Clássico ganha versão totalmente repaginada, tendo como fio condutor a cultura africana e, claro, traz o tempero brasileiro. Com um elenco formado por atores negros, o musical infantil “Cinderela Negra, Um Sonho que Vai Começar” estreia no dia 17 de maio no Cine Teatro Barra Point Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De autoria da premiada Rô Sant’Anna, esta nova adaptação – inspirada na versão francesa do escritor Charles Perrault, publicada em 1697, e que, posteriormente, ganhou uma outra roupagem na animação da Disney – apresenta, em sua essência, a história já conhecida por todos nós, mas sob uma nova ótica. “’Cinderela’ fala de sonhos, superação, transformação, traz temas universais que atravessam gerações, mas, acima de tudo, eu quis dar uma nova vida a essa história, trazendo representatividade, ancestralidade e, principalmente, brasilidade. A minha inspiração veio da vontade de ver as nossas crianças negras se reconhecendo em contos de fadas como protagonistas que tenham os seus traços, as suas raízes. Quero que se emocionem, divirtam-se e que se empoderem”, diz Rô, que assina a direção do espetáculo e compôs as músicas. A peça ficará em cartaz aos sábados e domingos, às 16h, até o dia 29 de junho.
Cinderela vive em vila africana e tem como protetora a Orixá Obá
Em meio a novas tecnologias, figurino impecável, animações projetadas em telão e músicas cantadas ao vivo pelo elenco, o público irá se surpreender com as novidades em cena. Entre elas, a substituição da Fada Madrinha, que, aqui, será representada pela Orixá Obá. “Obá é a força ancestral feminina que eu trouxe para o centro da narrativa. Ao invés da fada tradicional, temos uma Orixá guerreira, que representa coragem, sabedoria, liderança. Ela não apenas ajuda a Cinderela, ela inspira Cinderela a se descobrir e a vencer por si mesma. É uma figura que carrega esse poder espiritual, mas também uma conexão com o feminino. E ela trabalha a dignidade feminina e, claro, a cultura afro-brasileira”, explica a autora, que ainda interpreta a madrasta Mama.
Nessa trama, Cinderela vive numa pequena vila em Angola, com a sua madrasta Mama e as filhas Kalima e Luena. Ela trabalha dia e noite, mas, apesar das dificuldades e injustiças, mantém um espírito forte e espera por dias melhores. Até que algo extraordinário acontece: ela conhece Zulu, um jovem nobre que desperta nela um grande amor. No entanto, o caminho para a felicidade terá muitos obstáculos. Mas, com a ajuda de seu amigo Bunga e a bênção especial de sua protetora, que nessa narrativa, não será a Fada Madrinha, e, sim, Obá, uma orixá, Cinderela embarca em uma jornada de superação, amor e autodescoberta. Tudo embalado por uma trilha animadíssima, passeando pelo samba, afrobeat, forró, kuduro, marimba, entre outros gêneros.
Uma comédia para toda a família
Embora seja um infantil, o espetáculo é uma comédia para toda a família. A ideia é encantar todas as crianças, independentemente da cor da pele e promover a reflexão dos pais. “Eu espero que as crianças se encantem com a magia, com as cores do espetáculo, com o audiovisual implícito, as novas tecnologias, os ritmos variados e com os personagens. Que uma boa parte dessas crianças se veja representada e que as outras crianças, que não se veem representadas etnicamente, consigam admirar outra versão de princesa, outra versão de príncipe, outra narrativa, não à que elas já conhecem. Nos pais, eu quero que a peça desperte reflexões sobre a diversidade, o pertencimento, o respeito às culturas afro-brasileiras. Quero plantar sementes de orgulho, empatia e consciência, desde cedo, através dessa forma lúdica, sensível e bonita”, conta Rô, CEO do Grupo Teatros da Barra.
