“O audiovisual foi um dos maiores responsáveis pela ideia caricata que as pessoas têm sobre nós”, afirma a atriz do povo Tentehar.
Além da novela, Ywyzar será protagonista em “Tarã” (Disney+), estará em “Guerreiros do Sol” (Globoplay) e no longa “Rio de Sangue”
Indígena do povo de Tentehar, também conhecido como Guajajara, Ywyzar Tentehar tem sua vida entrelaçada à arte desde sua ancestralidade. No entanto, agora aos 21 anos, vive o maior “boom” de sua carreira. Isto porque a atriz estará no remake de “Vale Tudo” (Globo); no longa “Rio de Sangue”, ao lado de Giovanna Antonelli; na novela “Guerreiros do Sol”, com Alice Carvalho e por fim, será protagonista de “Tarã”, com Xuxa e Angélica.
Passeando entre personagens indígenas e não originários, a atriz reforça a importância da conquista desse espaço para o seu povo.
“A influência que eu trago para a minha arte é justamente tentar desmistificar a ideia caricata criada sobre a nossa cultura. Agora, mais do que nunca, estamos tendo a oportunidade de mudar isso e mostrar nossa multiplicidade. Os povos indígenas são povos de resistência e de luta, e hoje usamos nossa arte como uma forma política de expressar nossos ideais”.
Em “Vale Tudo” Ywyzar interpreta Flávia, uma animada estudante de veterinária, o que inclusive foi um dos maiores desafios para atriz, que tinha medo de cavalos. “Precisei perder o medo e assim conseguir fazer com que a relação com os bichos fosse além das câmeras.Hoje tenho me apaixonado cada vez mais pelo trabalho da minha personagem”.
Na primeira versão, Flávia foi interpretada por Renata Castro Barbosa e segundo Tentehar, a veterana a incentivou e está na torcida pelo sucesso. “Demorei um pouco para mandar mensagem, mas criei coragem e mandei. Ela foi muito fofa comigo. Compartilhou que foi muito feliz fazendo a personagem e tem certeza que eu serei também.”
Ywyzar também se prepara para diversas outras estreias. Em “Tarã”, série do Disney+ prevista para estrear em 2025 com Xuxa e Angélica, a atriz vive sua primeira protagonista. A atriz revela que quase foi vencida pela insegurança, mas abraçou o papel para honrar sua origem.
“Confesso que no começo me senti muito insegura e pensei em desistir por não me sentir merecedora ou com capacidade para assumir essa responsabilidade, mas entendi que a partir daquele momento, aquilo tinha deixado de ser sobre mim, agora é sobre a nossa identidade. Afinal, quantos indígenas você vê ocupando esse espaço de protagonismo?”
Um dos fatores facilitadores para a atriz foi justamente a relação com Xuxa.“No começo, eu não sabia como agir ,a presença dela, mas ela me acolheu de uma forma tão delicada, que a relação de mãe e filha se desenvolveu rapidamente. Ela fazia questão de trazer referência da relação dela com a filha e isso de alguma forma fazia eu me sentir abraçada e próxima.”
Em “Guerreiros do Sol”, novela da Globoplay, prevista para estrear em abril, ela vive Isalda, uma tímida jovem de 18 anos levada sem saber para um prostíbulo. “Fiquei orgulhosa de estar fazendo parte de uma produção tão incrível, cercada de um elenco muito potente.”
Já no longa “Rio de Sangue”, protagonizado por Giovanna Antonelli e ainda sem data prevista, a atriz vive Edilene, uma jovem indigena Munduruku, um povo diferente, mas que levanta uma bandeira semelhante. “Principalmente as ameaças que sofremos em nossos territórios. Abordar esses assuntos é de extrema importância, já que muitas vezes nossos gritos de socorro são silenciados”.
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