A 3ª temporada de ‘A Diplomata’ confirma o brilhantismo da série e de Keri Russell

Reprodução Netflix

Nesta sexta-feira eu tinha certeza de que conseguiria entregar um belo texto sobre documentários belíssimos que todos precisam ver. Mas como documentários são muito complexos e preciso de muita pesquisa para não deixar nada de importante escapar, deixarei o tema para a próxima semana, no lugar então, decidi falar da nova temporada de A Diplomata, da Netflix, estrelada por Keri Russell (Felicity). 

Então vamos embora falar do que importante: a nova temporada de A Diplomata. Há produções que simplesmente sabem equilibrar tensão política, drama pessoal e performances impecáveis. A Diplomata é uma delas. A terceira temporada desta série da Netflix chegou com força total, entregando oito episódios que transformam completamente o jogo de poder estabelecido nas temporadas anteriores. E posso dizer com tranquilidade: esta é uma das melhores séries políticas dos últimos anos que eu já tenha assistido.

Desde o primeiro episódio da primeira temporada fui fisgada pela trama. Já era apaixonada por Keri Russell desde minha adolescência, quando a assisti sendo protagonista da série Felicity. Então joguei minhas fichas nela e acertei em cheio. Ver a atriz crescer com maturidade incrível, digna para ganhar um papel desse peso, é motivo de celebração. Ela toca em assuntos delicados e consegue fugir com destreza e inteligência, mostrando que uma mulher pode sim estar em um cargo de poder e exercê-lo com excelência.

A nova temporada começou exatamente de onde a anterior parou: com Grace Penn assumindo a presidência dos Estados Unidos após a morte súbita do presidente Rayburn. Allison Janney entrega uma performance que oscila entre o fascinante e o perturbador. Sua Grace Penn é uma líder que consolida poder enquanto carrega o peso de acusações graves feitas por Kate Wyler. A frase que resume o caos é dita pela própria Kate logo no início: “Uma mulher terrivelmente falha é agora a presidente, e só nós sabemos o quão falha ela é“.

O pesadelo de conseguir o que sempre quis

A criadora da trama Debora Cahn definiu perfeitamente o dilema desta temporada: “A terceira temporada vira o tabuleiro de xadrez. Kate vive o pesadelo de conseguir exatamente o que queria“. E é precisamente isso que torna a narrativa tão instigante. Kate Wyler se vê na posição de potencial vice-presidente, com todos os holofotes voltados para ela, mas sem ter planejado ocupar esse lugar da forma como aconteceu. A série sempre foi sobre o preço de tentar fazer a coisa certa em um sistema que não recompensa isso, e nesta temporada esse dilema atinge seu ponto máximo.

Rufus Sewell continua impecável como Hal Wyler, o marido de Kate cuja participação involuntária na morte do presidente adiciona camadas de complexidade à trama. A relação entre Kate e Hal é testada de formas inimagináveis, especialmente quando descobrimos que ele pode estar envolvido em operações clandestinas ao lado da presidente Grace Penn. A cumplicidade estranha entre os dois gera desconfiança e coloca Kate em um dilema moral devastador.

TRAILER DA 1ª TEMPORADA:

TRAILER DA NOVA TEMPORADA (3ª):







Chequers e a bomba que pode mudar tudo

O episódio final se passa durante uma cúpula bilateral em Chequers, a residência de campo do primeiro-ministro britânico Nicol Trowbridge. O objetivo era reparar a relação estremecida entre Estados Unidos e Reino Unido, mas uma nova ameaça surge: um submarino russo transportando uma arma nuclear experimental conhecida como The Poseidon. A tensão diplomática alcança níveis insuportáveis quando Kate e Hal elaboram um plano arriscado para provar a existência do submarino. Porém, o tiro sai pela culatra e a operação é considerada uma traição pelos britânicos.

A solução encontrada é drástica: enterrar o submarino russo em concreto. A crise parece resolvida até que uma notícia devastadora muda tudo. Os russos encontraram o submarino, mas a bomba Poseidon desapareceu. E aqui está a reviravolta mais chocante: não foram os russos que recuperaram a arma, mas sim os americanos. O roubo foi uma operação clandestina articulada por Grace e Hal, sem o conhecimento do Reino Unido.

Quando Kate confronta Hal e descobre a verdade, ele implora que ela pare de investigar e não conte a ninguém. Em seguida, sussurra discretamente para Grace: “Ela sabe“. O olhar de Kate no final, horrorizado e em silêncio, é o último golpe da temporada.

Bradley Whitford e a nova dinâmica presidencial

Uma das grandes novidades desta temporada é a chegada de Bradley Whitford ao elenco como Todd Penn, marido da presidente. O ator, conhecido por The West Wing e The Handmaid’s Tale, descreve a experiência como um sonho realizado. A entrada de Whitford cria uma dinâmica fascinante, transformando o casal presidencial Grace e Todd Penn no epicentro do poder em Washington. A química entre Whitford, Janney, Russell e Sewell eleva a série a outro patamar. É impossível não ficar grudado na tela assistindo essas quatro forças da atuação dividindo cena.

O que esperar da quarta temporada

A Netflix já confirmou a quarta temporada e, segundo Debora Cahn, os fãs devem se preocupar. “Pode ser assustador ver quem assume o poder e perceber que talvez esteja usando esse poder de forma horrível“, revelou a criadora. Com o Poseidon nas mãos erradas e uma presidente disposta a manipular tudo em nome da segurança nacional, a próxima temporada promete ser a mais explosiva até agora. Allison Janney e Bradley Whitford foram promovidos a personagens fixos, garantindo que o casal presidencial continue roubando a cena.

As perguntas que ficam no ar são muitas. Grace e Hal realmente têm um caso ou apenas uma aliança política? Kate denunciará o roubo do Poseidon, mesmo que isso destrua sua carreira e talvez o mundo? Como os britânicos reagirão quando descobrirem que foram enganados pelos americanos? A produção está marcada para começar neste outono, com previsão de retorno em 2026.

Por que A Diplomata é essencial

A Diplomata deixou de ser apenas um drama político para mergulhar de vez em um thriller psicológico. Há uma tensão quase constante entre Kate e Grace, ambas lutando para sobreviver a um sistema que devora seus próprios jogadores. A série equilibra perfeitamente política global e drama conjugal, mostrando que a guerra fria entre nações se reflete na própria relação de Kate e Hal, onde cada gesto de carinho pode esconder uma conspiração.

Amei a nova temporada e já estou super ansiosa para a próxima, e próxima, e próxima. A Diplomata prova que, em política, o trono pode ser o lugar mais perigoso do mundo e que se tornar presidente talvez seja o início de um pesadelo, não o final feliz. Com um elenco de peso e uma trama cada vez mais ambiciosa, a série mostra que quem vence é quem mente melhor. E nesse jogo de xadrez mortal, ninguém está a salvo.

Minha nota para A Diplomata (até agora): 9,8/10

 

A série A Diplomata, as 3 temporadas, estão disponíveis na Netflix!

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