“Ao som de Clarice” no Teatro Dulcina comemora mais de uma década da Cia Teatral Armando Gonzaga

Ao Som de Clarice - Foto de Chris Lopes

Todas as quartas e quintas-feiras de abril, às 19 horas, o espetáculo “Ao Som de Clarice” ocupa o Teatro Dulcina, tendo o amor como tema central da encenação. A Cia Teatral Armando Gonzaga comemora 14 anos de fundação em Niterói e pela primeira vez se apresenta no palco do centro do Rio de Janeiro. Texto e direção de Marília Damatta, neta do dramaturgo homenageado com o nome do grupo de teatro.

O espetáculo também ressalta temas como esperança, desesperança e desespero na história ambientada num camarim, onde há o encontro imaginário entre um músico solitário e sua musa inspiradora: uma atriz de teatro de personagens inspirados nos pensamentos de Clarice Lispector. Na trama, “o amor sem sombra de dúvida é a fonte inesgotável de inspiração que transforma vidas”, comenta Marília.

A protagonista é Anita, vivida por três atrizes e cada uma em cena retrata um momento diferente da personagem, atormentada por dúvidas e medos, até sua total entrega ao homem amado. Os dois dialogam através dos mais singulares tipos de expressão.

Com o elenco formado pelas atrizes Löise Vieira, Catarina Luz e Chris Franco, além dos músicos Bernardo Leão (piano) e Lucas Bazzano (guitarra), a peça já passou por alguns espaços de Niterói e São Gonçalo: Centro Cultural dos Correios, Solar do Jambeiro, Teatro Municipal George Savalla Gomes.

_ O amor é o foco do espetáculo mesmo quando demonstrado através de sentimentos intensos e antagônicos. Através do teatro é importante transmitir o sentido de diversas formas na vida de uma pessoa, de modo que ela possa ter uma visão mais ampla da sociedade, adquirindo respeito, cidadania e um posicionamento mais aberto às adversidades – explica Damatta.

Ficha Técnica:
Ao Som de Clarice/ Texto e direção: Marília Damatta/ Encenação: Cia Teatral Armando Gonzaga/ Atrizes: Chris Franco, Catarina Luz e Loïse Vieira / Músicos: Bernardo Leão (piano) e Lucas Bazzano (guitarra) / Cenário: Leonardo Kaustchs/ Luz: Dum Marino/ Som: Luiz Cardozo/ Assessoria de Imprensa: Clóvis Corrêa/ Produção: Chris Franco e Da Filmes

Sobre Marília Damatta
Marília Gonzaga da Matta é dramaturga, atriz e neta do jornalista e dramaturgo Armando Gonzaga, um dos grandes nomes do teatro no Brasil. Considerado o “Molière Brasileiro”, Gonzaga deixou um legado de cerca de 90 peças teatrais, tendo sido o sétimo presidente da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. (SBAT). Com o espetáculo Ao Som de Clarice, Marília traz à cena um trabalho teatral e literário de profunda sensibilidade, abordando sentimentos intensos que envolvem o universo feminino. São momentos de angústia, dúvidas, amor e entrega, inspirados em pensamentos da inigualável Clarice Lispector. Ela é diretora da CTAG – Cia Teatral Armando Gonzaga e apresenta no teatro textos autorais num trabalho quase sempre de observação do cotidiano humano sociocultural.

Sobre a CTAG
A Cia Teatral Armando Gonzaga desde 2009 ministra oficinas e apresenta espetáculos, privilegiando as obras do dramaturgo Armando Gonzaga, como também de autores contemporâneos. Dirigida pela dramaturga Marília Damatta, tem em seu elenco atores profissionais das artes cênicas do eixo Rio/ Niterói. Sediada em Piratininga, a Cia apresenta mostras teatrais ecléticas, entre comédias, dramas e poesias, em sua maioria autorais.

Sobre Clarice Lispector
Clarice Lispector (1920-1977) foi um dos maiores nomes da literatura brasileira do Século XX. Com seu romance inovador e com sua linguagem altamente poética, sua obra se destacou diante dos modelos narrativos tradicionais. Seu primeiro livro – “Perto do Coração Selvagem” – recebeu o Prêmio Graça Aranha. É considerada uma escritora intimista e psicológica, mas sua produção acaba por se envolver em outros universos, sua obra é também social, filosófica e existencial.

