Após mais de 200 apresentações em todo o Brasil, para mais de 100 mil espectadores, o espetáculo “Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio” — monólogo com a aclamada interpretação de Beth Zalcman, sob a direção de Luiz Antônio Rocha, a partir de texto de Lúcia Helena Galvão — continua a impressionar plateias. A peça retornará ao Rio de Janeiro para três únicas apresentações no Teatro Clara Nunes, Shopping da Gávea: 28 e 29 de novembro, sexta e sábado, às 20h30; e 30 de novembro, domingo, às 19h.
É a oportunidade de descobrir ou rever a peça cujo sucesso confirma a atualidade de Blavatsky e o vigor artístico da encenação. O texto traz ciência, religião, história, filosofia, a busca pelo conhecimento, a condição feminina e os pensamentos transformadores da filósofa em meio às adversidades de todas as épocas.
Para o diretor Luiz Antônio Rocha, levar Helena Blavatsky aos palcos era uma ideia antiga. Por intermédio da filósofa, professora e poeta Lúcia Helena Galvão, o projeto saiu da gaveta e se concretizou. Profunda conhecedora de Blavatsky, Lucia Helena marcou sua estreia no teatro ao criar um texto que resgata a atemporalidade da personagem, eliminando estereótipos que lhe foram associados – como a fama de bruxa, por conta de sua paranormalidade.
“Lúcia nos trouxe o caminho”, diz o diretor, ressaltando que é a grande pensadora e filósofa que está em cena. “A peça enfatiza a dimensão filosófica e humanista de Helena Blavatsky – sua busca incessante pelo conhecimento, o diálogo entre culturas, a defesa de uma fraternidade universal e a coragem de desafiar dogmas e preconceitos do seu tempo”.

Beth Zalcman, que traz Helena Blavatsky magistralmente ao palco, já tinha sido dirigida por Rocha na comédia de costumes “Brimas”, escrita por ela e que lhe rendeu indicação ao prêmio Shell de melhor texto. Com Blavatsky, Beth transmite à plateia o que a personagem lhe trouxe como ensinamento: determinação, entrega e escutar a voz do silêncio para melhor enxergar a si mesma e a humanidade.
“Blavatsky me fez refletir, me despir de minhas certezas absolutas do mundo contemporâneo, para poder mergulhar na potência da alma humana, do feminino, nas reflexões profundas sobre a existência que deixamos adormecida dentro de nós. Trata-se de um texto belíssimo, um convite para que possamos escutar a nossa voz do silêncio”, afirma a atriz.
Pela interpretação de Blavatsky, Beth Zalcman recebeu o Prêmio CENYM de Teatro Nacional, da ATEB – Academia de Artes no Teatro do Brasil, como Melhor Atriz de 2023.
Durante 60 minutos, a atriz magnetiza a plateia em um ambiente que procura conduzir o irreal para o real, as ilusões à verdade espiritual, a ignorância à sabedoria que ilumina o propósito da existência. O ponto de partida para a direção de arte, cenário e figurinos foram baseados em algumas pinturas do artista impressionista Édouard Manet, que traduz com beleza a solidão do último instante de vida de Helena Blavatsky.
Assim, a encenação ajuda a materializar a mágica da dramaturgia, propondo ainda o sfumato, técnica artística italiana de pintura e desenho. Leonardo Da Vinci, que a popularizou em suas obras, descreveu a técnica como a ausência de linhas ou fronteiras – na forma esfumaçada, que vai além do plano de foco.
Um resgate ao pensamento sempre atual da filósofa russa
Para Luiz Antônio Rocha, resgatar o pensamento de Blavatsky é de extrema importância, sobretudo em um momento de caos mundial, no qual fundamentalismo, crises políticas e climáticas e o avanço das tecnologias afetam a dignidade humana. “Blavatsky nos lembra que o universo é dirigido de dentro para fora e que nenhuma mudança exterior acontece sem um impulso interno”, observa o diretor.
Sobre viver um personagem tão emblemático, Beth Zalcman comenta: “Interpretar Blavatsky é mergulhar no improvável, no intangível. Nada mais desafiador para uma atriz do que um texto que demanda extrema sensibilidade, concentração e imaginação, e transporta a plateia para um universo de possibilidades”.