Depois de uma temporada de sucesso, com mais de 2000 espectadores no Teatro Léa Garcia, “À vinhad’alhos” realiza circulação em quatro Arenas Cariocas no mês de maio. A peça conta a história das relações de uma família negra, suburbana, que precisa lidar com a morte da matriarca que deixou de herança uma casa que não existe.
O espetáculo retrata um tema que envolve conflitos familiares, mostrando que a violência que é exercida como um mecanismo de comunicação é, ao mesmo tempo, quebrada pela afetividade das memórias compartilhadas. O objetivo é mostrar como as estruturas de poder exercem força sobre a memória coletiva dos moradores dos subúrbios, sobretudo a população negra.
Produzido pelo Coletivo Sem Órgãos, a peça se passa durante a pandemia de COVID-19 e uma família com três irmãos sofre a perda da mãe, impedidos de fazer um funeral, eles resolvem prestar a última homenagem à mãe na casa onde eles viveram na infância e adolescência, e o que eles percebem é que existe uma herança deixada pela matriarca: A casa.
Uma casa típica da periferia, que foi sendo construída ao longo do tempo. Sem documentação, escritura ou inventário, os três irmãos com ideias diferentes precisam decidir o que vão fazer com a herança. No meio desse turbilhão de coisas, conflitos antigos se misturam à uma confusão acerca da casa, e o que se vê é um passeio por um universo vivido por uma típica família negra e suburbana.
Escrito e dirigido por Rodrigo de Todos os Santos, “À vinhad’alhos” foi concebido a partir da crise sanitária da Covid-19 e é composto de histórias que se repetem na vida de pessoas periféricas, principalmente dos integrantes do Coletivo Sem Órgãos, que são todos suburbanos.
“Em conversa com outros membros do Coletivo, pude perceber que tínhamos muito mais coisas em comum. Pegando essas semelhanças, fui estruturando o texto a partir da minha família, porque são três irmãos, minha avó morreu, e a casa não pode ser vendida porque não tem documentação. Eu ia escrevendo o texto, nos encontrávamos de forma virtual, e o processo de concepção foi um pouco esse”, explica o diretor.
Ele reforça ainda que o espetáculo tem muito o lugar da economia e de negociações de afetos entre familiares, como essas negociações estivessem introjetadas psicologicamente e nem sempre vão bem para alguma das partes, e anos depois são novamente acendidas.
“É como se tudo isso que levamos anos digerindo, falando pras pessoas, acontecesse num período de 6 horas. Entramos na casa às 11 horas da manhã para velar a mãe, que não pode ser velada, e o sepultamento dela é às 6 da tarde. Todas as questões familiares são resolvidas nesse tempo, ou não são resolvidas, mas esses assuntos são tocados nesse tempo”, analisa Rodrigo.
Acessibilidade
O espetáculo, cumprindo seu papel social de levar a cultura aos mais diversos públicos, também contará intérpretes de LIBRAS em todas as seções. Contemplado no edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura, “À vinhad’alhos” objetiva também deixar um legado sobre a cultura suburbana carioca contemporânea.
“Pretendemos, através das apresentações e da oficina prática, dar continuidade à pesquisa do grupo e investigar afetivamente a cultura nascida no subúrbio carioca, aquela que traz consigo suas questões do cotidiano, onde o público pode refletir e dividir situações semelhantes”, conclui Rodrigo de Todos os Santos.
O diretor Rodrigo de Todos os Santos finaliza reforçando que o objetivo do espetáculo é atingir os mais diversos e variados públicos, mas as pessoas suburbanas, as matriarcas suburbanas, são o foco principal da mensagem a ser passada pela peça.
“Essas avós que pegaram esse lugar do marido que tinha que sair para trabalhar e voltava tarde, e aquela mulher que na época nem se pensava em rede de apoio e dava conta de três, quatro filhos. Isso porque o marido chegava em casa e achava que porque pagava as contas, isso quando pagava, achava que já era demais. Com essas pessoas que eu quero falar, as pessoas que constroem o subúrbio no braço mesmo”, finaliza.
FICHA TÉCNICA:
- Dramaturgia e Direção: Rodrigo de Todos os Santos
- Elenco: Jeff Melo, João Mabial e Tatiane Santoro
- Supervisão Artística: Inez Viana
- Cenografia: Cachalote Mattos
- Figurino: Carla Costa
- Assistente de Figurino: Yan Calixto
- Preparação Corporal: Gabriela Luiz
- Iluminação: Bruno Henrique Caverninha
- Operação de luz: Kaylane Desidério
- Direção Musical: Rodrigo Maré
- Coordenação de Produção: Ralph Campos
- Produção Executiva: Marcos Pinheiro e Valéria Arias
- Coordenação de Comunicação: Natália Brambila
- Direção de Arte e Identidade visual: Affonso DaLua
- Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
- Consultoria em Acessibilidade: Cris Muñoz
- Intérprete de Libras: Pablo Amorim
- Assessoria em contabilidade: Avanthis Consultoria
SERVIÇO:
- Espetáculo “À vinhad’alhos” – Apresentações em Arenas e Areninhas populares
- Areninha Carioca Gilberto Gil – Av. Marechal Fontenelle 5000 – Realengo, Rio de Janeiro
- 14 de maio, às 19 horas
- Arena Carioca Fernando Torres – R. Bernardino de Andrade, 200 – Madureira, Rio de Janeiro
- 16 de maio, às 19 horas
- Areninha Carioca Hermeto Pascoal – Praça Primeiro de Maio, s/n – Bangu, Rio de Janeiro
- 21 de maio, às 19 horas
- Areninha Carioca Abelardo Barbosa “Chacrinha” – R. Sd. Elizeu Hipólito, s/n – Pedra de Guaratiba, Rio de Janeiro
- 30 de maio, 19 horas
- Entrada Gratuita