Sobre Armando Gonzaga
Jornalista e teatrólogo, Armando Gonzaga (1884 –1953) conquistou o público pela grande comicidade de suas peças, escritas com fina ironia e leves traços satíricos. Ele nasceu no Rio de Janeiro, quando a cidade era a capital do Império, em 20 de janeiro de 1884. Como jornalista, foi revisor do Diário Oficial, do Correio da Manhã e do Jornal do Comércio. Foi repórter, redator, colaborador e correspondente de vários jornais e revistas. Exerceu por longo tempo sua atividade no Senado Federal, como cronista parlamentar. Foi sócio conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa – ABI, onde ingressou em abril de 1913. Como teatrólogo retratou a sociedade da época, em particular a pequena burguesia, com suas comédias de costumes e tipos humanos.

Serviço:
Estreia: 5/4, quarta-feira.
Dias: 5 e 6, 12 e 13, 19 e 20, 26 e 27 de abril, quartas e quintas-feiras, às 19h.
Peça: Ao Som de Clarice. Texto e Direção: Marília Damatta. Com a Cia Teatral Armando Gonzaga.
Elenco: Chris Franco, Catarina Luz e Loïse Vieira
Músicos: Bernardo Leão (piano) e Lucas Bazzano (guitarra)
Local: Teatro Dulcina
Endereço: Rua Alcindo Guanabara, 17 – Centro, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada para idoso, estudante, menos de 21 anos e pessoa com deficiência) na bilheteria ou pela Sympla.
Duração: 50 minutos
Capacidade: 250 lugares
Classificação etária: 14 anos

Leci Brandão tem vida e obra celebrada em musical com direção de Luiz Antonio e texto de Leonardo Bruno

Leci Brandão – Foto de Alberto Maurício

Para reverenciar a vida e a obra de Leci Brandão, o diretor Luiz Antonio Pilar leva ao palco do Teatro João Caetano, a partir do dia 7 de abril, o musical Leci Brandão – Na Palma da Mão, com texto do jornalista e escritor Leonardo Bruno. O espetáculo estreou em janeiro deste ano no SESC Copacabana, onde teve todas as suas sessões esgotadas. As atrizes Tay O’Hanna e Verônica Bonfim interpretam Leci Brandão e sua mãe, D. Lecy, respectivamente, e Sérgio Kauffmann representa personagens masculinos presentes na vida da cantora, como o líder comunitário Zé do Caroço, inspiração de uma de suas músicas mais famosas. A narrativa é construída a partir da relação muito forte entre mãe e filha até a morte de D. Lecy, aos 96 anos, em 2019.

“O espetáculo é contado sob o ponto de vista da mãe, referência maior na vida de Leci. São reminiscências dela. No espetáculo, às vezes a mãe canta canções significativas do repertório da Leci para a Leci. Em Das coisas que mamãe me ensinou, fizemos uma alteração na letra ‘tudo isso é resultado das coisas que sua avó (ao invés de mamãe) me ensinou’: a avó da Leci ensina para mãe, que ensina para Leci e Leci deixa seu legado. A ideia foi construir um espetáculo cujo arcabouço mostrasse toda a tradição familiar e religiosa, o respeito e a educação de uma família preta, que a Leci traz”, resume o diretor Luiz Antonio Pilar.

O texto de Leonardo Bruno marca sua estreia no universo teatral: “Para a pesquisa que eu havia feito para o livro Canto de Rainhas (Agir, 2021) já me chamava a atenção como ela era muito avançada para a época. Os cinco primeiros discos, lançados na segunda metade dos anos 70, falam de coisas que estamos discutindo agora – mulheres, negros, LGBT, desigualdade social e por aí vai. E ainda foi corajosa ao romper com a gravadora que queria lhe impor repertório. As letras dizem muito sobre quem ela é, falam da sua história de vida, facilitou muito na hora de escrever”, conta.

Para a montagem do espetáculo, o texto original ganhou adaptação dramatúrgica feita a seis mãos pelo diretor Luiz Antonio Pilar, a assistente de direção Lorena Lima e a diretora de movimento Luiza Loroza.

