Após passagens por Portugal e Alemanha, exposição Água Pantanal Fogo retorna ao Brasil com grande público e visitação ampliada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro

Aberta ao público do Museu do Amanhã no final de julho, a exposição-manifesto Água Pantanal Fogo, mostra que reúne 80 imagens de dois dos mais importantes fotodocumentaristas brasileiros, Luciano Candisani e Lalo de Almeida, sob curadoria de Eder Chiodetto, tem atingido recordes de visitação, recebendo em torno de 1,8 mil pessoas por dia e se tornando a exposição temporária mais prestigiada do museu fluminense, com média mensal de mais de 40 mil visitantes. Impactante, o projeto curatorial de Chiodetto propõe um olhar crítico sobre o Pantanal ao contrapor a exuberância do bioma com flagrantes trágicos das queimadas de 2020 e 2024.

Diante do crescente interesse do público, o Documenta Pantanal, foi convidado a prorrogar o período de visitação, previsto para final de novembro, agora estendido até janeiro de 2026. Originalmente montada em 2024 no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, no primeiro semestre de 2025 a exposição foi levada ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência de Lisboa, em Portugal. Até outubro deste ano, a mostra também segue em cartaz no Museu Internacional Marítimo de Hamburgo, na Alemanha. A itinerância internacional terá continuidade em 2026: em 15 de janeiro, a mostra será aberta no Museu da Ciência de Londres, na Inglaterra;  em 5 de março, na Embaixada do Brasil em Roma, na Itália.

Produzidas ao longo de três décadas, as fotos de Candisani exploram a potência simbólica da água e a diversidade da vida pantaneira em ângulos subaquáticos, terrestres e aéreos. Nas imagens de Lalo, vencedor do World Press Photo em 2021 com a série Pantanal em Chamas, a fotografia assume caráter de denúncia, revelando as marcas da ação humana sobre o bioma e reforçando a urgência da preservação. Em diálogo, os dois ensaios redimensionam a compreensão e a conscientização do público de que o Pantanal é um patrimônio natural de valor incalculável e, ao mesmo tempo, um ecossistema sob grave ameaça.

“Na exposição Água, Pantanal, Fogo, as imagens denunciam e informam, dando forma e conteúdo aos números da ciência e às notícias dos jornais. Sobretudo, a arte da dupla emociona. O contraste entre a exuberância da vida e a violência do crime que leva à morte – entre a água e o fogo, entre o bem e o mal, entre o encanto e o medo – leva à raiz mais íntima da humanidade. O resultado é maravilhamento, com a beleza da natureza, e indignação, com a estupidez, o crime e a impunidade”, afirma Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã.

Fotografia e conservação em debate

A montagem carioca de Água Pantanal Fogo integra o projeto Ocupação Esquenta COP do Museu do Amanhã, que busca antecipar e aprofundar o debate sobre a emergência climática em preparação para a COP30, a conferência climática da ONU que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém (PA). Em paralelo à exposição do Documenta Pantanal, o projeto idealizado pelo Museu do Amanhã também promove as mostras Claudia Andujar e Seu Universo, individual inédita da fotógrafa suíço-brasileira, e Tromba D’Água, coletiva com obras de 14 artistas latino-americanas e curadoria de Ana Carla Soler, Carolina Rodrigues e Francela Carrera.

A programação do projeto Ocupação Esquenta COP também inclui uma série de painéis de debate, sempre gratuitos. Dois deles serão promovidos pelo Documenta Pantanal, com temas derivados da exposição Água Pantanal Fogo. Confira os detalhes, a seguir:

Painel 1 – Fotografia e Conservação: como isso funciona?
Com Eder Chiodetto, Lalo de Almeida e Luciano Candisani.
Data: 26 de setembro de 2025, às 15h
Local: Átrio do Museu do Amanha

A trajetória de um ano e meio da exposição Água Pantanal Fogo, passando por São Paulo, Hamburgo, na Alemanha, e Lisboa, em Portugal, traz à tona muitas reflexões acerca do tema proposto no painel. Como a fotografia tem ajudado na discussão de um mundo melhor? Quais impactos ela causa no público? Como ela auxilia e dá suporte à luta pela preservação do meio ambiente? No pressuposto de “informação gera ação, e desinformação gera conformação”, as imagens são, de fato, um potente instrumento para alertar e conduzir ao pensamento sobre “o que será o amanhã”? Com a presença do curador da exposição e dos fotógrafos que compõem a mostra, essas e outras questões serão abordadas na conversa, que terá mediação de Mônica Guimarães, coordenadora do Documenta Pantanal desde a fundação da iniciativa, em 2019, e produtora na área do audiovisual com ênfase no gênero documental

Link para inscrição: https://bileto.sympla.com.br/event/110888/d/339090/s/2301660

Painel 2 – Pantanal Água e Fogo: o papel das áreas úmidas na proteção do amanhã
Com Luciana Leite, Gustavo Figueirôa e Marcio Insensee
Data: 13 de outubro de 2025, às 15h
Local: Átrio do Museu do Amanha

O objetivo da roda de conversa é promover um debate qualificado sobre a crise climática e o papel das áreas úmidas continentais na regulação do clima e na proteção da biodiversidade, com foco no Pantanal e sua relevância em nível nacional e internacional. O painel contará com a participação de Marcio Insensee, diretor de conteúdo do site O Eco; Gustavo Figueirôa, diretor de Comunicação e Engajamento do Instituto SOS Pantanal; e Luciana Leite, representante da Environmental Justice Foundation no Brasil. As discussões abordarão o papel das áreas úmidas no enfrentamento da emergência climática, à luz dos preparativos para a COP30, destacando os desafios e oportunidades para o Brasil na agenda ambiental global.

