Quando a doença de Alzheimer afeta uma pessoa, a dinâmica familiar também é abalada pela carga emocional e psicológica de cuidar de alguém doente, além das mudanças financeiras e sociais que acompanham a situação. Tendo como ponto de partida uma experiência pessoal, quando a condição da avó mudou as relações da sua família, o dramaturgo e diretor Thiago Marinho escreveu a comédia dramática “O Formigueiro”, que chega ao Teatro Adolpho Bloch em duas únicas apresentações: 06 e 07 de dezembro. Dirigida pelo próprio Marinho, com supervisão de direção de João Fonseca, a montagem tem produção geral de Lucas Drummond.
A trama de “O Formigueiro” transcorre num único dia, durante o reencontro de três irmãos para os preparativos do almoço de aniversário da mãe, Gilda, que está nos estágios finais da doença de Alzheimer. Em cena, Lucas Drummond, Roberta Brisson e Rodrigo Fagundes interpretam os irmãos Victor, Joana e Luiz. Em determinado momento do dia, eles recebem a visita inesperada do cunhado Cláudio Márcio, marido da irmã, vivido pelo ator Diego Abreu. Envolvido em um escândalo de corrupção e procurado pela polícia, ele insere mais uma camada de tensão ao que poderia ser somente um aniversário protocolar. O reencontro familiar traz à tona traumas, disputas e um segredo, escondido sob as mentiras guardadas há décadas pela família.
O título da peça surge de um paralelo feito pelo autor entre a doença e a natureza. No formigueiro, há uma certa ordem de status e posições. Mas quando a rainha, genitora de seus súditos, deixa de cumprir sua função de liderança, o caos se instaura e as formigas perdem seu rumo até que uma nova liderança surja. E em uma família não é diferente.
A vontade de abordar o tema vem desde 2017, quando a avó do autor faleceu depois de viver dez anos com Alzheimer. “Eu fiquei pensando em como eu ia abordar o tema. A peça não é sobre a minha avó ou sobre alguém doente, mas sobre como os cuidadores mudam e os papéis dentro da família também vão mudando”, conta Marinho, que não deixou o humor de fora. “A peça se passa em uma cena única em que as situações vão degringolando. Não é pesado o tempo todo, existe muito humor na dor e no desespero. É mais engraçado do que triste”, diz Marinho.
“O Formigueiro” renova a parceria de longa data do ator e produtor Lucas Drummond com Thiago Marinho. Eles idealizaram e produziram “Tudo o que há flora”; e escreveram, produziram e protagonizaram a peça infantojuvenil “O Pescador e a Estrela”. “O texto de ‘O Formigueiro’ me encantou desde a primeira leitura. É o tipo de peça que faz brilhar os olhos de qualquer ator. Personagens bem escritos, profundos e humanos; uma dramaturgia surpreendente que transita entre o humor e o drama; e na temática, a união das relações familiares, uma questão universal, com o Alzheimer, a doença da contemporaneidade e que merece o olhar atento e delicado que a peça propõe”, conta Drummond. ‘
Minibios
Thiago Marinho – autor e diretor
Bacharel em teatro pela Universidade Cândido Mendes. Últimos trabalhos: “O pescador e a estrela”, do qual também é autor e diretor, e “Chacrinha – o musical”, no qual interpretou Abelardo Barbosa, com direção de Andrucha Waddington. Participou das tragédias “Incêndios” e “Céus”, dirigidas por Aderbal Freire-Filho e “Elis – a musical”, dirigido por Dennis Carvalho. Com Charles Moeller, fez “Beatles num céu de diamantes” e “O despertar da primavera”. Idealizou e atuou em “Tudo o que há flora”, com direção de Daniel Herz, projeto da Nossa! Cia de Atores. Foi assistente de direção de Dennis Carvalho em “Clube da esquina – Os sonhos não envelhecem” e de Antonia Prado nos prêmios Tiktok 2021 e 2022.
Lucas Drummond – elenco e produtor
Formado pelo Tablado e pelo Stella Adler Studio of Acting (NY). Idealizou, produziu e atuou os espetáculos “Tudo o que há Flora”, “O Pescador e a Estrela” e “Órfãos”, pelo qual foi indicado ao prêmio APTR de Melhor Ator. Na TV, integrou o elenco das séries “Todxs nós” (HBO), de Daniel Ribeiro e Vera Egito, e “Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente” (HBO MAX), dirigida por Marcelo Gomes e Carol Minêm. No cinema, destacam-se: Aécio Neves no longa “O Paciente”, de Sérgio Rezende; e Antônio no longa “Apenas coisas boas”, de Daniel Nolasco. Além disso, escreveu, produziu e estrelou os curtas “Depois Daquela Festa” e “Todos os prêmios que eu nunca te dei”, selecionados para mais de 80 festivais e vencedores de 10 prêmios.