A simbologia do Candomblé, muito presente na vida da artista, é um dos fios condutores da dramaturgia. Filha de Ogum e Iansã na religião africana, Leci passou cinco anos sem gravar desde que se afastou da Polygram, por não aceitar reescrever suas letras. Em uma consulta às entidades no terreiro, ouve que tudo ficará bem. Ela assina com uma gravadora nacional, grava um disco com seu nome e estoura. Em agradecimento, todos os seus discos a partir de então tem uma saudação a um Orixá. “O espetáculo está estruturado dessa forma. A primeira saudação é para Exu, para abrir os caminhos. A todo momento esses Orixás vêm e assim vamos alicerçando a cena”, explica o diretor.

Grande parte dos 17 números musicais do espetáculo são composições de Leci Brandão, como A filha da Dona Lecy, Ombro amigo, Gente negra e Preferência. Outras, como Corra e olhe o céu, de Cartola, e o samba-enredo da Mangueira História pra ninar gente grande, campeão de 2019, são significativas na trajetória da artista. Além do trio de atores, que também canta, estão no palco quatro músicos que tocam ao vivo – Matheus Camará (violão, clarinete e agogô), Thainara Castro e Pedro Ivo (percussão) e Rodrigo Pirikito (violão, cavaquinho e xequerê).

“Eu trouxe para fazer a direção musical o Arifan Junior. É uma figura onipresente nas rodas de samba da cidade e tem feito com o Awurê um resgate muito importante dos sambas religiosos, de reafricanização do samba, mas também para dar um caráter mais orgânico e verdadeiro à parte musical, trazendo o clima de uma roda de samba real, com menos rigor e apuro, como em geral é visto nos musicais”, define Pilar.

Dentro desse conceito, a cenógrafa Lorena Lima, homônima da assistente de direção, detalha a ambientação cênica: “A árvore, de 2,50m, rodeada por pedras, é o destaque do cenário, que será um grande quintal, um terreiro em tons terrosos e verde, com o chão todo coberto de folhas secas de mangueira”. Dessas folhas, surgem peças do figurino criados por Rute Alves, que serão usados pelos atores, que não saem de cena durante o espetáculo.

O espetáculo não tem uma linha cronológica e faz algumas licenças poéticas, como a troca da música Cadê Marisa?, com a qual Leci ganhou um festival ainda bem jovem, por Papai Vadiou. “Minha intenção maior foi sempre integrar a música, o figurino e o cenário numa coisa só, uma concepção global, em que tudo se relaciona”, conta o diretor.

Mais sobre Leci Brandão

Primeira mulher a integrar a Ala de Compositores da Mangueira, e segunda mulher negra a ser eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo, Leci assumiu a homoafetividade publicamente no fim dos anos 70 e, alguns anos depois, rompeu com a gravadora multinacional por não aceitar abrandar as letras contestadoras. É autora de sucessos atemporais como Papai vadiou, Isso é fundo de quintal, Essa tal criatura, Ombro amigo e Zé do Caroço, este último regravado por artistas tão diversos como Seu Jorge, Anitta, Mariana Aydar, Grupo Revelação e a banda de rock Canto Cego. Estendeu sua luta política para o plenário e, já radicada em São Paulo, filiou-se ao PCdoB e foi eleita deputada estadual em 2010 com 86.298 votos. Atualmente em seu quarto mandato, recebeu 90.496 votos em 2022. Aos 78 anos, segue ativa na música e na vida parlamentar, conclamando o povo para levar na palma da mão a luta pelas causas de todos os marginalizados.

Mais sobre Luiz Antonio Pilar

Carioca, nascido e criado na Vila Vintém, Pilar estudou Teatro na Escola Martins Penna e se formou em Artes Cênicas, Direção Teatral, pela UniRio. Dirigiu o longa-metragem de ficção Lima Barreto, ao Terceiro Dia. Assim como no cinema, produziu e dirigiu o documentário Candeia, O Papel e o Mar, Em Quadro – A História de 4 Negros nas Telas e Remoção. Na TV, dirigiu novelas como Desejo Proibido, Sinhá Moça e A Padroeira, Xica da Silva e Mandacaru. Criou os documentários Mojubá e Heróis De Todo Mundo, 60 filmes biográficos sobre personalidades negras da história do Brasil. No teatro foi responsável por diversos espetáculos como Os Negros, de Jean Genet; Paparutas, de Lázaro Ramos; Lima Barreto, ao Terceiro Dia, de Luís Alberto de Abreu, e Ataulfo Alves, o Bom Crioulo, de Enéas Carlos Pereira e Edu Salemi.

