Espetáculo de dança explora o lúdico e reconhece o protagonismo de corpos fora do padrão 

"Elementos disponíveis para outras composições", de Paulo Emílio Azevedo, ganha os palcos de seis unidades do Sesc RJ em novembro 

por Redação
Espetáculo de dança explora o lúdico e reconhece o protagonismo de corpos fora do padrão

Transformar o palco em uma enorme caixa de brinquedos, explorando o lúdico e trazendo para os holofotes os corpos dos intérpretes, cada um na sua singularidade; e o grupo, por sua vez, em toda a sua diversidade corporal. Uma ruptura com padrões de beleza, a evidência de outras belezas, pura desobediência. Essa é a proposta do espetáculo de dança “Elementos disponíveis para outras composições”, do coreógrafo e dramaturgo Paulo Emílio Azevedo, que será encenado pela Cia. Gente em seis unidades do Sesc RJ no mês de novembro. Além das apresentações, haverá workshops e bate-papos, com o objetivo de promover a troca de experiências e o aprendizado.  

Vencedor do Prêmio Funarte Acessibilidança 2020, “Elementos disponíveis para outras composições” chega aos palcos por meio do Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar. A obra dialoga com a presença de um corpo-ruína, elevado à condição de protagonista, em vez de estar inserido em uma dimensão inclusiva. Dessa forma, o que, sob a ótica do preconceito, seria considerado um problema, torna-se, em “Elementos”, um elemento estético.  

Paulo Emílio Azevedo recorre à base da sua metodologia, tendo em vista o corpo do intérprete como matéria principal da composição, sem cultivar a premissa de que a técnica precede o sujeito. Portanto, não vemos mais um corpo que deva alcançar uma dança, mas sim uma dança que se abriga em cada corpo.  

“Elementos disponíveis para outras composições” leva em consideração a investigação cênica de três obras anteriores de Paulo Emílio Azevedo: “Pseudópodos”, “Procedimento II urbano” e “Gudubik”. Em cena, oito intérpretes se revezam, explorando o palco como uma enorme caixa de brinquedos e dando novo significado à função ordinária desses objetos — como fazem, em geral, as crianças arteiras. Brincar, portanto, torna-se um ato político, no momento em que se propõe a desconstrução de imagens e imaginários, interpretada por essa gente, tão bela, que decidiu teimar em dançar a vida.  

Além das apresentações de dança, as seis unidades do Sesc RJ terão um workshop gratuito no mesmo dia do espetáculo, das 10h ao meio-dia. A oficina “O melhor de cada um”, ministrada por Paulo Emílio Azevedo, dura 90 minutos e é voltada para qualquer pessoa que queira (re)conhecer suas potências. A proposta segue a metodologia desenvolvida pelo coreógrafo, na qual o sujeito é o centro do processo e os conteúdos performáticos são oriundos da biografia corporal de cada participante, em convergência com sua cultura lúdica. Não há pré-requisito para a participação e as inscrições devem ser feitas diretamente na unidade do Sesc RJ. 

SERVIÇO 

Dia 9 de novembro, às 19h30:   
Teatro do Sesc Teresópolis (Av. Delfim Moreira 749, Várzea) 

Dia 16 de novembro, às 19h:
Teatro do Sesc Nova Iguaçu (Rua Dom Adriano Hipólito 10, Moquetá) 

Dia 21 de novembro, às 19h:
Teatro do Sesc Barra Mansa (Av. Tenente José Eduardo 560, Ano Bom) 

Dia 22 de novembro, às 19h:
Espaço Multiuso do Sesc Ramos (Rua Teixeira Franco 38) 

Dia 23 de novembro, às 19h:
Teatro do Sesc São Gonçalo (Av. Presidente Kennedy 755, Estrela do Norte) 

Dia 29 de novembro, às 19h:
Teatro do Sesc São João de Meriti (Av. Automóvel Clube 66, Centro) 

FICHA TÉCNICA 

“Elementos disponíveis para outras composições”, com a Cia. Gente 

 
  •  Criação e direção: Paulo Emílio Azevedo
  • Assistente de direção: Paula Lopes
  • Intérpretes-criadores: Barbara Santos, Bruno Santos, Everton Viana, Julia Rios, Mauricio de Muros, Patrick Nunes, Rebeca Gois e Tácio Fidelis
  • Direção técnica e iluminação: Filipe Itagiba
  • Produção: Flávia Menezes
  • Coordenação geral: Zuza Zapata 

O autor

Paulo Emílio Azevedo é professor. Tem doutorado em Ciências Sociais, com especialização em antropologia do corpo e cartografia da palavra, além de pós-doutorado em Políticas Sociais. Natural de Macaé, vive em Niterói, para onde se mudou aos 18 anos. Parte de sua infância e parte da adolescência foram dedicadas ao esporte, com destaque para o futebol, a natação e o atletismo. Em 1997, ele sofreu um acidente grave de carro, que o imobilizou por dois anos, impossibilitando-o de seguir a carreira de atleta. Por outro lado, a experiência em uma cadeira de rodas lhe deu uma percepção de vida que serviu como base para a criação de metodologias no ensino da dança, além de um novo olhar para as múltiplas deficiências. 

Criador no campo das artes cênicas, dramaturgo, escritor e consultor na área de Educação e Cultura, Paulo Emílio tem 21 livros publicados e sua metodologia de trabalho, denominada “4D” — Desequilíbrio, Desobediência, Desconstrução e Deformação — é replicada em mais de 30 países. 

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