As drag-queens cantoras Sara e Nina gravaram o LP “Minha Mulheres Tristes – Uma Ode Furiosa ao Samba-canção”, que será lançado também nas plataformas digitais, dia 01/12. Trata-se uma releitura de clássicos que foram sucessos nacionais na voz das grandes divas da música entre as décadas de 40 e 70, como Dalva de Oliveira, Maysa, Dolores Duran, Linda e Dircinha Batista, e por aí vai. No disco, Gabriel Sanches e Alessandro Brandão, os atores-cantores por trás de Sara e Nina, reverenciam esse primoroso repertório “de cortar os pulsos”, totalmente rearranjado pelo diretor e produtor musical Pedro Barbosa. Desta fonte interminável, elas selecionaram o material para o drama-show que lotou o Bar Semente, na Lapa, nos idos de 2016, e que agora remontam marcando o lançamento do LP, formato usado por aquelas grandes vozes. A estreia será nos dias 06 e 07, no Teatro Domingos de Oliveira, na Gávea.
No show elas apresentarão os 12 samba-canções do LP, outrora compostos ou cantados por mulheres que tiveram a coragem de dar voz às traições sofridas, lutas empreendidas, vontades e desejos. Num tempo em que o machismo encontrava menos resistência, esses sucessos representavam o revolucionário rompimento da mulher com o papel doméstico. Músicas como “Fracassamos”, eterna em Dalva de Oliveira, chega aqui com ecos do soul de “Back to Black” de Amy Winehouse misturado ao “Lago dos Cisnes”, e “Vingança”, dramática obra-prima de Lupicínio Rodrigues, é apresentada num clima à la The Strokes. “Segredo”, traz uma mistura do arranjo original com pitadas de “I Never Can Say Good Bye” e “Can’t Take My Eyes Off You”, hits de Gloria Gaynor. “Risque”, por sua vez, ganhou guitarras roqueiras e pitadas de “Stop In The Name Of Love”, célebre sucesso de Diana Ross nos tempos das Supremes. Já “A Grande Verdade”, foi repaginada pelo produtor com influências de Baby Consuelo e Os Novos Baianos na cabeça.
“A força do feminino está em cada palavra dessas letras, a potência que elas tinham e continuam a ter. E a sociedade patriarcal cisheteronormativa tem medo dessa força tão densa e imensa. Por isso é importante exaltar essas mulheres que tiveram coragem pra falar tudo o que elas falavam. Trazer essa nova roupagem para essas letras e músicas tão conhecidas cria novas fricções na sociedade, ainda mais que a potência de duas drags queens cantando traz o contexto de vivências LGBTQIA+ para as músicas”, comenta Alessandro Brandão, a Nina.
Ex-casal, que também passou pelas sofrências que essas músicas já traziam há quase 100 anos atrás (quando o samba-canção, notadamente a música de “fossa”, foi o gênero que inaugurou e consolidou essa vertente musical, tão linda quanto sofrida, no Brasil), Sara e Nina ressignificam esse repertório de tristes belezas musicais aproximando-as da realidade da comunidade LGBTQIAP+, na qual as pessoas “muitas vezes, também sofrem com as dores da rejeição e do desamparo por parte de suas próprias famílias, as chamadas tradicionais. E então se reinventam criando outros laços, fundados no amor”, finaliza Gabriel, a Sara. Tudo isso, é claro, com uma estética tragicômico-fabulosa que só mesmo duas drags poderiam entregar.
O show, com abertura especial de Maria Navalha
No show, “Minhas Mulheres Tristes”, Sara e Nina apresentam o sofisticado repertório do álbum ao incorporar suas vivências pessoais e artísticas na roupagem musical e dramática do repertório. Acompanhadas por um sexteto (guitarra, baixo, teclados, sopros, percussão e bateria), o cenário e os figurinos trazem uma estética avermelhada pela paixão das letras das canções, com a reinvenção do glamour característico da época.
As apresentações da dupla também contam com a abertura especial de Maria Navalha, entidade da Umbanda que carrega a energia dos povos de rua, de Exu, abrindo caminhos, honrando o passado e criando a possibilidade de presente próspero. Maria Navalha é luta, é força, é abertura de caminho e, principalmente, muito amor. Maria Navalha será interpretada pelo dançarino afro Cleiton Sobreira, também parceiro nessa jornada.
“Minhas Mulheres Tristes – uma ode furiosa ao samba-canção” é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e EVO por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS. Uma realização CAJÁ Arquitetura Cultural e Hazuq.
Sara e Nina
Sara e Nina são duas cantoras e atrizes que fazem arte como veículo de transformação. Sara é bacharel em letras pela UFRJ e formada em teatro pela Casa das Artes de Laranjeiras, Nina é bacharel em artes cênicas pela UNB e formada em balé clássico e canto erudito. Construíram juntas um histórico de atuação artística/musical engajado e em diálogo com questões de gênero e sexualidade. Apresentam-se em shows de música como dupla desde 2014, o primeiro álbum “Céu de Framboesa” foi lançado em 2021 e o proximo lançamento “Minhas Mulheres Tristes – Uma Ode Furiosa ao Samba Canção” tem lançamento programado para novembro de 2023.
Receberam Moção de Louvor e Congratulações, concedida pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por ampliarem a voz de engajamento em causas de igualdade de gênero e direitos sociais para a população LGBT+. Foram palestrantes da versão regional do TED em Belo Horizonte para falarem sobre “Ser humano”. O trabalho da dupla cria reflexão social e conscientização da liberdade como potência humana. Elas primam por empatia para erradicar as intolerâncias.
Ficha técnica do show:
Sara – Voz
Nina – Voz
Produção:
Carla Yared – Direção de produção
Attos Raphael – Produtor
Banda:
- Arthur Martau – Bateria e Direção Musical
- Ian Moreira – Percussão
- Gabriel Quinto – Guitarra
- Antonio fischer-band – Teclado
- Paulo Emmery – Baixo
- Joana Saraiva – Sopros
- Part. especial de Cleiton Sobreira (Abertura Maria Navalha)
Serviço:
Sara e Nina fazem o lançamento do álbum “Minhas Mulheres Tristes – Uma ode furiosa ao Samba Canção”
Local: Teatro Municipal Domingos Oliveira
Rua Vice-Governador Rúbens Berardo, 100 – Gávea, Rio de Janeiro – RJ, 22451-070
Data/Hora: 6 e 7 de dez de 2023, às 20:00
Preço: R$40 inteira / R$20 meia-entrada
Classificação: 14 anos
Bilheteria: https://riocultura.