Mais sobre Leonardo Bruno

Jornalista, escritor e roteirista. É autor dos livros Canto de rainhas, Zeca Pagodinho — Deixa o samba me levar, Beth Carvalho — De pé no chão, Explode, coração — Histórias do Salgueiro
,
Cartas para Noel — Histórias da Vila Isabel e Três poetas do samba-enredo, entre outros. Na TV, assinou direção e roteiro da série O samba me criou. No cinema, escreveu o roteiro do filme Andança – As memórias e os encontros de Beth Carvalho. Foi apresentador do programa Roda de Samba Ao Vivo e colunista do jornal Extra. Atua como pesquisador do Observatório do Carnaval, no Museu Nacional (UFRJ). É jurado do prêmio Estandarte de Ouro, do jornal O Globo, e comentarista de carnaval da TV Globo.

FICHA TÉCNICA

Leci Brandão – Na Palma da Mão

Texto e pesquisa: Leonardo Bruno
Adaptação dramatúrgica: Lorena Lima, Luiz Antônio Pilar e Luiza Loroza
Direção: Luiz Antonio Pilar
Direção Musical: Arifan Júnior
Assistente de direção: Lorena Lima
Direção de Movimento: Luiza Loroza
Figurino: Rute Alves
Cenografia: Lorena Lima
Iluminação: Daniela Sanchez
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Atriz/Cantora: Verônica Bonfim
Ator/Cantor: Sérgio Kauffmann
Atriz/Cantora: Tay O’Hanna
Violão, clarinete e agogô: Matheus Camará
Cuíca, tantan, surdo, caixa, tamborim, congas e efeitos: Pedro Ivo
Violão, cavaquinho e xequerê: Rodrigo Pirikito
Pandeiro, atabaque, congas, repique de anel, repinique e efeitos: Thainara Castro
Preparador Vocal: Pedro Lima
Assistente Dir. Musical: Rômulo dos Anjos
Assistente Figurino: Diogo Jesus
Assistente Cenografia: Tarso Tabu
Cenotécnico: Vicente Mota
Produção Executiva: Synara Moreira
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Idealização e Realização: Lapilar Produções

SERVIÇO:
Estreia: 07 de abril
Temporada: de 07 a 29 de abril de 2023 – sexta, às 19h e sábado, às 18h
Endereço: Praça Tiradentes, s/n – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20060-070
Tel: (21) 2332-9257
Ingresso: R$ 50,00 – inteira
R$ 25,00 – meia entrada
Bilheteria: terça a sexta, de 13h às 18h, sábado de 15h às 18h
Vendas online: https://funarj.eleventickets.com/
Duração: 80min
Capacidade: 1.139 lugares
Classificação indicativa: 14 anos
Acesso para pessoas com necessidades especiais

Joao Schmidt volta aos palcos em “Pai-de-Deus”

Pai de Deus – Foto de Fabrício Simões

O apelido usado por um torturador nos sombrios anos da ditadura brasileira, que também remete sonoramente a pas de deux, um passo em dupla no balé, nomeia o espetáculo teatral “Pai-de-Deus”, que estará em cartaz na Sede Cia dos Atores, na Lapa, nas quartas e quintas (dias 5, 6, 12 e 13) de abril, às 20h. A peça comemora os 60 anos de carreira do dramaturgo Valter Sobreiro Junior e o retorno aos palcos do ator Joao Schmidt. Ingressos a R$ 40.

