A peça “Maria: anatomia não é destino”, escrita pela atriz e psicanalista Glauce Valéria, de 51 anos, é um poderoso manifesto cênico que revela as cicatrizes emocionais deixadas pela violência psicológica contra a mulher. Inspirada em histórias reais, a montagem reflete sobre a dor ancestral, que atravessa gerações e atinge mulheres de todas as idades, e visa chamar atenção para as consequências silenciosas dessa forma de agressão, mencionada no artigo 147-B do Código Penal. “Maria: Anatomia não é destino” terá apresentação única e gratuita no Teatro Gonzaguinha (Centro do RJ) no dia 19 de novembro, às 19h30.
Com uma abordagem íntima e provocativa, o espetáculo traz à tona a violência psicológica sofrida por mulheres grávidas, mães, adolescentes e mulheres de meia-idade. A peça não apenas denuncia as agressões, mas também propõe uma reflexão sobre a importância do reconhecimento desses abusos e da busca por ajuda. Glauce Valéria enfatiza que a violência emocional deixa marcas profundas na alma, confundindo a identidade da mulher e afetando sua autodeterminação.
Como surgiu a iniciativa? Segundo Glauce, a ideia de escrever “Maria: Anatomia não é destino” nasceu de sua experiência como psicanalista, em que observou os devastadores efeitos de narrativas de ódio e ameaças na vida das mulheres. “Essas feridas emocionais têm raízes profundas. A peça é um grito por reconhecimento, força e autonomia. Quero que as mulheres percebam o seu poder e saibam que podem transformar sua realidade”, afirma.
Por que esse tema é tão importante para você? Glauce compartilha que cresceu em uma família disfuncional, marcada por histórias dolorosas, o que a fez amadurecer e ampliar sua percepção da importância da saúde mental. “Eu vivi na pele as consequências de conviver com mulheres mentalmente adoecidas. Foi um processo de aprendizado profundo e, hoje, entendo o quão essencial é para uma mulher cuidar de sua saúde mental para tomar as rédeas do próprio destino”, relata.
Sobre Glauce Valéria: Nascida em São João de Meriti, Glauce teve seu primeiro contato com o teatro ainda na adolescência, em apresentações em praças públicas e eventos locais. Com o tempo, especializou-se em psicanálise e saúde mental, e mais tarde, retornou ao teatro, unindo suas duas paixões. Participou de projetos como o “Hotel da Loucura”, que oferecia oficinas teatrais a pacientes psiquiátricos, e atualmente desenvolve seu trabalho integrando a psicanálise com o Teatro do Oprimido.
Convite ao público: “Convido todas as mulheres a assistirem ‘Maria: Anatomia não é destino’ e embarcarem na jornada de Maria, que questiona e enfrenta, com sua própria loucura, as narrativas de opressão que tantas mulheres ainda vivem. É um momento de reflexão, de reconhecimento e, acima de tudo, de força.”
O projeto Seis Marias, contemplado pelo edital Viva o Talento, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, é um chamado urgente para que mais mulheres reconheçam a importância de sua saúde emocional e se empoderem diante dos desafios que enfrentam.
SERVIÇO Peça “Maria: anatomia não é destino”
Única apresentação no Teatro Gonzaguinha – Centro do RJ
Dia: 19/11 (Véspera de feriado)
Terça-feira
Horário: 19h30
Ingressos disponíveis no site do teatro ou na bilheteria.
Acessibilidade: Autodescrição e tradução em Libras
Classificação: 16 anos
FICHA TÉCNICA
Atuação, texto e direção: Glauce Valéria
Iluminação e som: Ricardo S. Rodrigues
Produção e fotografias: Ricardo Sabbatini
Vídeos: Davi Dias
Mídias Sociais e produção gráfica: Pedro Rezende
Voz do Terapeuta: Gustavo Padrão
Provocação cênica: Bruno Pêgo
Intérprete de Libras: Thamires Alves
Espetáculo “Luiz Gama: Uma voz pela liberdade” no Centro Cultural Justiça Federal
“Luiz Gama: Uma voz pela liberdade” é baseado na vida e obra de Luiz Gama, ex-escravizado, jornalista, poeta, advogado, abolicionista, que libertou nos tribunais mais de 700 pessoas do cativeiro ilegal e foi nomeado Patrono da Abolição da Escravidão e Herói da Pátria. A interpretação dos atores combina tons dramáticos com humor e sátira, provocando a reflexão sobre a exclusão social, em especial sobre o racismo estrutural e se constitui um importante instrumento de luta antirracista, lembrando-nos de que ela permanece urgente e necessária. Em 2025 o espetáculo fará uma década em cartaz.
