A fábula “PANÇA”, que reestreia dia 11 de março no Teatro Ipanema, reflete sobre a circulação e o consumo de notícias no mundo atual

Clarisse Zarvos e André Marcos (Foto: Thaís Grechi)

Não é raro nos sentirmos perdidos e confusos diante da quantidade de informações (verdadeiras e falsas) a que temos acesso diariamente pelos meios de comunicação e redes sociais. A circulação de notícias, obras e ideias está em profunda transformação no mundo atual, passando por fenômenos como os da “fake news”, mas também ampliando em nível vertiginoso nossa possibilidade de acesso ao conhecimento. Com dramaturgia e direção de Cecilia Ripoll, o espetáculo “PANÇA” constrói uma fábula para tratar da reprodutibilidade da notícia e das falhas da comunicação humana. Depois de uma curta temporada no ano passado, a peça volta ao cartaz, dia 11 de março no Teatro Ipanema, propondo uma reflexão: quais os efeitos que o poder de circular ideias pelo mundo gera na sociedade?

Com estrutura cômica e farsesca, a peça acompanha a história de um talentoso e endividado escritor que, de seu pequeno vilarejo, escuta falar sobre a mais nova invenção da capital: a famosa máquina de imprensa. Com desejo de ampliar a venda de seu mais recente romance, o autor se endivida ainda mais para conseguir comprar a copiadora mecânica. Cheia de peripécias e reviravoltas, a trama faz referência ao surgimento histórico da máquina de tipos móveis (a primeira versão ocidental de copiadora mecânica), divisor de águas na história da humanidade que permitiu a produção em série dos livros, até então copiados um a um a mão. No elenco, estão Ademir de Souza (Máquina), André Marcos (Escritor), Clarisse Zarvos (Josefina), Diogo Nunes (Rei) e Julia Pastore (Padeiro, Sputnik e Fisco).

“Sem compromissos rígidos em dar conta de contexto ou fatos históricos, a fábula está mais preocupada em se perguntar o que acontece com a sociedade quando surgem avanços que transformam a capacidade de reprodutibilidade de obras e ideias. Como a ampliação dos meios de reproduzir discursos impacta na transformação social e no imaginário dos indivíduos?”, questiona a autora e diretora Cecilia Ripoll. “De uma hora para a outra, ficamos sabendo da opinião de todo mundo sobre todas as coisas. E há uma dificuldade de aceitar que podem existir diferentes narrativas de uma mesma história. A minha aposta é de que um livre invencionismo acerca do passado nos permita construir metáforas para pensar sobre nossos tempos”, acrescenta.

Para criar a dramaturgia, a autora também se inspirou em clássicos como “O inspetor geral”, de Nikolai Gogol; “Arlequim, servidor de dois patrões”, de Carlo Goldoni; e “Galileu Galilei”, de Bertolt Brecht. “São três textos que eu já li várias vezes e que tocam em temas que eu tinha vontade de desenvolver. “Galileu Galilei” me instiga a refletir sobre os artifícios usados por artistas que desejam pesquisar, sem precisarem ficar à mercê de esquemas engessados. “O inspetor geral” é uma peça que deixa em evidência o ridículo do ser humano a partir de um equívoco, revela o patético por trás de algumas instituições e relações de poder. E “Arlequim, servidor de dois patrões” me inspirou no aspecto formal. A estrutura da trama, com encadeamentos muito precisos, me encanta”, explica Cecilia.

PANÇA investe na secura de elementos visuais, tendo como eixo central o jogo entre atores, texto e música: “Em cena, brincamos o tempo todo com a ideia de que mudanças sutis podem criar uma outra narrativa, uma outra ideia. Também investimos em uma linguagem ágil, que busca unir a ideia do antigo com o contemporâneo”, explica Cecilia. Na equipe criativa, também estão Amanda Paiva (codireção), Carlos Alberto Nunes (cenógrafo), Nívea Faso (figurinista) e Ana Luzia de Simoni e Felipe Antello (iluminadores).

Cecilia Ripoll

É dramaturga, diretora e atriz, formada em Licenciatura Plena em Artes Cênicas pela UNIRIO. Indicada ao Prêmio Shell (RJ) pela dramaturgia ROSE (direção de Vinicius Arneiro) em 2018, publicada pela Editora Cobogó e composta por Cecilia Ripoll em 2017 no Núcleo de Dramaturgia Firjan SESI, coordenado por Diogo Liberano. Fundadora do Grupo Gestopatas, que tem projetos pedagógicos e montagens cênicas adultas e infanto-juvenis, dentre elas PACO E O TEMPO (texto e direção de Ripoll), uma das dramaturgias vencedoras do III Concurso Jovens Dramaturgos do Sesc 2013 e premiada no FENATA por Melhor Texto e Melhor Espetáculo infanto-juvenil. Também como dramaturga, participou da residência BETSUD/Primavera Dei Teatri, Castrovillari, Itália. Além da formação pela UNIRIO, considera igualmente importante sua formação através do teatro de grupo, iniciada em 2000 na Companhia do Gesto, com a qual participou de diversas montagens como atriz e assistente de direção.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia e Direção: Cecilia Ripoll
Elenco: Ademir de Souza, André Marcos, Clarisse Zarvos, Diogo Nunes e Julia Pastore
Codireção: Amanda Paiva
Direção musical e composições: Julia Pastore
Interlocução com dramaturgia e direção: Clarisse Zarvos
Iluminação: Ana Luzia de Simoni e Felipe Antello
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Figurino: Nívea Faso
Costura: Madalena Lourette
Máscaras do processo de criação: Tania Gollnick
Colaboração Artística: Eduardo Vaccari
Colaboração musical: Charles Kahn
Programação visual: Fernando Nicolau
Fotografia e registro audiovisual: Thaís Grechi
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Mídias sociais: Diogo Nunes e Palu Felipe (bemtevionline)
Produção: Clarissa Menezes

Serviço:
Temporada: 11 de março a 3 de abril
Teatro Ipanema: Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema, Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2267-3750
Dias e horários: 6ª a dom., às 19h.
Ingressos: Livre contribuição
Capacidade: 40 pessoas.
Classificação etária: 14 anos
Redes sociais do espetáculo: Instagram: @panca.teatro
Facebook: https://www.facebook.com/panca.teatro

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