Joao Schmidt vive um senhor que recebe duas visitas de um jovem, interpretado por Germano Rusch. Não sabemos ao certo quem são esses personagens, mas os conflitos que surgem apontam para memórias terríveis que os ligam a um passado comum: a ditadura militar. Em meio a culpas, remorsos, desespero e violência, eles se vêem presos num jogo de forças opostas e complementares. “Entre os tantos significados potentes que a releitura desse texto traz, temos também o nosso reencontro, já que o Valter foi o diretor da minha estreia nos palcos, em 1985. As dores da ditadura ainda ecoam. Seja na memória do povo ou sob os holofotes, onde a arte faz o espectador resgatar as mais diferentes sensações”, pensa Schmidt. A participação em vídeo de Tania Fayal, sobrevivente das torturas, é um dos momentos impactantes da montagem.

“Revivemos sentimentos que levam o espectador a esse período sombrio da história do nosso país, em que a tirania se impunha aos corações e mentes”, opina Rusch, nascido em 1994, ou seja, trinta anos depois do regime instaurado em 1 de abril de 1964, que deveria ser uma breve intervenção militar, mas durou até 15 de março de 1985. Foram 21 anos de censuras, torturas e assassinatos.

Joao Schmidt decidiu voltar a atuar durante a pandemia. “E quando recebi esse texto de Valter, já na primeira leitura o escolhi. Ele ecoa o golpe de 64 e, ao mesmo tempo, traz tudo o que passamos nesse último governo”, diz o protagonista. Nas duas últimas décadas, Schmidt se dedicou às produções artísticas e técnicas de nomes como Leila Pinheiro e Zélia Duncan. Ele também assina a cenografia do espetáculo. “Pai-de-Deus” tem preparação corporal de Marvin Duarte, figurinos de João Bachilli, desenho de luz e operação técnica de Fabrício Álvaro, vídeo de Alessandra Azevedo e edição de vídeo de Mateus Dias. Além do texto, Valter Sobreiro Junior compôs a música original que permeia o espetáculo. Nascido em Rio Grande, no sul do país, Sobreiro possui uma longa e prestigiada carreira dedicada ao teatro. Liderou por anos o Teatro Escola de Pelotas, participou da montagem de inúmeros espetáculos e recebeu diversos prêmios em nível estadual e nacional, como produtor, diretor, dramaturgo, designer de luz, cenógrafo e criador de música para a cena. “As sequelas deixadas pelos horrores da ditadura brasileira não é um tema novo, mas o diferencial está na maneira em como é abordado, com uma trama psicológica densa, intrigante, tecida com pistas imprecisas e ambiguidades, de modo a manter o espectador enredado (e curioso) até o final”, escreveu a repórter Joice Lima, no site e-cult.

SERVIÇO

PAI-DE-DEUS NO RIO DE JANEIRO
QUANDO: Dias 4, 5, 12 e 13 de abril, às 20h
ONDE: Sede Cia dos Atores – Escadaria Selarón, na Lapa
QUANTO: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)

Companhia Ensaio Aberto apresenta espetáculo ‘A Exceção e a Regra’

A exceção e a regra – Foto de Thiago Gouvêa

Em comemoração aos seus 30 anos de resistência, a Companhia Ensaio Aberto lança o espetáculo A Exceção e a Regra. A obra de Bertolt Brecht estreia dia 14 de abril e oferece 24 sessões gratuitas disponíveis no Armazém da Utopia. Com direção de Luiz Fernando Lobo, grande entusiasta ao se tratar de Brecht, o espetáculo desperta a curiosidade do público ao passo que os espectadores aprendem algo, reforçando o legado do dramaturgo alemão. Em A Exceção e a Regra, contextualizado nos anos 30 na Alemanha, busca uma comunicação direta com os trabalhadores da época que busca deter o nazismo, que desde o início dos anos 20 crescia de forma acentuada.

Um comerciante em busca de petróleo. Para tal, contrata um guia e um cule para atravessar o deserto. Como “o negócio é de quem chegar mais rápido”, o comerciante exerce enorme pressão sobre os dois contratados. Com medo que esta cobrança incite uma reação nos dois o deixando em condição de desvantagem, o comerciante demite o guia e força o cule a seguir em frente. Acabam se perdendo e ficando sem água.

