“Améfrica: Em três atos” estreia no Rio em curtíssima temporada

Baseado em conceito de Lélia Gonzalez, espetáculo aborda narrativas negras e indígenas contra a dominação colonial até o “quilombismo”, trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial.

Tratando das trajetórias negras e indígenas a partir de seus próprios legados e trazendo à tona narrativas soterradas pela herança colonial, o espetáculo “AMÉFRICA: Em Três Atos”, do Coletivo Legítima Defesa, estreia dia 22 de agosto, às 20h, na Arena do Sesc Copacabana, como parte da programação de temporadas do Edital de Cultura RJ Pulsar 2023/2024. Dirigido por Eugênio Lima, a montagem do coletivo paulistano apresenta as convergências negras e indígenas com dramaturgia de Claudia Schapira (Ato 1), Aldri Anunciação (Ato 2) e Dione Carlos (Ato 3).

O espetáculo é baseado no conceito de “Amefricanidade”, da intelectual negra mineira Lélia Gonzalez, termo que consiste em explicar a experiência comum de mulheres e homens negros na diáspora e a experiência de mulheres e homens indígenas contra a dominação colonial. A história refere-se ainda às sabedorias e às experiências negras e indígenas no continente americano, se aproximando ao quilombismo de Abdias Nascimento. Em “AMÉFRICA: Em Três Atos”, o Coletivo Legítima Defesa apresenta, de forma poética e política, as confluências negras e “ameríndias” e seus desdobramentos sociais e históricos no Brasil.

“Temos muitos aliados que moram no Rio de Janeiro, e estamos muito felizes que alguns deles estarão conosco, ao vivo, no palco. Outra coisa fundamental é a história do Rio de Janeiro, uma cidade tão central para a presença negra e indígena, que já foi chamada de maior cidade negra do mundo, no século XIX. E acho que nesse período, não existia nenhuma cidade com maior presença de pessoas negras do que o Rio de Janeiro, que teve no Cais do Valongo o maior porto de pessoas escravizadas da história da humanidade, e que ainda tem a aldeia Marakanã”, declara Eugênio. 

Em três atos,o espetáculo nos faz refletir sobre as diversas formas de contar a história da sociedade brasileira e do continente “Amefricano”, abordando as trajetórias negras e indígenas que, em convergência, permitiram criar alianças a partir de suas vivências. O conceito de Lélia serviu de inspiração e as artes de Abdias disparam a iconografia de AMÉFRICA: Em Três Atos, que estreou em 2022 em São Paulo e fará uma curtíssima temporada carioca.

A realização de “AMÉFRICA: Em Três Atos” é do Coletivo Legítima Defesa e convidados, e tem a direção de Eugênio Lima. No palco estão os integrantes do coletivo – Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima e Luan Charles – além das atrizes convidadas Janaína Silva e Thaís Peixoto e Hukena Yawanawa (em vídeo) e da participação especial, ao vivo, de Antônio Pitanga, que além da estreia, no dia 22 de agosto, fará mais sete sessões especiais, durante a temporada.

OS TRÊS ATOS

Em três atos, “AMÉFRICA” tem uma narrativa fragmentada, porém complementar. O Ato 1: A Cicatriz Tatuada, com dramaturgia de Claudia Schapira, é um filme que será exibido. O Ato 2: A Retomada, é uma peça-intervenção escrita por Aldri Anunciação. O Ato 3: A Tempestade é assinado por Dione Carlos, e é uma intervenção performática, contra-narrativa, que une videoinstalação, música, dança, mixtape, teatro e performance.

Fazem parte da peça, ainda, intervenções em vídeo – com reproduções de falas de intelectuais e artistas, além de diálogos com outros artistas – como Jairo Pereira e Thereza Morena – e coletivos de teatro (Espiralar Encruza e O Bonde). 

“A ideia de ‘Confluência na Retomada’ é a própria metáfora do espetáculo, nossa função é localizá-la num espaço onde se revelam as tensões da nossa sociedade, na qual negros e indígenas ainda lutam para escapar do genocídio e do racismo estrutural, procurando recuperar a dignidade e a liberdade num sistema colonial que se atualiza constantemente”, explica o diretor Eugenio Lima.

COLETIVO LEGÍTIMA DEFESA

Coletivo de artistas, atores, DJs e músicos, de ação poética, portanto política, que tem como foco a reflexão e representação da negritude, seus desdobramentos sociais históricos e seus reflexos na construção da persona negra no âmbito das linguagens artísticas. Constituindo desta forma um diálogo com outras vozes poéticas que tenham a negritude como tema e pesquisa. Legítima Defesa é um ato de guerrilha estética que surge da impossibilidade, da restrição, da necessidade de defender a existência, a vida e a poética. O coletivo é formado por Eugênio Lima, Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Gilberto Costa, Jhonas Araújo, Fernando Lufer e Luan Charles.

SINOPSE

O espetáculo AMÉFRICA: Em Três Atos fundamenta-se em uma narrativa épica/ fantástica criada a partir de histórias diversas sobre personagens presentes nos levantes históricos, nas cosmovisões e nas narrativas negras e indígenas, incluindo as diferentes práticas rituais e literaturas orais existentes no país. A partir da noção de “Amefricanidade”, cunhada por Lélia Gonzalez, do Conceito-ação de Retomada, dos Tupinambás da Serra do Padeiro e do Conceito de Confluência, elaborado por Antônio “Nego Bispo”, serão feitos contrapontos aos personagens da história oficial colonial no continente americano.

