Aline Fanju estrela primeira adaptação de Annie Ernaux para o teatro brasileiro

“Paixão simples” é baseada no livro homônimo da autora que já foi aclamada com o Nobel de Literatura. A direção e a dramaturgia são de Alessandra Colasanti e a idealização de Pablo Sanábio

por Redação
Paixão simples

O romance “Paixão Simples” traz a atriz Aline Fanju em seu primeiro monólogo, no papel da escritora francesa vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, em 2022  Annie Ernaux, que relata a sua paixão – e a espera – por um homem estrangeiro, casado cujo nome nunca é revelado. Com direção e dramaturgia de Alessandra Colasanti e idealização de Pablo Sanábio, a produção estreia no dia 3 de setembro, no Teatro Glaucio Gill, no Rio de Janeiro. A temporada terá apresentações às quartas, quintas e sextas-feiras, às 20h até o dia 26 do mesmo mês. Uma vez por semana (às quintas) haverá debate após a sessão sobre assuntos voltados para mulheres 40+.

A obra, baseada no livro homônimo publicado em 1991, traz um relato íntimo e visceral da autora: uma mulher tomada por um amor avassalador e unilateral. Com uma narrativa crua e honesta sobre seus sentimentos, desejos e ausência, ela descreve, durante meses, como sua vida gira em torno da expectativa pelos encontros com o ser amado, provocando uma metódica organização de seus dias e um mergulho em seus sentimentos.

A montagem é a primeira adaptação brasileira de uma obra literária de Annie Ernaux, originalmente publicada na França pela editora Gallimard e no Brasil pela Editora Fósforo. Inclusive, ela conta com uma equipe majoritariamente feminina. Com linguagem direta, delicadamente brutal e com toques eróticos, a peça convida o público a testemunhar o uso da escrita na tentativa de dar sentido às emoções, já que ela transforma um episódio íntimo em uma reflexão sobre o amor, as expectativas e a perda.

Recentemente, “Paixão simples” foi redescoberto por uma nova geração de leitores jovens nas redes sociais – sobretudo no Tik Tok – onde trechos viralizaram.

“Paixão Simples” é sobre o feminino em sua totalidade. Não é só a história da Annie, personagem do livro, não se resume à experiência individual de uma mulher específica. É sobre uma espera que atravessa os séculos. Uma espera ancestral, avassaladora, muitas vezes injusta, que na encenação ganha uma perspectiva alegórica que só o teatro pode oferecer. Embora seja um relato autobiográfico, ele é também uma crônica: uma crônica de um tempo longo demais para as mulheres. Diferentemente do livro, essencialmente intimista e minimalista, na peça nos permitimos um exorcismo simbólico desses padrões de comportamento. A encenação respeita e reforça a origem literária do texto, mantendo sua melancolia e dramaticidade cortante, mas incorpora melodrama e cinismo contemporâneo como lentes críticas. É também sobre refletir coletivamente em público e sobre o poder metamórfico da arte”, diz Alessandra Colasanti.

“Eu sou um fã declarado dos meus amigos. Tenho esse hábito de imaginar projetos já visualizando como cada um deles brilharia em cena. Com “Paixão Simples” não foi diferente. Em 2023, recebi uma mensagem da Aline Fanju me perguntando se eu tinha algum projeto, para eu lembrar dela caso visse algo que ela poderia fazer e aquilo acendeu uma chama. A partir dali comecei a pensar histórias que só a Aline poderia contar. Iniciamos uma troca enorme, cheia de ideias e descobertas, até que apresentei a ela o “Paixão Simples”. Foi unânime: esse era o projeto. E não poderia ser outro.” – Pablo Sanábio

“A história desse espetáculo nasce de um momento muito bonito. Mandei mensagem pro Pablo dizendo de um período escasso e difícil de trabalho pra mim pós puerpério que emendou na pandemia e querendo saber do mercado, de projetos. Sempre tivemos essa troca e Pablo sempre foi parceiro e muito atencioso. Ele me respondeu que ia pensar. Dois dias depois, ele me ligou. E propôs fazer um solo meu. Eu fiquei muito emocionada. E sigo, porque cá estamos, juntos, alguns anos depois desse telefonema cheio de amor, amizade, admiração mútua e comprometimento, estreando o meu solo, Paixão Simples. Poder estar em cena contando dessa paixão avassaladora de Annie Ernaux, sem pudor e  sem julgamentos, é libertador, é reparador. Eu estou imersa nesse prazer físico e literário que é “Paixão Simples”, diz Aline Fanju