SERVIÇO
LOCAL : CCJF – Centro Cultural Justiça Federal
ENDEREÇO : Av. Rio Branco, 241 Cinelândia – Centro (RJ)
DATAS : 15, 16 e 17 de novembro (Sexta, Sábado e Domingo)
HORÁRIO : 16H
DURAÇÃO : 60 minutos
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA : 12 anos
INGRESSO : na bilheteria do teatro e pelo SYMPLA
FICHA TÉCNICA
DRAMATURGIA : Deo Garcez
ELENCO : Deo Garcez e Soraia Arnoni
DIREÇÃO: Ricardo Torres
CENÁRIO E FIGURINO : Ricardo Torres
ILUMINAÇÃO : Valdeci Correia
TRILHA SONORA : Deo Garcez, Ricardo Torres
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO : Deo Garcez
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO : Soraia Arnoni
PRODUÇÃO EXECUTIVA : Márcia Andrade
REALIZAÇÃO : Olhos d’Água Produções Artísticas
Samuel de Assis sobe ao palco do Teatro Rival, na Cinelândia
Ao propor uma releitura da história brasileira, o monólogo ” E Vocês, Quem São? “, com direção e atuação de Samuel de Assis e dramaturgia de Jonathan Raymundo, discute a responsabilidade pela realidade brutal e violenta vivida pelas
pessoas pretas.
Definida pelo próprio Samuel de Assis como um texto forte, reflexivo e agressivo, para reverberar na cabeça de todos, a peça nasceu de um desabafo. “Eu pedi um texto ao Jonathan e ele me mandou a primeira versão em três horas. Acho que tudo
já estava na cabeça dele e ele derramou o texto na tela. Então, peguei o texto proseado dele e fiz um trabalho de dramaturgismo para criar uma história. Como eu não sabia se isso ia dar certo, fiquei receoso de chamar alguém para dirigir, por isso todo o processo de ensaio fiz em frente ao espelho”, conta.
O solo parte de alguns questionamentos recorrentes e debates bem atuais sobre raça, gênero, classe e outros temas fundamentais, como “O que é lugar de fala?”,
“Quem detém o direito de construir a narrativa verdadeira sobre a realidade?” e
“Qual é o valor da vida?”.
“É um relato do que precisamos, infelizmente, mais do que nunca, falar. É um desabafo de dor, desespero, de basta e de liberdade. É um questionamento para aqueles que nunca foram questionados: os brancos! Nós, negros, ainda precisamos
gritar pra eles: E vocês, quem são? O que merecem? Eu espero que a peça faça com que eles comecem a se perguntar!”, revela Assis.
O público acompanha o relato que traz um apanhado histórico do Brasil, contando a verdadeira versão de um país racista e inquisidor. E o texto ainda é acompanhado por uma reflexão sobre Machado de Assis, um dos maiores autores negros
brasileiros, que foi “embranquecido” pela história oficial. “Costumo dizer que esse espetáculo mudou minha vida, porque ele me ensinou muita coisa. Sou um homem preto que foi criado no mundo branco. Eu me reconheci, me aceitei e passei a reconhecer o mundo com um olhar de um homem preto já na vida adulta. Só aí comecei a entender de verdade o mundo real e comecei a lutar. E eu acredito que sou um homem melhor e mais forte depois desse espetáculo, que é feito pra todo mundo – pra quem é branco, preto, amarelo, quem está vivo”, reflete o ator e diretor.
A direção de arte do espetáculo é assinada por Marcio Macena, que criou uma cenografia minimalista composta apenas por um coração humano. “O Marcio é meu parceiro desde que comecei a fazer teatro. Quando eu disse que queria botar tudo o
que estava guardado no meu peito para fora nesta peça, ele logo disse que a cenografia deveria refletir isso. Ela simboliza o fato de que eu estou colocando o meu coração nas mãos de todas as pessoas que estão ali assistindo a peça”, comenta Assis.
Já os figurinos foram criados pela marca de roupas Meninos Rei, de Junior Rocha e Céu Rocha, que marcam sua estreia no teatro. A confecção baiana, que estreou na São Paulo Fashion Week em 2021, foi escolhida por representar a ancestralidade e a autenticidade da população preta. E a trilha sonora, tocada ao vivo pelos músicos Cauê Silva e Leandro Vieira, reúne
músicas de cantores e compositores pretos famosos, incluindo uma canção original do rapper Coruja BC1 e outra de Larissa Luz, que ainda assina a direção musical ao lado do coletivo Os Capoeira. “Fico muito feliz ao ver que a trilha sonora da peça caminha junto com o texto e fala por si só. Acho que ver essas duas forças poderosas se complementando e falando
juntas é muito bonito de se ver”, acrescenta Samuel de Assis.
