É um momento quente para a cena teatral carioca. Com salas de espetáculos lotadas, a cidade recebe mais um estímulo para o setor: no mês de agosto, o Teatro Candido Mendes inaugura projeto que promete ser o berço de novas criações artísticas. Encabeçado pelo produtor cultural Thales Huebra, o “Projeto Em Cena” surge para amparar artistas que tenham o desejo de exibir trabalhos recém-nascidos ao público, como forma de dar o pontapé inicial em suas produções. A programação prevê que um novo espetáculo seja apresentado a cada terça-feira, por tempo indeterminado. Como evento de inauguração, a abertura do projeto vai exibir uma mostra de cenas no dia 06 de agosto, às 20h.
Thales Huebra é ator e produtor cultural. Ao perceber os desafios enfrentados na produção de suas próprias peças, sentiu-se motivado a agir: “em uma conversa com o Marcus Montenegro (empresário de atores), falamos muito sobre a necessidade de o artista ser 360° atualmente. A fase de esperar pelo convite de trabalho, mesmo para os bons profissionais, já passou. O mercado hoje necessita de movimentos proativos para se manter”, comenta. Foi então que acendeu a ideia de criar o Projeto em Cena, com o objetivo de promover espaço para que isso aconteça. Para que artistas novos ou não, consigam tirar seu projeto do papel e apresentá-lo em um bom teatro ao menos uma vez.
Ao estender a mão para trabalhos que ainda não foram incentivados ou patrocinados, Thales acredita que pode contribuir para que a viabilidade destes projetos seja analisada e até mesmo, para que estes artistas possam produzir material para uma captação futura, visando uma temporada. “Gostaria que esse projeto fosse visto como uma espécie de fomento ao teatro, de fomento à novos artistas e propostas” afirma o produtor, que também trabalha como articulador especialista da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.
Os espetáculos inscritos serão organizados de acordo com uma curadoria temática para cada mês do Projeto em Cena. A equipe contará com o olhar de atores, produtores e um diretor para fazer esta seleção, analisando qualidade artística mínima, viabilidade de colocar o projeto em cena e principalmente certificando a capacidade de continuação do trabalho de forma independente. “Ao final de cada mês, a ideia é selecionar e convidar o melhor espetáculo para que possamos produzir uma temporada de estreia na cidade do Rio de Janeiro”, revela Thales Huebra.
A abertura acontecerá no dia 06 de agosto, no Teatro Candido Mendes, com a exibição de uma mostra de cenas supervisionadas pelo diretor Isaac Bernat. Os artistas convidados foram escolhidos pela capacidade de desenvolverem seus trabalhos visando um espetáculo futuro.
ABERTURA DO “PROJETO EM CENA” – Sinopse da Mostra:
“Sombra” – Maiara Carvalho: É uma performance autobiográfica que nasce do processo de ser, me tornar mulher com atravessamentos racistas, limitantes e subjetivos. Toda a performance vai acontecer em círculo que é composto por espelhos que ficam virados para o público. A atuação tem signos e significados que atravessam a infância e a vida adulta.
“SISIFO – Repetição e acréscimo” – Roger Cardoso: André encontra Thiago e sua namorada na pista de dança, toma drinques e reflete consigo mesmo sobre a vida e o amor.
“Todo dia ela faz tudo sempre igual” – Mariana Matos: Kelly aconselha Carolina enquanto se arruma para mais uma rotina de trabalho e compartilha percepções de sua trajetória.
“Feliz Aniversário” – Danielo Calixto: Esquete livremente inspirada no conto de Clarice Lispector, conta a história de Dona Anita, a matriarca da família que é abandonada na cabeceira da mesa no próprio aniversário e reflete sobre envelhecer e relações familiares.
“Silêncio Rompido” – Thales Huebra: As condições de um homem mostram que o acaso dita as consequências e que o ser humano, por ela é formado.
“Constante movimento” – Hélio Amaral: Um texto escrito através das vivências e experiências de Hélio Amaral, o mesmo traz como dramaturgia e correlaciona uma filosofia de sempre estar em movimento e servindo, assim como o mar, mesmo que nem sempre seja reconhecido!
“Associação livre” – Maísa Schorn: Uma mulher sob efeito de cocaína reflete sobre sua vida, falando de suas dores e frustrações.
“Ouvi Dizer” – Mila Moura: Uma obra fluida que se movimenta de acordo com a necessidade de seu tempo. “Ouvi Dizer”, é a voz do coração ou um poema agridoce dedicado aos que se sonham. A favela, a migração nordestina. As crianças que moram em nossa alma. Ao Complexo da Maré!
“Família é tudo!” – Tania Melo: A relação entre a família e a matriarca de 83 anos é contada através de situações cotidianas da vida, nos levando a refeltir sobre o que é saudável, genuíno ou puro interesse.
“Meu anjo Jô, Zé e Nildo” – Josenildo Araujo: Texto de Ana Lúcia Bentes baseado na obra de Arthaud e adaptado para a vida do ator Josenildo Araújo com críticas políticas e dificuldades vividas pelo povo nordestino no sudeste. A cena aborda a opressão vivida pelos escravos, o candomblé, e indícios de um surto por parte do personagem.
Os próximos espetáculos, escolhidos para o mês de agosto, serão: “Máscar(ar)” de Martin Vallio, um monólogo que reflete sobre masculinidades, com apresentação prevista para dia 13; e “Ri melhor a última que morre”, uma dramédia de Isabella Igreja que fala sobre manter a esperança na vida, com sessões nos dias 20 e 27 de agosto.
Classificação: 16 anos
Duração: 70 minutos
SERVIÇO:
Local: Teatro Candido Mendes – Rua Joana Angélica, 63, Ipanema
Data: 06/08/2024
Hora: 20h
Ingressos: R$25 (meia), R$50 (inteira) pelo Sympla.
FICHA TÉCNICA:
*Resultado de um trabalho de cenas desenvolvido na CAL (Casa de Arte de Laranjeiras), pela turma BT43A, no 5º período de Bacharelado em Teatro.
Supervisão de Direção: Prof. Isaac Bernat
Supervisão de Direção de Movimento: Profa. Marina Salomon
Supervisão de Preparação Vocal: Profa. Renata Frisina
Elenco: Maiara Carvalho, Roger Cardoso, Danielo Calixto, Thales Huebra, Hélio Amaral, Maísa Shorn, Mariana Matos, Mila Moura, Tania Melo e Josenildo Araújo.
Assessoria de Imprensa: Mar Comunicação
Produção: Alma Produções Culturais
