Com texto original e direção geral de Marcio Abreu, que parte da pesquisa e questionamentos atuais da companhia relativos à memória, sonho e tempo, o espetáculo traz aos palcos os artistas Renata Sorrah, Rodrigo Bolzan, Rafael Bacelar, Bárbara Arakaki e Bixarte. A obra é, também, uma ficção sobre uma suposta biografia de alguém, de uma artista. A peça convida o público a entrar dentro da cabeça dessa pessoa e conhecer suas memórias, sonhos e imaginário, projeções de futuros, percorrendo imagens recentes da história do Brasil e do mundo com um olhar para as histórias singulares e coletivas da sociedade brasileira.
AO VIVO [dentro da cabeça de alguém] estreou em agosto de 2024, no Teatro do Sesi-SP, na Avenida Paulista, e passou por Curitiba (PR) no Teatro da Reitoria dentro da programação do Festival de Teatro da cidade, Belo Horizonte (MG), em duas apresentações no Teatro SESIMINAS em abril, dentro do projeto Sesi em Cena, e uma pequena circulação pelas unidades do Sesc SP por cidades do interior paulista. A peça, criada pela companhia brasileira de teatro num gesto coletivo com os artistas Renata Sorrah, Rodrigo Bolzan, Rafael Bacelar, Bárbara Arakaki e Bixarte, chega agora ao Rio de Janeiro, no dia 02 de maio, para uma temporada de um mês (quinta e sexta, às 19h | sábado e domingo, às 18h), no Teatro Carlos Gomes. O texto e direção geral são de Marcio Abreu e a pesquisa e criação é assinada por ele ao lado de seus parceiros e núcleo criativo da companhia, os artistas Nadja Naira, Cássia Damasceno e José Maria.
AO VIVO [dentro da cabeça de alguém] dialoga com a obra de Anton Tchekhov, especialmente com seu texto seminal A Gaivota e dá sequência a uma das linhas de pesquisa da companhia brasileira de teatro, que reflete os tempos atuais a partir de diálogos inventivos com os clássicos. Durante o processo de criação, a partir da obra do autor russo, algumas indagações foram feitas para a constituição da dramaturgia, como: quais questões levantadas por Tchekhov atravessam o tempo e chegam até nós, hoje? E de que modo? Como expandir essas questões? E que formas são possíveis, hoje? Há formas novas, futuros possíveis?
Também foram tema de debate o valor da arte, para quem se produz e com quem, os tipos de espaços para se ocupar e construir, a forma como os jovens artistas encontram a própria voz na atualidade, e como se perceber artista na coletividade, com e para o público, em uma experiência viva, focada no agora.
O espetáculo
A narrativa de AO VIVO [dentro da cabeça de alguém] é formada por diferentes elementos de diversos campos de memória dos artistas que o compõem. “O público é convidado a percorrer uma lógica de sonho ou de memória, não exatamente no sentido onírico, mas como a gente formula o pensamento, como a memória não tem só a ver com o passado, mas como é um campo ativo de produção de sentidos e também de projeção para possíveis futuros”, explica Marcio Abreu.
A cena que abre o espetáculo, por exemplo, foi inspirada em uma experiência da atriz Renata Sorrah, na década de 1970, quando estava indo para o ensaio da célebre montagem de A Gaivota, que participou no Rio de Janeiro. Em outro estado de consciência, ela revê personagens de sua vida e de sua arte, atravessando o tempo e ressignificando suas existências, ao vivo, hoje.
A própria peça de Tchekhov também está presente de várias maneiras, seja de forma conceitual e reflexiva sobre as temáticas abordadas nela, seja com os próprios trechos reescritos. Nesta conjunção de memórias, o espetáculo se passa dentro da cabeça de uma artista. Da Renata, da Nina, da Bianca, da Bárbara, do Bolzan, do Rafael, de todos que criaram esse trabalho. Como se pudessem perceber outras consciências, outras subjetividades, coisas que são, e de repente já não são mais. Coisas que se revelam e desaparecem, algo que se vê e, de repente, já não está mais ou já não o é.
“Quando entramos na cabeça de alguém, no campo dinâmico de produção de memória, percebemos que a vida de um único sujeito não é formada apenas por uma individualidade, mas por uma multidão de possibilidades de ser”, afirma o diretor. “É uma peça sobre estar vivo agora. É uma espécie de ensaio sobre vivências no tempo, sobre como colocar tempos múltiplos em relação, no presente. Os tempos – histórico, subjetivo, futuro e da memória – estão todos em convivência.”
Com uma equipe diversa de multiartistas e parceiros colaboradores da companhia em outros trabalhos, AO VIVO [dentro da cabeça de alguém] conta com instalação cenográfica e vídeos criados pelo premiado cineasta, artista visual e diretor Batman Zavereze; figurinos do estilista e criador Luís Cláudio Silva e seu Apartamento 03; música original do multiinstrumentista e diretor musical Felipe Storino; direção de movimento e colaboração criativa da diretora, coreógrafa e bailarina Cristina Moura; fotografias e documentação sensível do projeto da artista Nana Moraes; e a assistência de direção e colaboração criativa do ator, bailarino e pesquisador Fábio Osório Monteiro.
