Trabalhos de Claudia Jaguaribe, Gabriela Machado, Fernando Lindote, Lenora de Barros, Maria Baigur, Maritza Caneca, Rosana Palazyan e Thiago Rocha Pitta, entre outros artistas representados e convidados, convocam o espectador a uma
suspensão do tempo
A hiperconexão e a produtividade são imperativos do mundo contemporâneo. Em oposição, o ócio e o contemplativo são estados originais do ser. Como existir na chamada Era dos Excessos? Em resposta, Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura, no próximo dia 29 de janeiro, a programação de exposições de 2025 com Inatividade contemplativa, 5ª edição do Projeto GAS, sob a curadoria de Cecília Fortes.
Inspirada no livro “Vita contemplativa: ou sobre a inatividade”, do filósofo sul-coreano radicado na Alemanha, Byung-Chul Han, a nova exposição reverência a pausa, o respiro e a fruição do tempo livre como um momento de repouso sagrado que reúne em si intensidade vital. É um convite à suspensão do tempo, uma afirmação do elemento contemplativo.
“Em seu ensaio, Han pondera sobre a importância da inatividade para o ser humano e argumenta que onde impera apenas o esquema de estímulo e reação, problema e solução, objetivo e ação, a vida se reduz à sobrevivência. Se perdemos a capacidade para a inatividade, nos igualamos a uma máquina que deve apenas funcionar. Sem o repouso, o ser humano se esvai de vitalidade e perde o divino”, observa Cecília Fortes, curadora da exposição e gestora artística da galeria. “Para ele, o ser humano não é senão um concidadão em uma república dos seres vivos, da qual também fazem parte plantas, animais, pedras, nuvens e estrelas”.
Inatividade contemplativa bebe dessa fonte e reúne obras de artistas representados pela Anita Schwartz Galeria de Arte e alguns convidados, que se conectam com o princípio da contemplação como um momento rico de fruição. Uma seleção de pinturas, esculturas, fotografias e obras desenvolvidas em diferentes técnicas, como afresco, bordado e mídia mista, evocam outras dimensões de temporalidade e despertam novos territórios do sensível no espaço expositivo da galeria. É a arte como antídoto.
Completam o projeto duas ativações que se conectam à proposta conceitual, a serem realizadas em fevereiro e março, respectivamente: um sarau de poesia conduzido pela poeta carioca Luiza Mussnich, e uma prática de respiração consciente e de meditação sonora (sound healing), com Guga Dale e Victor Chateaubriand.
Os artistas e as obras
A contemplação da natureza é o ponto de partida das obras expostas no andar térreo da galeria. Adriana Vignoli apresenta esculturas, objeto e desenho-colagem que abordam a relação entre plantas e cosmologia, e a transmutação de materiais.
Da apreciação e registro fotográfico de diferentes rios do Brasil nasce “Confluência”, composição digital de Claudia Jaguaribe. Em sua série mais recente, Fernando Lindote parte da contemplação das cores, formas e texturas das flores para a produção de obras que misturam diferentes estilos de pintura em uma única composição.
Gabriela Machado incorpora as formas da natureza e a observação do ambiente que a rodeia em paineis de grande escala e cores vibrantes, através de movimentos gestuais fluidos, que conectam o corpo da artista ao corpo da pintura. Luiz Eduardo Rayol manifesta o sublime e reflete sobre existência e mortalidade através de “Toda a história do mundo”, pintura de contorno irregular.
Rosana Palazyan registra em bordado a memória das folhas que viu nascer, das plantas adormecidas que germinaram no jardim e foram replantadas na terra do Parque da Catacumba, durante o desenvolvimento da obra “O jardim adormecido da Catacumba”, realizada em 2024.
Thiago Rocha Pitta incorpora em afresco e aquarela elementos captados pela retina em momentos de observação minuciosa do céu, durante a noite: um eclipse, um cometa, a imagem do mapa celeste. E as composições abstratas de Tiago Mestre partem de uma constante observação do mundo e incorporam elementos como fogo, fumaça, corpos celestes e terrestres, além de refletirem sobre temas relacionados à nossa genealogia cósmica e à interconexão de todas as coisas.
