A mostra traz 28 bonecos de barro, cada qual um personagem com nome e história próprios que evocam um modo de ser e estar no mundo, e objetos decorativos – cordas e colares de parede – que combinam cerâmica com materiais diversos.
Pipsi Munk desenvolveu na Alemanha, por 22 anos, um trabalho com profissionais do sexo migrantes, na luta pela garantia de seus direitos. É cofundadora do projeto europeu TAMPEP (European Network for the Promotion of Rights among Migrant Sex Workers), que atuou entre 1993 e 2010 em 25 países da União Europeia (www.tampep.eu). Em Berlim, em 2019, desfilou para a grife carioca DASPU, fundada pela prostituta e ativista Gabriela Leite (1951-2013), com renda em benefício da cidadania das profossionais do sexo na Alemanha.
MINHA GENTE DE BARRO, exposição inédita da ceramista Pipsi Munk, apresenta trabalhos em barro em dois formatos – figuras humanas e elementos decorativos.
As FIGURAS, parte principal da mostra, medem cerca de 20 cm de altura, são esmaltadas ou pintadas com tinta acrílica e levam acessórios diversos, como cabelos, chapéus, brincos ou colares. Evocam um modo de ser e estar no mundo. São personagens de variadas origens e nascem de um processo criativo em que cada escultura recebe não só feições e figurinos particulares, mas também nomes e biografias próprias.
“Meus personagens aparecem sem fazer estardalhaço. Assim, sem mais, quando começo a apertar o barro, a mexer, a sentir, a virar. Mas vida mesmo eles só adquirem assim que pinto os olhos. Não há nenhum planejamento prévio de nada: se será uma mulher ou um homem, de corpo inteiro ou só um busto. É o barro que me mostra o caminho. É quando começa minha pesquisa sobre cores, cabelos, chapéus, tecidos e brincos. Uso materiais do cotidiano como esfregão, restos de panos e metais. Ou às vezes nenhum acessório, só tenho que pintar os olhos. Do momento que começam a existir, recebem um nome, uma profissão e um local de origem. Alguns precisam de outros, outros preferem ficar sozinhos. E vão assim seguindo seu caminho.”, conta Pipsi Munk.
Algumas delas são: FLORA, senhora francesa, vive em Nice; ESTELA, empresária no Rio de Janeiro; INÁCIO, caminhoneiro, vive em Ilhéus; SEFARINA, escritora, vive em Luanda, Angola; CARLA, italiana, trabalha em uma boutique em Veneza; SELMA, no Rio, pronta para o carnaval; JUSSARA, arquiteta, vive em Fortaleza, Ceará; CÍCERO, trabalha na feira de Caruaru, Pernambuco; SOFIA, estilista, tem uma boutique em Búzios; ALICE, médica no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, entre outras.
Os elementos decorativos – CORDAS e COLARES DE PAREDE – exploram a liberdade de composições tramadas em fios, onde fragmentos de cerâmica são combinados com materiais diversos. As cordas são composições de cerca de 2 m de altura, com peças de barro esmaltado combinadas com pedras, metais e fitas. Os colares de paredes são cordas grossas de sisal de 1 m de comprimento, com elementos de barro esmaltado e metais.
PIPSI MUNK
A artista nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Foi uma estudante que viveu as transformações sociais de 1968, “mochilou” pela Ásia e começou as faculdades de Ciências Sociais e Jornalismo no Rio.
Como programadora visual, ainda no Brasil, trabalhou nos Jornais Correio da Manhã e Diário de Notícias. Viveu em Londres entre 1973 e 77, onde cursou Typography Design no London College of Printing. Na volta ao Rio, desenvolveu projetos gráficos e logomarcas, trabalhou em jornais estabelecidos, alternativos e de sindicatos, fazendo material para campanhas políticas, livros e revistas.
Em 1990 mudou mais uma vez de continente, indo para Hamburgo, na Alemanha, onde começou o trabalho com profissionais do sexo migrantes. É uma das fundadoras de TAMPEP (European Network for the Promotion of Rights among Migrant Sex Workers), projeto europeu que existiu entre 1993 e 2010 em 25 países da União Europeia (www.tampep.eu).
Entre 1993 e 2015, foi a coordenadora de TAMPEP e outros projetos na Alemanha, todos voltados para os temas da migração e o trabalho sexual, sempre com o objetivo de defender os direitos e dar voz aos que exercem o trabalho sexual.
Editou dois livros: Work Safe in Sex Work, um manual de boas práticas no trabalho com e para trabalhadores do sexo; e Pictures of a Reality, onde trabalhadores do sexo migrantes, de nove cidades europeias, falam de suas vidas, trabalho e planos. Por conta da experiência anterior como designer, desenvolveu logomarcas da maioria destes projetos europeus.
Em 2012 começou a fazer cerâmica em Hamburgo, em uma Volkshochschule, que são Centros de Educação para Adultos. Desde 2015 vive entre Hamburgo e o Rio de Janeiro, trabalhando com cerâmica e, paralelamente, como ativista pelos direitos de trabalhadores do sexo.
Serviço
INAUGURAÇÃO: 13 de março (5ªf), às 18h
ONDE: Galeria do Espaço Cultural Municipal Sergio Porto
Rua Humaitá, 163 – Humaitá, RJ Tel: (21) 2535-3846
VISITAÇÃO: 4ª a domingo, das 16h até 21h, até 06 de abril
FICHA TÉCNICA
Artista: Pipsi Munk
Cenografia: Fernanda Borschiver
Montagem: Roberto Castello
Produção: Julia Tavares
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany