A cidade de São Paulo atingiu, neste domingo (28), a temperatura de 37,2°C, a maior marca registrada para o mês de dezembro desde o início da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1943. A medição, realizada na estação do Mirante de Santana, supera o recorde anterior de 36,2°C estabelecido apenas dois dias antes. O fenômeno climático ocorre em paralelo à queda acentuada nos níveis de armazenamento de água na Região Metropolitana.
O Sistema Integrado Metropolitano, responsável pelo abastecimento de 21 milhões de pessoas, opera atualmente com 26,42% de sua capacidade. De acordo com dados da Sabesp, a onda de calor iniciada em 21 de dezembro provocou um aumento de 60% no consumo em diversas localidades, forçando a companhia a elevar a produção de 66 mil para 72 mil litros por segundo. O incremento na demanda acontece mesmo com o deslocamento sazonal de parte da população para o litoral e interior durante as festas de fim de ano.
Pressão sobre os sistemas Cantareira e Alto Tietê
Os dois principais mananciais do estado apresentam situação crítica, com volumes próximos a 20%. O Sistema Cantareira, que atende 46% da população metropolitana, opera com vazão de 33 m³/s, mas sofre quedas diárias no estoque após um breve período de recuperação no início do mês.
A gestão estadual mantém a estratégia de redução de pressão na rede entre 19h e 5h. A medida visa preservar os estoques remanescentes e mitigar perdas físicas por vazamentos. Caso a ausência de precipitações significativas persista, a ampliação do racionamento preventivo não é descartada pelo governo paulista.
Perspectivas meteorológicas e risco de desabastecimento
O Inmet mantém o alerta vermelho de perigo para o Sudeste e partes do Centro-Oeste e Sul até esta segunda-feira (29). Embora a massa de ar quente tenda a perder força nos próximos dias, as projeções para janeiro de 2025 indicam chuvas abaixo da média histórica, o que impõe dificuldades adicionais à recomposição dos reservatórios.
A combinação de temperaturas extremas e déficit hídrico coloca o setor de saneamento em estágio de monitoramento intensivo, com foco na manutenção da continuidade do serviço essencial em meio à maior crise térmica das últimas oito décadas na capital.
Raio-X da Crise
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Temperatura máxima: 37,2°C (Recorde histórico para dezembro)
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Capacidade total do sistema: 26,42%
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Aumento no consumo: 60% em regiões críticas
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Produção atual: 72 mil litros/segundo
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Sistemas críticos: Cantareira e Alto Tietê (aprox. 20%)
