O confronto decisivo do Grupo F da Copa do Mundo de Clubes FIFA, entre o Fluminense do Brasil e o Mamelodi Sundowns da África do Sul, terminou em um empate sem gols (0-0) na quarta-feira, 25 de junho de 2025, no Hard Rock Stadium em Miami Gardens, Flórida. Este resultado foi suficiente para o Fluminense assegurar sua vaga nas oitavas de final do torneio, terminando em segundo lugar no Grupo F. Por outro lado, o Mamelodi Sundowns, que precisava de uma vitória para avançar, foi eliminado da competição.
A partida foi uma verdadeira batalha tática, refletindo as altas apostas para ambos os clubes. O placar de 0 a 0, embora possa parecer monótono à primeira vista, representa uma execução estratégica bem-sucedida para o Fluminense e uma frustração tática para o Mamelodi Sundowns. O Fluminense, necessitando apenas de um empate para seguir em frente, concentrou-se em uma defesa sólida e na capacidade de absorver a pressão adversária, especialmente no primeiro tempo. Essa abordagem defensiva foi um fator determinante para sua classificação. O técnico Renato Gaúcho havia afirmado antes da partida que tomariam “precauções defensivas” sem a bola, uma estratégia que se mostrou eficaz. Em contrapartida, a incapacidade do Sundowns de converter seu domínio inicial em gols, apesar de uma posse de bola considerável, foi o que os impediu de avançar. Isso demonstra a importância da finalização precisa e da habilidade de desmantelar defesas bem organizadas em cenários de alta pressão em torneios.
Classificação Final do Grupo F da Copa do Mundo de Clubes FIFA
Equipe | Vitórias (V) | Empates (E) | Derrotas (D) | Pontos (P) | Gols Pró (GP) | Gols Contra (GC) | Saldo de Gols (+/-) |
Borussia Dortmund | 2 | 1 | 0 | 7 | 5 | 3 | 2 |
Fluminense | 1 | 2 | 0 | 5 | 4 | 2 | 2 |
Mamelodi Sundowns | 1 | 1 | 1 | 4 | 4 | 4 | 0 |
Ulsan HD | 0 | 0 | 3 | 0 | 2 | 8 | -6 |
Primeiro Tempo: O Ímpeto Inicial do Sundowns e a Muralha Fábio
Os primeiros 45 minutos da partida foram marcados por um Mamelodi Sundowns impetuoso, impulsionado pela necessidade de vitória. A equipe sul-africana impôs um ritmo forte e exerceu pressão significativa nos 10 minutos iniciais. O Sundowns era, inclusive, o “favorito da torcida” no Hard Rock Stadium.
A equipe sul-africana demonstrou seu domínio na posse de bola, mantendo 68% dela no primeiro tempo. Durante esse período, o Sundowns conseguiu três chutes a gol. No entanto, o goleiro veterano do Fluminense, Fábio, foi decisivo para manter o placar inalterado. Ele fez uma defesa relativamente confortável em um chute de Lucas Ribeiro (embora precisasse recolher a bola no segundo toque), uma intervenção mais impressionante para negar Tashreeq Matthews, e frustrou um chute rasteiro de Divine Lunga de um ângulo apertado.
A atuação de Fábio nos primeiros minutos não foi apenas um momento de brilhantismo individual, mas um componente vital da estratégia defensiva pré-planejada do Fluminense. Suas defesas permitiram que a equipe absorvesse a pressão inicial e evitasse um gol precoce que teria forçado o Fluminense a abandonar sua abordagem focada no empate. Se Fábio não tivesse realizado essas defesas, o Sundowns provavelmente teria marcado, alterando fundamentalmente a dinâmica do jogo e obrigando o Fluminense a buscar um gol, o que ia contra seu plano de jogo. Sua performance permitiu que o Fluminense se mantivesse fiel às suas “precauções defensivas” e resistisse à tempestade inicial, impedindo uma mudança na necessidade tática. Isso ressalta o impacto desproporcional que um goleiro pode ter em uma partida de baixa pontuação e alto risco.
Apesar da intensidade inicial do Sundowns, o Fluminense gradualmente se estabeleceu no jogo e ganhou terreno. Por volta dos 30 minutos, Ignácio cabeceou para fora após um escanteio, e Jhon Arias chutou rasteiro cruzando a área. Pouco antes do intervalo, Nonato arriscou um chute que passou “raspando a trave”. A dominância inicial do Sundowns, combinada com a eventual recuperação do Fluminense, sugere uma estratégia de “espera e contra-ataque” por parte da equipe brasileira, permitindo que o adversário gastasse energia no início enquanto mantinha a integridade defensiva, para então crescer no jogo. Isso demonstra uma maturidade na forma de jogar em torneios.