Ficha Técnica

Aline Fanju – 

Atriz nascida em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, mudou-se aos 17 anos para o Rio de Janeiro para estudar teatro. Em seu currículo constam trabalhos no cinema nos longas “A novela das 8”, “O buscador”, “Operação Game over: a volta da babá” e “Subsolo” (ainda sem data de estreia). Ganhou prêmio de melhor atriz coadjuvante no cine- PE por seu trabalho no filme “O crime da Gávea”. Na TV,  atuou em  novelas como “Totalmente demais”,  “Malhação – Viva a diferença”, “Em Família”, “Viver a Vida”, “Paraíso Tropical”, “Vidas em jogo” e em séries como “Arcanjo Renegado”, ”Sob Pressão”,  “Carcereiros”, “Questão de família”, “As Canalhas” e “Jk”. No teatro, esteve em espetáculos como “Razão pra ser Bonita”, “Pão com Mortadela”, Decadência”, “Tremores Ligeiros” e “Ponto de Fuga”.

Alessandra Colasanti –

Autora, roteirista, diretora e atriz, formada em Artes Cênicas com habilitação em Teoria do Teatro pela UNIRIO e mestranda em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio, Alessandra Colasanti desenvolve pesquisa voltada para solos autorais de cunho performático. Fez sua estreia como atriz profissional em peça dirigida por Gerald Thomas, Deus Ex-Machina, e sua primeira direção no teatro foi o monólogo Regurgitofagia, de Michel Melamed, apresentado em Nova York, Paris e Berlim. Seu filme de estreia, “A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho”, em que assina roteiro, direção, atuação e montagem, conquistou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria Melhor Curta Metragem Documentário. Foi também vencedora do Prêmio APCA de Melhor Show pelo roteiro e direção de “Extravaganza”, da cantora Silvia Machete. Com 25 anos de atuação no mercado audiovisual trabalhou com Anna Muylaert, Regina Casé, Marcelo Adnet, Luiz Fernando Carvalho, José Padilha em projetos da Rede Globo, Record TV, GNT, HBO, Netflix, Amazon Prime, com destaque para sua atuação como roteirista na linha de shows e teledramaturgia.

Pablo Sanábio – 

Pablo Sanábio tem uma grande trajetória no teatro, tendo idealizado vários projetos a partir de livros que foram muito bem-sucedidos e de grande sucesso do teatro brasileiro como “O Filho Eterno”, “Mãe Fora da Caixa”, “R & J de Shakespeare”, entre outros. Tem uma longa trajetória na Tv e no Cinema, tendo atuado em mais de 20 longas e na Tv os principais trabalhos foi ter feito parte do elenco central da série “Sob Pressão” da Rede Globo, além das novelas “Totalmente Demais”, “O astro”, “O Rebu”, “Cara e Coragem” e “Garota do momento” (Globo).

Paixão Simples – Baseada na obra de Annie Ernaux

  • Com Aline Fanju
  • Direção e dramaturgia – Alessandra Colasanti
  • Idealização – Pablo Sanábio
  • Tradução literária – Marília Garcia “Paixão Simples”, de Annie Ernaux (Gallimard©).
  • Assistente de direção – Bianca Joy
  • Direção de produção – Roberta Dias (Caroteno Produções)
  • Cenografia – Aurora dos Campos
  • Assistente de cenografia – Rachel Merlino
  • Figurino – Preta Marques

    Figurino fotos de divulgação – Luiza Marcier

  • Direção de movimento – Priscila Maia
  • Iluminação – Lina Kaplan
  • Trilha sonora – Carol Mathias
  • Criação de vídeo – Zoe Guglielmoni
  • Design gráfico – Pedro Colombo
  • Fotografia de estúdio – Elisa Maciel
  • Assistente de fotografia – Francisco Teixeira
  • Redes sociais – Priscila Galvão (Agência Hype)
  • Tráfego pago – Carla Drummond
  • Assessoria Jurídica – Daniel Rosas
  • Assessoria de imprensa – Natasha Stein

Serviço:

Paixão Simples

Baseado no livro Paixão Simples, de Annie Ernaux

Temporada: 3 a 26 de setembro (quartas, quintas e sextas às 20h)

Local: Teatro Gláucio Gill – Praça Cardeal Arcoverde S/N, Copacabana, RJ

Duração:  60 minutos

Classificação: 16 anos

Ingressos: Disponíveis no site R$80 (inteira) R$40 (meia)

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