Atividade gratuita, com capacidade para 80 pessoas.

Lalo de Almeida (São Paulo, 1970

Estudou fotografia no Instituto Europeo di Design em Milão, Itália. Há 30 anos colabora para o jornal Folha de S. Paulo, onde vem desenvolvendo narrativas multimídias premiadas, como Um Mundo de MurosDesigualdade GlobalA Batalha de Belo Monte e Crise do Clima. Em 2021, sua série de fotografias Pantanal em Chamas foi premiada em primeiro lugar na categoria Meio Ambiente no World Press Photo. Também em 2021 foi escolhido como Fotógrafo Ibero-Americano do Ano pelo POY (Pictures of the Year) Latam. Paralelamente ao fotojornalismo desenvolveu trabalhos de documentação fotográfica como o projeto Distopia Amazônica, que recebeu o Eugene Smith Grant in Humanistic Photography e foi o vencedor global na categoria Projetos de Longo Prazo no World Press Photo em 2022.

Luciano Candisani (São Paulo, 1970)

Fotógrafo e autor brasileiro dedicado a temas etnográficos e ambientais. Formado em Oceanografia Biológica pela USP, começou sua carreira fotografando o ambiente submarino no Oceano Austral, em 1995. Sua obra trata sobre populações tradicionais, natureza e conservação de ecossistemas e espécies ao redor do mundo. Trabalhou em 40 países, incluindo as regiões geladas do Ártico e Antártica. Suas fotografias aparecem em livros autorais, revistas e exposições em museus e galerias, no Brasil e exterior. Autor de sete livros fotográficos, faz parte do coletivo The Photo Society, grupo exclusivo de  fotógrafos com matérias completas publicadas na edição principal da revista National Geographic. Também integra a International League of Conservation Photographers (ILCP, da sigla em inglês), que tem como missão promover a proteção de ambientes e populações ameaçadas por meio da fotografia e do cinema.

Eder Chiodetto (São Paulo, 1965)

É curador de fotografia independente, publisher da editora de fotoslivros Fotô Editorial e diretor do Centro de Estudos Ateliê Fotô. Foi curador de fotografia do MAM-SP entre 2005 e 2021 e mentor do programa Arte na Fotografia, no canal Arte1. Como curador já realizou mais de 180 exposições no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. É autor dos livros O Lugar do Escritor (Cosac Naify, 2002, vencedor do Prêmio Jabuti 2004), Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira (Edições Sesc, 2011), Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição (Ateliê Fotô / Funarte, 2013), Ser Diretor (Ateliê Fotô, 2018), entre outros. Recentemente realizou as curadorias das mostras Outros Navios: Fotografias de Eustáquio Neves (Sesc Ipiranga e Sesc Rio Preto, respectivamente em 2022 e 2023); Água Pantanal Fogo (Instituto Tomie Ohtake, 2024) e Claudia Andujar: Cosmovisão (Itaú Cultural, 2024).

Documenta Pantanal

O Documenta Pantanal é uma iniciativa que se dedica a dar visibilidade à riqueza singular desse importante bioma brasileiro e às ameaças crescentes a sua integridade. Desde 2019, concebe, incentiva e realiza ações que revelam o Pantanal em toda a sua diversidade e chamam atenção para a urgência de protegê-lo. Suas produções, que tomam a forma de livros, filmes, documentários, exposições de longa permanência, iniciativas internacionais, campanhas, reportagens e conteúdos digitais, entre outras, ajudam a construir a memória do bioma e reafirmam o poder das manifestações culturais de alertar, sensibilizar e mobilizar públicos amplos e diversos no Brasil e no mundo.

Patrimônio natural e reserva de vida e de água doce, com áreas úmidas de importância internacional e forte influência sobre o clima brasileiro e sul-americano, o Pantanal vem sofrendo queimadas incontroláveis e estiagens prolongadas. É hoje um hotspot da mudança climática, um exemplo flagrante dos efeitos devastadores que a elevação da temperatura do planeta já está produzindo. Ao denunciar os efeitos da ação humana e da mudança do clima sobre o Pantanal, buscamos criar um conhecimento ativo, capaz de gerar ação reflexiva e fomentar reações.

Compondo um mosaico de visões que expõem a complexa realidade do Pantanal, nosso trabalho convoca públicos do mundo inteiro a tomar consciência da gravidade da crise climática que ameaça nossos ecossistemas e a pensar no que é preciso fazer para contê-la.

Saiba mais em: documentapantanal.com.br/

SERVIÇO:

Exposição Água Pantanal Fogo
Em cartaz no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro
Até janeiro de 2026
De quinta a terça (fechado às quartas), das 10h às 18h. Última entrada 17h
Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia-entrada)

O ingresso somente é válido para a data e o horário agendado. Chegue na hora marcada para garantir a sua entrada. Exemplo: o ingresso reservado para às 10h só poderá ser utilizado entre 10h e 10h59.

Para mais detalhes, créditos de imagens, texto curatorial e ficha técnica da exposição, acesse: museudoamanha.org.br/exposicoes/1238/agua-pantanal-fogo

Related posts

Mostra inédita traz ao Rio 69 gravuras de Rembrandt

Empório Farinha Pura une degustação de vinhos e pintura em taças em evento na Zona Sul do Rio

Exposição “Coisas da China” estreia com sucesso e emociona público no Aeroporto Santos Dumont