Uma ausência notável para o Fluminense foi a de seu capitão de 40 anos, Thiago Silva, que ficou no banco devido a dores musculares, com Germán Cano iniciando em seu lugar. As temperaturas em Miami estavam amenas, na casa dos “29 graus Celsius”.
Segundo Tempo: Ajustes Táticos e Oportunidades Perdidas
Com o placar ainda zerado, o segundo tempo se tornou um teste de nervos e disciplina tática. O Fluminense, tendo resistido à pressão inicial, buscou capitalizar em contra-ataques, enquanto o Sundowns continuou sua busca incessante pelo gol da vitória.
O Fluminense estava “satisfeito em deixar a responsabilidade para o Sundowns e atacar no contra-ataque”, aumentando sua pressão na segunda etapa. O plano quase funcionou perfeitamente por volta da marca de uma hora, quando Germán Cano acertou a trave com um voleio após cruzamento de Jhon Arias aos 58 minutos, um “momento chave” da partida. Esse lance demonstra a capacidade do Fluminense de fazer a transição rapidamente e representar uma ameaça mesmo com menos posse de bola, uma característica de contra-ataques eficazes.
Em resposta, o Mamelodi Sundowns, sob o comando de Miguel Cardoso, criou posições perigosas, mas foi “muitas vezes frustrado pela incapacidade de seus atacantes de se manterem em posição legal”. Essa “falta de consciência posicional deixou Fábio com pouco trabalho” no segundo tempo. Os repetidos impedimentos do Sundowns indicam uma falta de coordenação ou compostura em seu terço ofensivo, uma falha crítica para uma equipe que precisava de um gol. Isso sugere que, embora o Sundowns tivesse a intenção e a posse inicial, o Fluminense exibiu disciplina tática e execução superiores quando mais importava, especialmente ao gerenciar o jogo para o resultado desejado (um empate).
A partida seguiu com as chances para ambas as equipes diminuindo, caracterizada por “disputas acirradas” e “perdas de posse de bola”, indicando uma mudança para uma batalha mais intensa no meio-campo. Essa mudança para uma batalha no meio-campo e o aumento das perdas de posse nos estágios finais geralmente ocorrem quando uma equipe está desesperada por um gol e a outra está satisfeita em defender, levando a um jogo mais fragmentado e menos fluido. Isso reflete a pressão psicológica de uma partida decisiva.
Foram realizadas substituições ao longo do segundo tempo, com Teboho Mokoena sendo substituído por Jayden Adams para o Sundowns. Keanu Cupido, também do Sundowns, foi substituído por Mosa Lebusa após sofrer uma lesão.
Estatísticas da Partida e Detalhes Essenciais
Além do placar, as estatísticas subjacentes fornecem uma imagem mais clara do fluxo da partida, revelando a intenção ofensiva do Sundowns e a maestria defensiva do Fluminense.
Principais Estatísticas da Partida (Fluminense vs. Mamelodi Sundowns)
Métrica | Mamelodi Sundowns Valor | Fluminense Valor |
Posse de Bola | 66% | 34% |
Gols Esperados (xG) | 0.68 | 0.32 |
Total de Chutes | 5 | 6 |
Chutes a Gol | 3 | 0 |
A disparidade na posse de bola e nos chutes a gol versus o total de chutes e xG revela a ineficiência do Sundowns em converter sua vantagem territorial em ameaças reais de gol, enquanto o xG mínimo do Fluminense, mas forte desempenho defensivo, sublinha seu sucesso estratégico. O Sundowns, com 66% de posse de bola e 3 chutes a gol, registrou um xG relativamente baixo de 0.68. Isso sugere que grande parte de sua retenção de bola ocorreu em áreas não ameaçadoras ou que suas tentativas foram de posições de baixa probabilidade, validando a observação anterior sobre sua dificuldade em romper a defesa disciplinada do Fluminense e os problemas com impedimentos.