LIVRO AMÉFRICA

O livro AMÉFRICA, de Eugênio Lima, será lançado oficialmente no Rio de Janeiro, no dia 3 de setembro, na livraria da Travessa, em Botafogo, durante a temporada de apresentações do espetáculo no Sesc Copacabana. Esta obra, publicada pela n-1 edições e organizada por Eugênio Lima e Majoí Gongora explora as confluências entre as culturas afro e indígenas no contexto latino-americano, abordando temas de resistência, ancestralidade e contracolonização.

A obra traz textos, depoimentos e intervenções dramatúrgicas. O livro é constituído por textos escritos por autores negros, indígenas e aliados. Dividido em três partes, é formado por textos elaborados especialmente para a publicação, pela dramaturgia da peça AMÉFRICA: Em 3 Atos, do Coletivo Legítima Defesa, criada por Claudia Schapira (Ato 1), Aldri Anunciação (Ato 2) e Dione Carlos (Ato 3),  com textos inéditos editados a partir das transcrições do projeto Diálogos Amefricanos. Entre os autores do livro estão: Renata Tupinambá, Naine Terena, Rosana Paulino, Geni Nuñez, Samara Pataxó, Edivan Fulni-ô, Kari Guajajara, Elisiane dos Santos, Sandra Benites, Cacique Babau, Marcio Goldman, Cidinha Silva e o Coletivo de teatro negro O Bonde.

Recuperando o conceito proposto por Lélia Gonzalez, o livro procura colocar em diálogo as reflexões contemporâneas sobre as confluências entre os povos indígenas e afro-diaspóricos, visibilizando formulações diversas sobre devires afro-indígenas e suas múltiplas histórias.

Após a temporada no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro, o livro estará disponível em eventos especiais, incluindo o lançamento em São Paulo (SP), também agendado para setembro.

SERVIÇO:

“AMÉFRICA: Em Três Atos”, do Coletivo Legítima Defesa

Temporada: De 22 de agosto a 15 de setembro de 2024

Apresentações: Quinta-feira a domingo, às 20h

Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)

Local: Arena do Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ

Informações: (21) 2547-0156
Bilheteria- Horário de funcionamento: Terça a sexta – de 9h às 20h; Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h.

Classificação Indicativa:  18 anos
Duração: 150 minutos

Lotação: 130 lugares

FICHA TÉCNICA:

Direção: Eugênio Lima

Dramaturgia: Claudia Schapira, Aldri Anunciação e Dione Carlos

Intervenção Dramatúrgica: Coletivo Legítima Defesa

Com a participação: Frantz Fannon, Racionais MCs, Lélia Gonzalez, Aimé Cesarie, Maurinete Lima, Neusa Santos Sousa, bellhooks, W. E. B. Du Bois, Amílcar Cabral, William Shakespeare, Silvia Federici, Eliane Brum, Yina Jiménez Suriel, Robin DiAngelo, Célia Xakriabá, Renata Tupinambá, Denilson Baniwa, Ailton Krenak e Samora Machel

Elenco Legítima Defesa: Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Gilberto Costa, Fernando Lufer, Nádia Bittencourt, Eugênio Lima e Luan Charles

Atriz convidada: Janaína Silva e Thaís Peixoto

Convidados: Hukena Yawanawa e Antônio Pitanga (em vídeo)

Retomadas: Coletivo O bonde, Jairo Pereira, Thereza Morena e Espiralar Encruza (em vídeo)

Convidados: Edivan Fulni-ô e Renata Tupinambá 

Consultoria Artística: Renata Tupinambá

Consultoria em culturas ameríndias: Majoí Gongora

Produção Executiva: Iramaia Gongora_Umbabarauma Produções Artísticas

Direção Musical: Eugênio Lima

Vídeografia: Bianca Turner e Mônica Ventura

Iluminação: Matheus Brant

Cenário: Iramaia Gongora

Figurino: Claudia Schapira

Música: Eugênio Lima, Neo Muyanga, Luan Charles e Roberta Estrela D’Alva

Vídeo: Ana Júlia Trávia, Matheus Brant e Cristina Maranhão

Direção de gesto e Coreografia: Luaa Gabanini 

Spoken Word: Roberta Estrela D’Alva

Fotografia: Cristina Maranhão

Tradução Tupi Guarani: Luã Apyká , etnia Tupi Guarani, aldeia Tabaçu Rekoypy -SP

Design: Sato do Brasil

Artistas Convidadas: Juliana Xukuru e Marcely Gomes

Assistência de Direção: Gabriela Miranda e Iramaia Gongora

Assistência de Produção: Thaís Cris e Thaís Venitt_ Quica Produções

Músicos: Eugênio Lima e Luan Charles

Cenotécnico: Wanderley Wagner

Desenho de som: Eugênio Lima

Operação de videografia: Bianca Turner e Vic Von Poser

Engenharia de som: João Souza Neto e Clevinho Souza 

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação

Divulgação e Promoter: Naira Fernandes

Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa

Voz Off: Sandra Nanayna, Maurinete Lima, Dorinha Pankará, Hukena Yawanawa e Cacique Babau

Parceiros: Márcio Goldmann, Casa do Povo, Próxima Cia, Sandra Nanayna, Karine Narahara, Dorinha Pankará, Antônio Bispo, Naine Terena, Edivan Fulni-ô, Cacique Babau e Geni Nuñez.