Rodrigo Fagundes – elenco
Integrante da Cia. Os Surtados desde 2003, participou do elenco da comédia “Surto”, enorme sucesso de público, por 10 anos. Entre seus últimos trabalhos no teatro estão “Gargalhada Selvagem”, com direção de Guilherme Weber, e “Silvia”, com direção de Gustavo Wabner, pelos quais foi indicado ao Prêmio de Humor, na categoria Melhor Ator. No cinema, participou de “Desapega”, de Hsu Chien; “Tudo bem no natal que vem”, de Roberto Santucci; e “Zuzu Angel”, de Sérgio Rezende. Na TV, pode ser visto recentemente nas novelas “Volta por cima”, “Cara e coragem” e “Pega pega”, todas da TV Globo. Ganhou o prêmio Melhores do Ano de Melhor Comediante com seu personagem Patrick, do humorístico “Zorra total”.
Diego de Abreu – elenco
É ator, produtor e percussionista. Integrou os elencos das peças “Contos partidos de amor”, de Duda Maia, e “O Pescador e a estrela”, de Thiago Marinho e Karen Acioly (Indicado ao prêmio CBTIJ 2023 como Melhor Ator Coadjuvante). No teatro, também atuou em “Sucesso” de Leandro Muniz, “Tudo o que há flora” e “A vida de Galileu”, ambas de Daniel Herz. Em 2013 foi selecionado para o treinamento de três meses e casting do Blue man group. No cinema atuou no longa-metragem “Mormaço”, de Marina Meliande, “Outro Olhar”, de Cristiano Requião.
Roberta Brisson – elenco
Atriz, formada pela UNIRIO (Teoria do Teatro) e pelo Tablado. No teatro, esteve em cartaz com diversos espetáculos, entre eles, Em cantos”, com direção de Ricardo Kosovski; “Maroquinhas fru fru”, com direção de Bernardo Jablonski; “Medéia”, com direção de Antonio Guedes; “Eu Henrique Viana, 17 anos, virgem, reprovado em seis matérias, estou voltando pra casa”, com direção de Bernardo Jablonski; “Como nascem as estrelas”, de Clarice Lispector; e “Orinoco”, de Emilio Carballido. Na TV, participou de três temporadas da série “EstranhaMente”, ao lado de Fernando Caruso, no Multishow. Além de atriz, foi coautora dos espetáculos: “Isso que você chama de lugar” (2019), “Pedro I” (2022) e “Fragmentos de Laura” (2022/23).
Teatro Adolpho Bloch
Localizado no histórico Edifício Manchete, na Glória, Rio de Janeiro, projetado por Oscar Niemeyer e com paisagismo de Burle Marx, o Teatro Adolpho Bloch é palco de momentos célebres da cultura brasileira. Desde maio de 2019, o Instituto Evoé é responsável por devolver ao Rio de Janeiro esse espaço icônico, transformado num complexo cultural moderno. Graças à genialidade de Niemeyer, que criou um palco reversível, tornou-se possível, mesmo em períodos desafiadores como a pandemia, promover espetáculos e eventos tanto na área externa, ao ar livre, quanto na interna, ou nas duas ao mesmo tempo, em formato arena, proporcionando múltiplas formas de criar e consumir arte e entretenimento.
Único teatro na cidade do Rio de Janeiro com palco reversível, permitindo que o público se acomode na área externa, o Teatro Adolpho Bloch ganhou, em 2021, o formato arena, com capacidade para 359 lugares internos e 120 externos, e palco de 140 m², equipado com a melhor estrutura. O espaço abriga ainda o bistrô Bettina Café & Arte.
Ficha técnica
- Texto e direção: Thiago Marinho
- Supervisão de direção: João Fonseca
- Elenco: Diego de Abreu (Cláudio Márcio), Lucas Drummond (Victor), Roberta Brisson (Joana) e Rodrigo Fagundes (Luiz)
- Figurino: Luísa Galvão
- Cenário: Victor Aragão
- Iluminação: Felipe Medeiros
- Trilha sonora: Ifátókí Maíra Freitas
- Direção de movimento: Victoria Ariante
- Programação visual: Marcelo Alvim
- Produção geral: Lucas Drummond
- Coordenação de produção: Nathalia Gouvêa
- Produção executiva: Ana Paula Marinho
- Assistente de direção: Mel Carvalho
- Assistente de cenografia: Clarah Borges
- Execução de cenografia: Tessitura Produções Artísticas e Victor Aragão
- Operação de luz: Yasmim Lira
- Operação de som: Thiago Silva
- Contrarregragem: Feliphe Afonso
- Fotografia e vídeo: Costa Blanca Films
- Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha
- Realização: Ministério da Cultura e Gaulia Teatro
Serviço
O Formigueiro
Data: 06 e 07 de dezembro (sábado, 20h e domingo, 17h)
Classificação: 14 anos
Duração: 80 minutos
Valores:
Plateia Central : R$ 80,00 Inteira / R$ 40,00 Meia
Plateia Lateral : R$ 50,00 Inteira / R$ 25,00 Meia
Vendas: https://www.ingresso.