Em contraste, o Fluminense não registrou chutes a gol e teve um xG extremamente baixo de 0.32, mas alcançou seu objetivo. Isso demonstra o compromisso absoluto da equipe com a solidez defensiva, priorizando a prevenção de gols em detrimento da criação de oportunidades, uma execução perfeita de sua estratégia de “empate é suficiente”. O fato de quase terem marcado com Cano acertando a trave, apesar do baixo xG, destaca a natureza oportunista de sua abordagem de contra-ataque. Essas estatísticas ilustram que, no futebol, os números brutos de posse de bola nem sempre se correlacionam com a eficácia ofensiva ou o resultado da partida, especialmente quando uma equipe está taticamente configurada para absorver a pressão e a outra luta para penetrar. É um testemunho da organização defensiva e da gestão de jogo do Fluminense.
A partida foi arbitrada pelo experiente árbitro da Premier League inglesa, Anthony Taylor, conhecido por sua atuação em grandes palcos globais. Comentários de torcedores no Reddit notaram um aumento no uso de cartões por parte do árbitro no segundo tempo. O jogo no Hard Rock Stadium contou com a presença de 14.312 torcedores.
Pós-Jogo: Alívio e Orgulho
O apito final trouxe emoções contrastantes para as equipes: alívio e satisfação para o Fluminense, e uma mistura de decepção e orgulho para o Mamelodi Sundowns, cuja impressionante campanha no torneio chegou ao fim.
O técnico do Fluminense, Renato Gaúcho, parabenizou seu elenco e a torcida, afirmando: “Conseguimos o que viemos buscar, a classificação na primeira fase. Sabíamos que teríamos muita dificuldade, mas às vezes é melhor sofrer e classificar, do que querer jogar bem e perder”. Ele havia expressado cautela previamente, classificando o jogo como “difícil, muito perigoso”, e enfatizando “precauções defensivas” sem a bola. Essa declaração de Gaúcho é uma articulação profunda da filosofia do futebol de torneio. Ela destaca que, em um formato onde a progressão é primordial, uma performance pragmática, mesmo que não espetacular, que garanta o resultado desejado é considerada um sucesso. Isso contrasta fortemente com o cenário de “jogar bem e perder” que o Sundowns experimentou contra o Dortmund (derrota por 4-3) e, finalmente, neste empate em 0-0, onde jogaram com intenção, mas não conseguiram marcar. Essa perspectiva enfatiza as “artes obscuras” do futebol sul-americano mencionadas pelos torcedores – um foco na eficiência e no resultado em detrimento do domínio ofensivo puro.
O ponta do Fluminense, Jhon Arias, expressou que era um “sonho avançar”, e que, embora as oitavas de final fossem o primeiro objetivo, “não é o objetivo final”. O zagueiro do Fluminense, Ignacio, eleito o melhor jogador da partida, descreveu-a como um “jogo muito difícil”, observando que o adversário “teve a posse de bola na maior parte do tempo, mas conseguimos bloqueá-los. E agora estamos classificados (para a próxima fase) e esse era o nosso objetivo”.
Do lado do Mamelodi Sundowns, o técnico Miguel Cardoso, apesar da eliminação, declarou: “O resultado não foi o que queríamos, mas fizemos um jogo maravilhoso… Não estou feliz, mas muito orgulhoso”. Ele enfatizou a “qualidade dos jogadores, a capacidade técnica” e a “longa jornada” para o clube.
As reações dos torcedores do Mamelodi Sundowns foram uma mistura de emoções. Alguns expressaram profunda decepção e frustração, culpando o técnico por substituições “erradas” (como a retirada de Mokoena e Ribeiro, mantendo Zwane e a entrada de Sales) e criticando Tashreeq Matthews por perder “chances claras”. Comentários como “Não jogamos como um time que precisava de uma vitória” e “engasgamos” foram observados. No entanto, muitos também expressaram orgulho pelo desempenho da equipe, reconhecendo que “tentaram e fizeram seu nome pelo mundo” e “representaram bem a África do Sul” contra “grandes equipes”. Alguns até consideraram a participação como uma “boa pré-temporada para nós”. As reações contrastantes dos torcedores do Sundowns – decepção pelas chances perdidas/substituições, mas orgulho pelo desempenho – refletem a tensão inerente ao futebol entre o desejo de vitória e a apreciação pelo esforço e competitividade, especialmente para uma equipe considerada azarão em um palco mundial. Isso sugere que, embora o resultado imediato seja doloroso, o aprendizado a longo prazo para o Sundowns pode ser a valiosa experiência adquirida.