AO VIVO [Dentro da Cabeça de alguém] traz duas alegrias: a companhia brasileira de teatro junto à atriz Renata Sorrah. A primeira destacamos pela trajetória de repertório brilhante e sua importância na pesquisa e construção da cena contemporânea brasileira atual. Com um histórico de espetáculos impecáveis, tanto na estética como na contundência dos temas tratados. Na segunda, saudamos, com honra, a presença de Renata neste elenco – o sexto trabalho da atriz com a companhia e sétimo com o diretor Marcio Abreu –, uma artista emblemática desde o seu reconhecimento na teledramaturgia, como na sua potência em cena, algo que precisa ser visto e admirado. Neste encontro de potência e excelência, o espetáculo se encontra com o texto de Anton Tchekhov para a criar uma realidade ficcional, sensível, que convida a uma imersão ao universo interno do ser e ao espaço coletivo social.
Sobre a companhia brasileira de teatro
A companhia brasileira de teatro é um coletivo de artistas de várias regiões do país fundado pelo dramaturgo e diretor Marcio Abreu em 2000, em Curitiba PR. Sua pesquisa é voltada sobretudo para novas formas de escrita e para a criação contemporânea.
Entre suas principais realizações, peças com dramaturgia própria, escritas em processos colaborativos e simultâneos à criação dos espetáculos, como PRETO (2017); PROJETO bRASIL (2015); Vida (2010); O que eu gostaria de dizer (2008).
Há ainda uma série de criações a partir da obra de autores inéditos no país como uma adaptação da obra ‘Platonov’, de Anton Tchekov intitulada ‘POR QUE NÃO VIVEMOS?’ (2019); a peça ‘Krum’ (2015), de Hanock Levin; ‘Esta Criança’ (2012), de Joël Pommerat; ‘Isso te interessa?’ (2011), a partir do texto ‘Bon, Saint-Cloud’, de Noëlle Renaude; ‘Oxigênio’ (2010), de Ivan Viripaev; ‘Apenas o fim do mundo’ (2006), de Jean Luc Lagarce; ‘Suíte 1’ (2004), de Phillipe Myniana.
Suas criações mais recentes são ‘AO VIVO [dentro da cabeça de alguém]’ (2024) e ‘SEM PALAVRAS’ (2021), ambas com texto e direção de Marcio Abreu.
A companhia realiza ainda frequentes intercâmbios com outros artistas no país e no exterior, mantém um repertório ativo e circula com frequência pelo Brasil e Europa. Suas produções frequentemente são realizadas através de leis de incentivo à cultura ou com o suporte de instituições como SESC e SESI, e centros culturais como CAIXA e CCBB.
O núcleo criativo da companhia é composto por Marcio Abreu [direção, dramaturgia, direção artística], Nadja Naira [atriz, iluminadora, coordenação técnica], Cássia Damasceno [atriz, administração] e José Maria [direção de produção].
Ficha Técnica
- Texto e Direção geral: Marcio Abreu
- Pesquisa e Criação: Marcio Abreu, Nadja Naira, Cássia Damasceno e José Maria
- Elenco: Renata Sorrah, Rodrigo Bolzan, Rafael Bacelar, Bárbara Arakaki e Bixarte
- Direção de produção e administração: José Maria e Cássia Damasceno
- Iluminação e assistência de direção: Nadja Naira
- Direção Musical e Trilha Sonora Original: Felipe Storino
- Direção de Movimento e colaboração criativa: Cristina Moura
- Assistência de direção e colaboração criativa: Fábio Osório Monteiro
- Figurinos: Luís Cláudio Silva | Apartamento 03
- Direção videográfica: Batman Zavareze
- Cenografia: Batman Zavareze, João Boni, José Maria, Nadja Naira e Marcio Abreu
- Assistente de Arte: Gabriel Silveira
- Edição de vídeo: João Oliveira
- Captação das imagens para vídeos: Cacá Bernardes | Bruta Flor Filmes
- Design de som: Chico Santarosa
- Assistência de Cenografia: Kauê Mar
- Técnica de vídeo, luz e programação videomapping: Michelle Bezerra, Ricardo Barbosa e Denis Kageyama
- Técnica de som: Dafne Rufino
- Cenotécnica: Sasso Campanaro, Tinho Viana, Alexander Peixoto, Douglas Caldas
- Maquinista: Sasso Campanaro e Bruno Oliveira
- Fotos: Nana Moraes
- Programação visual: Pablito Kucarz e Miriam Fontoura
- Produção Original: Sesi SP
- Criação e produção: companhia brasileira de teatro
- https://www.companhiabrasileira.art.br/
Serviço
- Local: Teatro Carlos Gomes – Praça Tiradentes s/nº (Rua Pedro I, 4) – Centro
- Informações: 21 2035-0247
- Temporada: de 02 de maio a 31 de maio
- Horário: quinta a sábado, às 19h | domingo, às 18h
- Capacidade: 685 lugares
- Duração: 100 minutos
- Classificação: 16 anos
- Ingresso: R$80,00 (inteira) | R$40,00 (meia-entrada)
- Bilheteria: quarta, das 14h às 19h | quinta e sexta, das 16h às 20h | sábado e domingo, das 14h às 18h
- Ingressos online: https://riocultura.eleventickets.com/