Nascida em Belo Horizonte e criada na cidade de Ibirité, a mineira Anna Paula Alves sonhava aos 17 anos de idade ser uma grande chef de cozinha. Ela só não imaginava que tempos mais tarde, aos 32 anos, estaria fazendo história e conquistando o paladar europeu como chef de cozinha na França, o país da gastronomia mais conceituada do mundo .
Sua jornada profissional começou aos 17 anos quando ela assistiu ao primeiro programa de “top chef”. Foi ali que decidiu que queria transformar ingredientes simples em algo extraordinário. “Fiquei tão impressionada com a maneira como o chef cortava e transformava a salsinha em pó que, eu olhei aquilo e, decidi me dedicar afazer o mesmo”, contou.
Aos 18 anos, após concluir o ensino médio, Anna Alves ingressou em um curso profissionalizante de culinária no SENAC, com o intuito de ingressar no ramo e levantar capital para pagar uma faculdade. Porém, como ela mesmo diz, os planos de Deus para sua vida eram maiores. Seu talento e paixão pela culinária foram reconhecidos por um “anjo da guarda” que se dispôs a financiar seus estudos na faculdade de gastronomia da Faculdade Estácio de Sá, a única instituição em Belo Horizonte com esse curso academicamente reconhecido na época.
Desde então, Anna trabalhou em várias casas italianas renomadas na cidade e se tornou chef pela primeira vez aos 19 anos na Domenico Pizzeria. Neste restaurante trabalhou por dois anos antes de decidir se mudar para a França. “Vim (para a França) para ficar por 40 dias para visitar meus primos, conhecer a neve e curtir o réveillon europeu”, disse.
Dos 12 anos morando na França, 11 Anna passou em Paris, antes de se mudar para Nice, no litoral francês. Durante esse tempo, teve duas oportunidades como chef de cozinha, uma em 2018 em um restaurante francês da capital e a segunda como chef de cozinha de um restaurante brasileiro em Nice.
Nestes 12 anos trabalhou como commis no restaurante francês “Ratatouille” com o renomado Claude Chazalon, chef de cozinha e antigo jogador de rugby da equipe do Racing. Depois tornou-se chef no “Le Monclar”, outro restaurante de Claude Chazalon. Também trabalhou como sous-chef no restaurante “Goulu”, sob a orientação de Jerome Penanhoat, chef de grandes restaurantes étoilé, como George V e Divellec et L’Ambroisie.
“Trabalhar como chef de cozinha na França não é tarefa fácil, ainda mais sendo mulher e estrangeira. Mas como eu venho de uma família de militares, a disciplina, o rigor, concentração e o trabalho duro são bases da minha criação e é o que me ajuda a ser uma profissional centrada e desempenhada”, disse.
Atualmente, Anna é a chef do “Rodízio Nice”, em Nice. Suas especialidades são as culinárias italiana e francesa, mas recentemente ela se aventurou no universo da culinária brasileira. Como boa mineira, Anna está conquistando o paladar europeu com o sabor caseiro de suas receitas. O frango com quiabo foi o primeiro prato que preparou na França e abriu as portas para sua carreira no país.
Anna também tem duas receitas exclusivas, feijoada sem porco e pastel frito com carne seca marinada com açaí, que está tendo muita repercussão por lá. Em seus pratos, ela utiliza também cremes e manteiga, ingredientes base da culinária francesa que mais aprecia.
Anna considera voltar um dia ao Brasil, mas hoje está agora bem estabelecida e estruturada na França. Seus planos atuais incluem transformar o “Rodízio Nice” em uma referência da culinária brasileira na região costeira da França. Ela quer que todos, ao ouvirem o nome do restaurante, possam defini-lo como um autêntico brasileiro, com sabor de casa.
Se um dia voltar à sua terra natal, pretende abrir um restaurante-escola de segunda a sexta-feira. “O que chamamos aqui de “alternance”, onde as crianças estudam as bases da gastronomia e ao mesmo tempo tem a prática no próprio restaurante da escola aberto ao público no horário do almoço. “E aos finais de semana eu trabalharia como chef em domicílio. Assim eu uniria minhas duas paixões, lecionar e cozinhar!”, completou.