomo Jorge Marcio Carvano, do Observatório Nacional.

O objeto viaja a uma velocidade estimada em 221 mil km/h.

3I/ATLAS

3I/ATLAS (Foto: Nasa/Hubble)

Serviço

Chuva de meteoros encerra calendário astronômico

Além da passagem do cometa, o céu terá o pico da chuva de meteoros Ursídeas na noite de domingo (21) para segunda-feira (22).

  • O que é: Chuva de detritos deixados pelo Cometa 8P/Tuttle.

  • Visibilidade: Cerca de 10 meteoros por hora no auge.

  • Condições: Favoráveis. A Lua estará em fase crescente fina, garantindo céu escuro e pouca interferência luminosa.

  • Como ver: O fenômeno é visível a olho nu, com radiante próximo à constelação da Ursa Menor (mais visível no Hemisfério Norte, mas observável em parte do Brasil dependendo da latitude).

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