Os personagens
Na pele de Cinderela, a atriz Laryssa das Nupcias acredita que a sua protagonista tem como missão encorajar as meninas da plateia e trazer à tona a conscientização de seu valor. “A Cinderela é uma personagem autêntica e corajosa, só que ela ainda não enxerga isso nela. O espetáculo retrata que não devemos permitir que ninguém nos coloquem para baixo nem nos desencoraje a ser quem somos. É importante as crianças terem esse contato e se blindarem de pessoas assim. Crianças negras vão poder se ver como crianças radiantes, as meninas se verem como princesas, fortes e com suas vontades individuais vistas como importantes. Os meninos poderão se ver como príncipes, sensíveis e com poder de escolher o seu próprio destino. E os pais poderão se questionar se incentivam os filhos a serem autênticos e se respeitam as suas escolhas”, acredita ela, que, anteriormente, atuou nas peças “Meninos & Meninas – O musical”, “Santa Disciplina” e “As Três gotas: A Tragédia”.
Já Akin Garragar frisa que o seu Príncipe Zulu é como se diz por aí: “gente como a gente”. “Apesar de ter nascido em berço de ouro, ele traz uma nobreza interior. Ele é gente boa com todo mundo. Zulu não é tão clássico como o da história original. Apesar de se passar na África, a gente pode ver um príncipe mais real, mais humanizado”, aponta ele, que participou do filme “A lista”, da Globo Filmes, e, em breve, poderá ser visto em mais dois longas-metragens, mas sem previsão de estreia. Recentemente, protagonizou a peça premiada “O tiro no coração“, com direção de Rô Sant’Anna. Na TV, fez a série “Reis” (Record, 2023) e as novelas “Quanto mais vida melhor” (Globo, 2022) e “Totalmente Demais” (Globo, 2015).
E para viver a orixá Obá, no lugar da Fada Madrinha, está a atriz Isabele Brum. “Representar a Orixá Obá é um presente dos meus antepassados. Obá é coragem, determinação, é ensinamento pra lidar com os altos e baixos da vida. É literalmente olhar pra frente, acreditando na vitória, mas enfrentando os meios do caminho com sabedoria. Além de exaltar a força da mulher, é uma personagem de empoderamento negro! ”, avalia ela, que está ansiosa pela reação do público: “Acho que vai ser maravilhoso e vai gerar muito assunto. Trazer uma representação religiosa de matriz africana para uma adaptação de uma princesa originalmente branca é uma ousadia! Ainda bem que temos Obá nessa abertura de caminhos, né? Mas também acho que vai gerar identificação, vai ensinar, trazer à tona a pauta do racismo religioso. E por que não ter uma Orixá numa história de princesa? Obá está nessa batalha com a gente! ”. Isabele também atuou na peça “O tiro no coração”.
E quem vive a Mama, a madrasta má de Cinderela, é a própria Rô Sant’Anna, que transita pelo drama e pela comédia em cena. “Ela é uma personagem deliciosa de se interpretar, porque ela tem muitas camadas, ela é complexa. Ela é engraçada, ela é dramática, ela se sente poderosa e adora bancar a ‘rainha’, mesmo sem coroa. E essa rainha que eu falo, ela não é real, porque o nosso espetáculo é atemporal, ele poderia acontecer em qualquer época, né? Mas ela se sente uma pessoa poderosa, mesmo sem ser. E ela tem um humor ácido. Ela vive como se tivesse tudo, porque acredita que tem, mesmo sem ter. E como ela mesmo diria: ‘se você quer ser chique, aja com chiqueza’. Ela se aplaude. A Mama representa aquele tipo de figura que para se sentir grande, ela precisa diminuir os outros, mas, no fundo, ela é profundamente humana”, defende Rô, que recebeu alguns prêmios em sua carreira, como o Prêmio Ubuntu 2024, na categoria Potência Literária. Em 2023, ganhou o título de Melhor Roteiro no Salão Internacional de Artes da Espanha pelo curta-metragem “Noite de estreia”, de sua autoria. Pelo mesmo filme está entre os finalistas de Melhor Curta no Salão Internacional de Artes Paris 2025. Na TV, destaque para a sua personagem Soraia da série “Boby by Beth”, exibida no canal TNT/MAX, em 2024, e por sua atuação na série “Impuros”, no ar no Canal Fox Premium e no streaming pelo grupo Disney, Star+.
