O que aconteceria se você encontrasse casualmente aquela professora da sua infância que lhe ensinou a ler e a escrever? Quais memórias viriam à tona? O que diriam um ao outro? Este é o ponto de partida do espetáculo “A Sala Branca”, do autor catalão Josep Maria Miró. Com direção de Gustavo Wabner, a peça estreia em 19 de setembro na Sala Multiuso do Sesc Copacabana. Inédita no Brasil, a obra foi traduzida por Daniel Dias da Silva, que também integra o elenco ao lado de Angela Rebello, Isabel Cavalcanti e Sávio Moll. “A Sala Branca” foi contemplada pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2024.
Autor de outras peças montadas no Brasil, como “O Princípio de Arquimedes” e “Nerium Park” (ambas também com tradução de Daniel Dias da Silva), o premiado Josep Maria Miró apresenta em “A Sala Branca”, uma obra intimista que combina drama, humor, ternura e reflexão. Construída a partir de uma narrativa fragmentada – na qual vozes, tempos e locais se misturam – o espetáculo conduz o público a uma viagem nostálgica, revisitando as paisagens íntimas e emocionais da infância.
Em cena, Carlos (Sávio Moll), Laia (Isabel Cavalcanti) e Manuel (Daniel Dias da Silva) reencontram Senhorita Mercedes (Angela Rebello), a professora que os ensinou a ler e escrever quando pequenos. Eles não se veem há 40 anos e agora são adultos, com vidas que seguiram por caminhos diferentes. A reunião aparentemente casual com a Senhorita Mercedes será perturbadora para cada um deles, fazendo surgir questionamentos profundos e também velhas feridas.
Idealizador da montagem, o ator Daniel Dias da Silva tem uma relação antiga com a obra de Josep Maria Miró, sendo a “A Sala Branca” o quinto texto que ele traduz para o português. “É interessante essa familiaridade com a obra do autor, você acaba reconhecendo seu estilo, suas referências, suas ideias. Sempre me impressiono com o domínio que ele tem de sua dramaturgia, com a forma como constrói os diálogos, permeados por silêncios e vazios que, muitas vezes, dizem mais que as palavras, compondo um quebra-cabeças que tira o espectador ou leitor de uma posição passiva”, diz.
Com relação ao enredo de “A Sala Branca”, Daniel avalia um olhar do autor sobre o passado como forma de entender o presente. “Acho que, nesta peça, Miró propõe uma viagem mais nostálgica, pessoal e intimista à infância, um período frequentemente visto de forma romantizada, mas que também pode ser cruel, esconder dores e mágoas. É uma fase determinante na construção do ser humano e ele busca compreender como nos tornamos quem somos hoje e, ao mesmo tempo, faz uma reverência aos mestres que nos formaram e nos guiaram no início dessa jornada”, completa.
O diretor Gustavo Wabner conta que a infância dos três personagens é revisitada de uma forma contundente e sem romantismos. “Cada um deles possui uma trajetória e características próprias, com fluxos e embocaduras diferentes. O autor nos desafia com personagens complexos em suas trajetórias e composições”, adianta. Sobre a dramaturgia, Wabner a considera especial por vários motivos. Primeiro pela premissa e pela temática, mas também pela sua estrutura e carpintaria. “É um texto muito inteligente, cheio de sutilezas e nuances, que convida o espectador a montar, ou melhor, a desenredar a trama que se apresenta. A estrutura não linear torna a história mais dinâmica, potencializa os fatos e mantém a plateia atenta”, acredita.
Ficha técnica
- Texto: Josep Maria Miró
- Direção: Gustavo Wabner
- Elenco: Angela Rebello, Isabel Cavalcanti, Sávio Moll e Daniel Dias da Silva
- Cenografia: Sergio Marimba
- Figurinos: Victor Guedes
- Iluminação: Vilmar Olos
- Visagismo: Fernando Ocazione
- Fotos e Programação visual: Vitor Hugo Ceccato
- Trilha sonora: Gustavo Wabner
- Assistente de Figurino: Carol London
- Produção Executiva/Operação de Som: Bruno Jahu
- Operador de Luz: Pedro Carneiro
- Contrarregra e camareiro: Cleiton Belmiro
- Assessoria Contábil: Sesan
- Assessoria de Imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda
- Mídias Sociais: Rafael Teixeira
- Direção de Produção: Daniel Dias da Silva e Cacau Gondomar
- Coprodução: CLG – Canteiro de Ideias
- Um espetáculo da Territórios Produções Artísticas e Lunática Companhia de Teatro
SERVIÇO
Espetáculo: “A Sala Branca”
Temporada: de 19 de setembro a 20 de outubro de 2024
Dias e horário: de quinta a domingo, às 19h
Não há apresentação entre os dias 3 e 6/10 devido às eleições municipais
Local: Sala Multiuso do Sesc Copacabana
(Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)
Ingressos: R$ 7,50 (credencial plena Sesc), R$ 15 (meia), R$ 30 (inteira) e gratuito (público cadastrado no PCG)
Informações: (21) 2547-0156
Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.
Classificação indicativa: 12 anos | Duração: 80 min.
Instagram: @asalabranca