Ficha Técnica
Atuação e Direção Geral: Samuel de Assis
Texto: Jonathan Raymundo
Direção Musical: Larissa Luz e Os Capoeira (Felipe Roseno, Mestre Dalua, Cauê
Silva e Leandro Vieira)
Direção Coreográfica: Tainara Cerqueira
Direção de Arte: Márcio Macena
Figurino: Meninos Rei por Junior Rocha e Céu Rocha
Arte do Cenário: Carol Carreiro
Iluminação: César Pivetti
Músicos: Rogério Roggi, Ito Alves, Cauê Silva, Leandro Vieira, Marcinho Black
Op. Som: Silney Marcondes
Op. Luz: Ari Nagô, Ian Bessa
Camareira: Jacque Vilar
Designer Gráfico: Pietro Leal
Direção de Produção: Morena Carvalho
Assessoria de Imprensa: Manu Souza
Co-Produção: Estapafúrdia Produções
Realização: Samukaju Produções
Serviço
E Vocês, Quem São? de Jonathan Raymundo, com Samuel de Assis
Duração: 75 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
NÃO É PERMITIDA A ENTRADA APÓS INÍCIO DO ESPETÁCULO
Antes da Aula no Teatro Glauce Rocha
Espetáculo solo com Aline Oliveira tem nova temporada no Teatro Glauce Rocha, de 6 a 28 de novembro, quartas e quintas, às 19 horas. “Antes da aula” trata da delicada relação entre uma professora e seus alunos, e é inspirada nas próprias vivências da atriz, que leciona em escolas da rede pública municipal, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Uma professora pede aos seus alunos inquietos para escreverem cartas contando sobre suas vidas. Este é o ponto de partida de “Antes da Aula”. Propostas como um exercício de aproximação, as cartas foram, de fato, escritas por alunos de uma escola municipal em que Aline deu aula, nas imediações da Mangueira. Os textos que narram experiências e o cotidiano dos jovens, somados a materiais autobiográficos da atriz/professora, deram origem à dramaturgia de Felipe Barenco.
A peça é uma autoficção com atuação solo de Aline Oliveira, que interpreta mais 20 personagens, entre Marília, a professora de artes que encara “a turma mais difícil do colégio”, os alunos com quem ela vive um ano inesquecível, e outras figuras da comunidade escolar. O espetáculo, contemplado pelo Programa FUNARTE ABERTA 2024, volta à cena para uma curta temporada no Teatro Glauce Rocha, de 6 a 28 de novembro, às quartas e quintas, às 19 horas, depois de circular por equipamentos públicos da cidade.
“Antes da aula” retrata os desafios que se apresentam no contexto escolar, onde se agudizam os conflitos, as mazelas sociais e a beleza das conexões humanas em meio a toda sorte de dificuldades. A peça traz à tona questões como a saúde mental dos professores, a relação da escola com os saberes e vivências dos educandos, além da potência dos alunos como produtores de cultura e protagonistas no fruir artístico.
Temas que atravessam o cotidiano da educação pública brasileira
O texto começou a ser desenvolvido em 2020, durante a pandemia, quando Aline trabalhava numa escola nos arredores da Mangueira e encontrava muitas dificuldades para se comunicar com uma turma. “A proposta desse trabalho é trazer um pouco da realidade da escola e das questões sociais que se evidenciam na sala de aula. Eu tinha muita necessidade de mostrar, por meio do teatro, a intensidade e a profusão de experiências, histórias de vida, as belezas e tragédias humanas que passavam por mim diariamente. Acredito muito no potencial dos jovens, na sua inventividade, criatividade, na pulsão de vida dos corpos inquietos. Queria muito trazer isso para a cena”, conta Aline.
Um ponto destacado por Aline é a questão da saúde mental dos professores. Ela própria, muitas vezes, se viu abalada pelo que vive no cotidiano do ensino. “O corpo se organiza, se desorganiza e se reorganiza o tempo todo”, diz.
A Síndrome de Burnout afeta uma parte considerável dos profissionais de educação da rede pública. Com uma das maiores redes de escolas do país, o Rio de Janeiro é um dos municípios com mais casos de afastamento de professores por conta de problemas de saúde advindos do ambiente de trabalho. Pelo fato de a síndrome não exigir uma notificação obrigatória, o Ministério da Saúde não contabiliza com precisão o número de trabalhadores brasileiros diagnosticados com a doença.
No capítulo 3 do livro Síndrome de Burnout em professores da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, Lais Soares Coutinho e Vanessa Carine Gil de Alcantara apontam uma série de fatores que afetam a saúde do profissional de educação. O corpo docente atuante na rede pública de ensino se depara com uma série de fatores que dificultam e, em alguns casos, chegam a impossibilitar as atividades nas salas de aula. A sobrecarga mental e emocional é fato.
Duração: 50 minutos
Classificação: 12 anos
Ficha Técnica
Realização: Aline Oliveira
Ideia original, atuação e colaboração na dramaturgia: Aline Oliveira
Direção: Julio Adrião e Florência Santángelo
Dramaturgia: Felipe Barenco
Direção de Arte: Flávio Souza
Desenho de Som: Miguel Bandeira
Iluminação: Juju Moreira
Foto: Aralume Fotografia
Assessoria de Imprensa: LPS Comunicação – Leonardo Pessanha e Janaína Toscan
Direção de Produção: Fernando Alax | Casa136 Produções Artísticas
Produção: Júlio Adrião Produções Artísticas/ Casa136 Produções Artísticas / TF Produções
Serviço
Temporada: Até 28 de novembro de 2024 – quartas e quintas às 19 horas
Endereço: Avenida Rio Branco, 179, Centro, Rio de Janeiro – RJ
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
Vendas: https://www.sympla.com.br/antesdaaula ou na bilheteria do teatro
A bilheteria abre de quarta a domingo às 13h e as compras só poderão ser feitas a partir desse horário.