O cule resolve partilhar a água de seu cantil com o comerciante, que não pode compreender um gesto destes depois de tudo que aconteceu. Apavorado, pensa que o cule vai matá-lo com uma pedrada e então mata-o com um tiro. O comerciante vai a julgamento e é absolvido. Os juízes entendem que ele agiu em legítima defesa. O comerciante não podia acreditar na solidariedade vinda de um explorado. O tribunal entende que pela regra o cule mataria o comerciante e, portanto, ele não poderia acreditar na exceção.

Bertolt Brecht buscava referências nas análises de Marx sobre o mundo contemporâneo. O desejo do autor é que o público estranhe os mínimos detalhes e gestos do cotidiano em uma sociedade dividida em classes.

Esse espetáculo é viabilizado por parceria do Ministério da Cultura, da Fundação Nacional de Artes Espetáculo teatral Nova Criação.

Sobre o diretor
Luiz Fernando Lobo é um estudioso da linguagem de Bertolt Brecht, um companheiro de trabalho inseparável para a pesquisa do seu teatro épico. Tambores da Noite, realizado na inauguração do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, foi um dos mais importantes espetáculos de sua carreira; depois, na montagem de Um Céu de Asfalto, com Sérgio Britto e Marlene, visitou a obra poética do alemão. Evidentemente isso não é um acaso.
Além disso, é conhecido pela forte influência de Brecht nos seus métodos de trabalho e no seu repertório. O espetáculo A Mãe, Cabaré Youkali e Havana Café, demonstra o quanto o público carioca reconhece e aplaude esta influência, já que transformou estes espetáculos em grandes sucessos. A presença marcante do dramaturgo atesta como sua obra é viva.

Sobre a Companhia Ensaio Aberto
A Companhia Ensaio Aberto completa 30 anos em 2023, com a proposta de retomar o teatro épico no Brasil e fazer dos palcos uma arena de debate, resgatando sua vocação crítica e política, na busca de uma cena que atue na transformação da realidade. Um teatro onde o centro não está mais no indivíduo, mas no complexo das relações sociais.

Em seu repertório constam peças aclamadas pelo público e pela crítica como Cemitério dos Vivos, Missa dos Quilombos, Dez Dias Que Abalaram o Mundo, O Dragão e Morte e Vida Severina. Está sendo indicada em 6 categorias para o Prêmio Cesgranrio de Teatro e em 3 categorias para o Prêmio Shell de Teatro, tendo ganho o prêmio de Melhor Direção Musical.

45 artistas e técnicos compõem o atual coletivo da Companhia Ensaio Aberto, sediada no Armazém da Utopia, armazém de 5 mil metros quadrados, localizado na Zona Portuária do Rio.

Em 2022, Armazém da Utopia tornou-se patrimônio imaterial cultural do Estado e do Município do Rio de Janeiro. A Lei Estadual 9.441/2021 e a Lei Complementar 246/2022 tornam o Armazém da Utopia um espaço para uso restrito a atividades culturais e sociais e fortalecem a luta da Companhia Ensaio Aberto pela permanência no Armazém da Utopia.

www.armazemdautopia.com.br
@companhiaensaioaberto – @armazemdautopia

Ficha Técnica
Bertolt Brecht
Tradução: André Vallias
Direção: Luiz Fernando Lobo
Cenografia: J.C.Serroni
Figurinos: Beth Filipecki e Renaldo Machado
Iluminação: Cesar de Ramires
Direção musical e trilha original: Felipe Radicetti
Direção de Produção: Tuca Moraes
Programação Visual: Marcos Apóstolo, Marcos Becker e Tatiana Rodriguez
Produção: Marina Gadelha
Preparação Vocal: Ana Calvente
Preparação Corporal: Luiza Moraes e Paulo Mazzoni

Serviço
A EXCEÇÃO E A REGRA
14 de abril a 22 de maio | 24 sessões gratuitas
Horário: Sessão às 20h
Local: Armazém da Utopia | https://www.armazemdautopia.com.br/como-chegar/
Classificação indicativa: 12 anos
Agendamento de grupos: (21) 98909-2402 – WhatsApp
Abertura da casa uma hora antes do início do espetáculo
Lotes de retirada de ingressos disponíveis a partir de 03/03 no Sympla.
Companhia Ensaio Aberto / Armazém da Utopia

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