O homem cordial

Texto de Roberto Athayde que discute questões éticas e humanitárias ganha nova montagem no Rio de Janeiro. Dirigida por Marcia Beatriz Bello, a encenação é estrelada por Gil Hernández e Charles Asevedo e terá, em dezembro, sessões no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF)

por Redação
O homem cordial

É véspera de Natal. Enquanto muitas famílias confraternizam, um episódio particular levará ao encontro de dois personagens antagônicos. Ele, um deputado que coleciona malfeitos. O outro, um padre transferido após envolver-se com questões agrárias. O encontro entre eles suscita um debate que trará à tona temas como ética, empatia e princípios morais e religiosos. Tais reflexões permeiam O homem cordial, texto de Roberto Athayde, grande nome do nosso teatro, que ganha nova encenação pelas mãos da diretora Marcia Beatriz Bello. A montagem é estrelada por Charles Asevedo e Gil Hernández, o Rafa da novela “Volta por cima”, da TV Globo). A estreia é no dia 12 de dezembro, no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro, com apenas oito apresentações, encerrando-se a poucos dias do Natal. Após as sessões haverá debates com autoridades ligadas aos temas tratados na peça. O convidado da noite de estreia é o deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

O texto foi escrito por Roberto em 1990 e motivado pela máxima de que o brasileiro é cordial, defendida pelo historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda (1902-1982) no livro “Raízes do Brasil” (1936). Encenada em 1997, com direção do próprio autor, a peça quebra um hiato de 27 anos longe dos palcos cariocas e chega num momento de polarizações políticas e ideológicas e quando as redes sociais tornaram-se “tribunais” de promoções e cancelamentos. “O brasileiro é um homem cordial? Desta vez não serão os sociólogos que responderão, mas o público carioca, talvez o maior especialista em cordialidade”, celebra o dramaturgo, ele próprio carioca que tem seus 75 anos celebrados pela montagem.

O espetáculo marca também o reencontro de Marcia Beatriz Bello com o texto. Ela o dirigiu em 2003, na Argentina, confirmando a vocação de as obras de Roberto de ganharem o mundo. As apresentações aconteceram na capital argentina, Buenos Aires, e em Córdoba, segunda cidade mais populosa daquele país.

A ideia de remontar o texto acompanha a diretora há muito. E começou a ganhar força em 2019. No fim daquele mesmo  ano, às vésperas do Natal, chegou a ser apresentada como um happening no apartamento de Roberto no Rio, tendo Gil e Charles no elenco. A pandemia adiou os planos, sem esmorecê-los, numa prova de que o brasileiro é obstinado. Ainda bem.

Sobre o autor:

Roberto Athayde é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros da atualidade. Dentre suas muitas colaborações para o teatro está o clássico “Apareceu a Margarida” (1973), de sua autoria. No Brasil, foi  estrelado por Marília Pêra (1943-2015) sob a direção de Aderbal Freire Filho (1941-2023). A atriz voltaria a revisitar a peça nos anos de 1978 e de 1994. O texto teve também montagens na França, Argentina e nos EUA, entre outros países.

Roberto também assinou a tradução da primeira montagem brasileira de “O mistério de Irma Vap”, de Charles Ludlam, grande sucesso nas carreiras de Marco Nanini e de Ney Latorraca e levada aos palcos, em 1986, sob a direção de Marília Pêra. A encenação chegou a figurar no Livro dos Recordes como a mais longeva temporada teatral no país.

Os debates:

Às apresentações seguirão conversas com autoridades relacionadas aos temas tratados no espetáculo. O deputado Pastor Henrique Vieira, a desembargadora e escritora Andréa Pachá e o sociólogo e professor Fernando Salis são alguns dos nomes já confirmados.

Sinopse:

Na véspera do Natal, uma emergência leva um político à casa de um padre. O encontro suscita um embate envolvendo questões morais, humanitárias e religiosas num desfecho surpreendente.

Ficha técnica:

  • Texto: Roberto Athayde
  • Elenco: Gil Hernández e Charles Asevedo
  • Direção: Marcia Beatriz Bello
  • Cenário: Rostand Albuquerque e Bárbara Quadros
  • Figurinos: Kika de Medina
  • Desenho de luz: Jaque Winter e Maria Cristina Fusté
  • Assessoria de imprensa: Christovam de Chevalier
  • Produção executiva: Jaque Winter
  • Direção de produção: Marcia Beatriz Bello

Serviço:

O homem cordial

  • Curta temporada: de 12 a 22 de dezembro de 2024 (oito apresentações apenas)
  • Dias e horários: quintas e sextas, às 19h; sábados e domingos, às 18h
  • Onde: Centro Cultural da Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241, Centro do Rio de Janeiro. Tel: 3261-2550. Acessível também pelo metrô e VLT)
  • Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)
  • Venda de ingressos: na bilheteria do teatro ou pelo Sympla, através do link: https://www.sympla.com.br/evento/o-homem-cordial/2684841?referrer=mail.google.com
  • Capacidade: 141 lugares
  • Duração: 70 minutos
  • Classificação indicativa: 14 anos

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