No segundo andar da galeria, o convite à contemplação se dá pela poesia, pelo onírico e pela curiosidade acerca de formas e materiais. Bruna Snaiderman nos instiga a desvendar o efeito óptico de sua obra laminada. Lenora de Barros saltita nas sílabas do silêncio com a sua poesia performática. Maria Baigur capta nosso olhar pelo movimento de marés improváveis, enquanto Maritza Caneca hipnotiza nossos sentidos num registro particular de luz e cor. Nathalie Ventura suscita reflexões acerca do sentido da existência e nossa relação com o meio-ambiente, através de esculturas que entrelaçam malha de alumínio e ferro com elementos naturais. E Thiago Rocha Pitta apresenta aquarelas em pequeno formato, sugerindo reflexões acerca do ambiente natural e do universo onírico.
Projeto GAS
Gás é a matéria em estado fluido. Invisível, inodoro, de forma variável e qualidade expansiva, é um elemento etéreo, abstrato e simbólico. Por vezes, no imaginário social, é associado à ideia de recrescência, como na publicidade, e noutras, àquilo que é combustível para o movimento. Para além de suas construções simbólicas, em seu estado físico, ele pode ser multiplicado, dividido e transformado, ocupando todo espaço que preenche.
Atendo-se à materialidade das partículas que impulsionam o movimento, o Projeto GAS tem o objetivo de ser uma espécie de força motriz para a escuta e exposição de novas vozes da arte contemporânea brasileira, entre artistas já consagrados.
No início de 2020, Anita Schwartz Galeria de Arte criou o Projeto Verão, com artistas convidados, iniciativa que continuou no ano seguinte. “Para dar continuidade a esta ideia, de um trabalho gradativo de abertura para novos artistas, criamos uma chamada pública, ampliando assim nosso compromisso em possibilitar e dar visibilidade a artistas de qualidade”, conta Anita Schwartz.
Em meados de 2021, a galeria fez uma chamada pública – o Projeto GAS 2022 –, em que se inscreveram mais de 500 artistas do Brasil e do exterior. Uma comissão examinou cada um desses portfólios e selecionou 39 artistas para uma coletiva no verão de 2022, “Saravá”.
Em 2024, aconteceu a 4ª edição do projeto, que reuniu 52 obras de 32 artistas selecionados entre os 770 inscritos – do Brasil e do exterior – através de chamada pública realizada pela Galeria. A edição de 2025 resulta de uma seleção feita sob a curadoria de Cecília Fortes.
Anita Schwartz Galeria de Arte
Desde meados dos anos 80, Anita Schwartz participa ativamente na construção e consolidação da carreira de artistas com produções atemporais, apoiando no desenvolvimento profissional e na projeção e reconhecimento de suas poéticas, através de parcerias com galerias, museus e instituições culturais internacionais e da participação nas principais feiras de arte contemporânea.
Em 1998 Anita Schwartz inaugura a galeria de arte contemporânea que levará seu nome. No ano de 2008, é transferida para novo espaço com projeto assinado pelo escritório Cadas Arquitetura, tornando-se a galeria pioneira no Brasil com edifício sede especialmente planejado. Com aproximadamente 700 m² de área distribuídos em três andares, oferece salão principal de 110 m² e pé direito de 7,2 m para receber grandes mostras, instalações e projetos especiais. No segundo andar, uma sala de exposições de 60 m² e terraço com um container destinado a videoinstalações, que comporta até 20 espectadores.
SERVIÇO:
Inatividade contemplativa | Projeto GAS – 5ª edição
Curadoria: Cecília Fortes
Abertura: 29 de janeiro de 2025
Encerramento: 22 de março de 2025
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea
Rio de Janeiro | RJ
Tel: (21) 2540-6446
Website: https://www.anitaschwartz.com.br/
Instagram: @galeria_anitaschwartz
Visitação: segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 12h às 18h
Mais informações para a imprensa:
Mônica Villela Companhia de Imprensa
(21) 97339-9898 | [email protected]