No elenco do musical ainda estão os talentosos atores Marcus Saúva, como o amigo Bunga, e as atrizes Thalita Floriano e Paloma de França, como as filhas invejosas de Mama, as personagens Kalima e Luena, respectivamente. Com interpretações divertidas e de destaque, todos ainda soltam a voz durante o espetáculo.
SERVIÇO:
‘Cinderela Negra, Um Sonho que Vai Começar’
Texto e direção: Rô Sant’Anna. Elenco: Laryssa das Nupcias, Akin Garragar, Isabele Brum, Rô Sant’Anna, Marcus Saúva, Thalita Floriano e Paloma de França. Sinopse: Neste musical infantil, Cinderela vive numa vila africana, com a sua madrasta Mama e suas filhas, Kalima e Luena. Ela trabalha dia e noite, mas tem esperança de que dias melhores virão. Até que conhece o Príncipe Zulu, por quem se apaixona. No entanto, o caminho para a felicidade terá muitos obstáculos. Mas, com a ajuda de seu amigo Bunga e a bênção especial de sua protetora, que, nessa narrativa, não será a Fada Madrinha, e, sim, Obá, uma orixá, Cinderela embarca em uma jornada de superação, amor e autodescoberta. Tudo embalado por uma trilha animadíssima, passeando pelo samba, afrobeat, forró, kuduro, marimba, entre outros gêneros musicais.
- Estreia no dia 17 de maio.
- Sábados e domingos, às 16h.
- Cine Teatro Barra Point Shopping – Armando Lombardi 350, 3º piso, Barra da Tijuca.
- Classificação: Livre.
- Duração: 55 minutos.
- Temporada até o dia 29 de junho. Obs: Não haverá sessão nos dias 1º, 7 e 8 de junho.
- Ingressos: R$ 50 e R$ 25 (meia entrada).
Link de vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/105219/d/313593/s/2134737
FICHA TÉCNICA:
- Texto e direção: Rô Sant’Anna
- Preparação de ator: Carlos Neiva
- Elenco: Laryssa das Nupcias (Cinderela), Akin Garragar (Zulu), Isabele Brum (Narradora/ Obá), Marcus Saúva (Bunga), Rô Sant’Anna (Mama), Thalita Floriano (Kalima) e Paloma de França (Luena)
- Sonoplasta e operação de vídeo: Alice Moura
- Programação e design de vídeos: Rô Sant´Anna e Alice Moura
- Programação visual: Priscila Cipriano
- Concepção de luz: Rô Sant’Anna
- Operador de luz: Fábio Neves
- Consultoria religiosa: Mãe Paula
- Direção musical e Preparação vocal: Tatty Caldeiras
- Músicas: Rô Sant´Anna
- Cantora convidada: Valentina Silveira
- Arranjos, Guitarra, Violão, Piano e Cordas: Tal Castro
- Engenheiro de som e Baixo elétrico: Álvaro Fernandes
- Percussão: Wanderley Silva
- Guitarra Baiana: João Furtado
- Violão: Lobo Barillari
- Coro: Alice Moura, Carlos Neiva, Vitor Lauria e Thalita Floriano
- Coreografias e preparação corporal: Fernanda Dias
- Figurino: Luiz Holif
- Produção: Katia Porto
- Assessoria de Imprensa do espetáculo: Valéria Souza
- Assessoria de imprensa do teatro: Rodrigo Silveira
- Produção executiva: Alice Moura e Isabelle Brum
- Administração: Mary Jane Fernandes