Nascido há mais de quatro séculos, Molière (1622-1673) é até hoje um dos mais importantes dramaturgos do mundo, responsável por espetáculos críticos e satíricos, que mostram com maestria os defeitos e virtudes da alma humana. Grande homenagem ao comediógrafo, “As artimanhas de Molière” volta ao cartaz, dia 17 de janeiro, no Teatro Glauce Rocha, no Centro, com uma trama que, bem ao estilo do autor francês, aponta o dedo e desmascara os falsos sábios, a avareza dos burgueses, as mentiras dos médicos ignorantes e outros comportamentos sociais nada lisonjeiros.
Com direção de Márcio Trigo, adaptação de Fernanda Celleghin e interpretação de Luiz Machado, o monólogo reúne em uma só história quatro protagonistas de comédias escritas por Molière: Alceste, de “O Misantropo”, Esganarello, de “O Médico à Força”, Don Juan e Tartufo, das peças homônimas. As sessões serão às sextas e aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 18h, até 09 de fevereiro. Luiz Machado estará também em cartaz, no mesmo teatro, com seu primeiro monólogo “Nefelibato”, às quartas e quintas-feiras, às 19h.
Em uma espécie de “jornada do herói” às avessas, o protagonista conta para a plateia toda a sua história, cheia de peripécias, erros e acertos. Após uma desilusão amorosa, ele se torna vingativo e passa a usar as mulheres, mas acaba tendo que se casar à força e é deserdado pelo pai. Sem dinheiro, vive em pé de guerra com sua esposa, que cobra demais, e ele faz de menos. Qual será o destino deste anti-herói? O ator Luiz Machado, que completa 30 anos de carreira, estava com vontade de trabalhar em uma comédia depois do sucesso do drama Nefelibato, que está há nove anos em cartaz.
“Fiquei com vontade de fazer comédia e logo pensei no maior comediógrafo de todos os tempos, que celebrou 400 anos em 2022. Molière escreve sobre a hipocrisia humana em quase todos os textos, e é um assunto que me interessa pôr em cena”, explica Luiz Machado. “Para manter o bem-estar social, a gente precisa ser falso ou omitir opiniões em diversos momentos. E as peças dele detalham esses comportamentos que estão presentes cada vez mais no nosso cotidiano. Basta olhar as redes sociais, que mostram cenas que não são verdadeiras e guardam objetivos ocultos”, completa o ator.
O espetáculo estreou em 2023 e foi idealizado por Luiz Machado e Márcio Trigo, que pela primeira vez trabalharam juntos. O diretor sempre foi grande admirador de Molière, de estilo de humor e das situações que têm como base a comédia dell’arte. “Cheguei a traduzir e adaptar quatro peças escritas por ele”, conta Trigo. “Quando eu e Luiz pensamos em trabalhar num monólogo, não tive dúvidas: vamos adaptar Molière. Um desafio e tanto. Não queríamos uma peça; a ousadia era juntar personagens e contar uma só história. Escolhemos quatro personagens e chamamos a Fernanda Celleghin para criar o elo entre eles”, acrescenta.
Ficha técnica:
Idealização: Luiz Machado e Márcio Trigo
Texto: Fernanda Celleghin, a partir de peças de Molière
Direção: Márcio Trigo
Interpretação: Luiz Machado
Cenário: Mina Quental
Figurinos: Carol Lobato
Iluminação: Fred Eça
Direção Musical: Márcio Trigo
Composições e Performance: Newton Cardoso
Direção de movimento: Luciana Bicalho
Preparação Vocal: Mônica Karl
Design Gráfico: Gil Filho
Fotos: João Salamonde
Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Redes sociais: Rafael Teixeira
Operação de Som: Danilo Neiva
Operação de Luz: Laís Patrocínio
Assistente de direção: Danilo Neiva
Assistente de Produção: Isa Quinta
Direção de Produção: Alina Lyra
Realização: LM Produções Artísticas
Serviço
Temporada: de 17 de janeiro a 9 de fevereiro
Rosamaria Murtinho celebra 70 anos de carreira na nova temporada de “A vida não é justa”
Completando 70 anos de carreira, com mais de 65 peças no currículo, a atriz Rosamaria Murtinho, de 92 anos, sobe ao palco desta vez para viver três personagens no espetáculo “A Vida Não É Justa”, idealizado pelo produtor Eduardo Barata e baseado no livro da juíza Andréa Pachá. Uma das personagens, a Molhadinha25, comete adultério virtual provocando ciúmes do marido, vivido por Wilson Rabelo. A peça, dirigida por Tonico Pereira, com mais de 60 anos de trajetória artística, tem também no elenco Lorena da Silva, Marta Paret, Duda Barata, Bruno Quixotte e Rafael Sardão. Eles farão uma curtíssima temporada no Teatro Sesc Copacabana, de 10 de janeiro a 9 de fevereiro, sextas e sábados – 19h e domingos – 18h.
Dezoito mil audiências e uma sentença: A VIDA NÃO É JUSTA. Foi assim que surgiu a inspiração para o título do livro de Andréa Pachá, lançado em 2012, que ganhou os palcos com dramaturgia de Delson Antunes e direção de Tonico Pereira e foi sucesso de público nas duas temporadas anteriores no Rio e São Paulo. “A gente pode viver grandes guerras, pode viver grandes hecatombes, mas no final o que define a nossa vida são essas pequenas questões que acontecem entre o nascimento e a morte. Como é que a gente ama, como é que a gente se relaciona, como é que a gente lida com a perda? Essas questões são as questões que me interessam, e que nos interessam como humanidade, interessam para o teatro. E é por isso que conflitos, aparentemente tão banais, acabam despertando tanto interesse, porque eles falam de quem nós somos”, afirma Andréa. “No livro, há vários temas que se repetem, então busquei escolher casos que dessem ao texto uma maior variedade de conflitos, de forma que as pessoas possam se identificar mais”, pontua Delson Antunes, responsável pela adaptação da literatura para o teatro.
Em 2016, o livro composto por 35 contos foi adaptado para a televisão e apresentado em um quadro no Fantástico, com Glória Pires interpretando a juíza. Para a versão teatral foram escolhidas 8 histórias, além do prólogo: CASAMENTO NÃO É EMPREGO // QUEM CUIDA DELE? // TEM COISA QUE NÃO SE PERGUNTA // MOLHADINHA 25 // O QUE OS OLHOS NÃO VEEM // SAGRADO É UM SAMBA DE AMOR // MAS EU AMO AQUELE HOMEM… // RECONCILIAÇÃO. “O trabalho de dramaturgia do Delson Antunes é de sintonia fina com a Pachá”, explica Tonico.
Rosamaria subiu pela primeira vez ao palco, aos 18 anos, na companhia de teatro amador Studio 53. A convite de Paulo Francis, participou do Teatro dos Sete, companhia formada por Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Sérgio Britto e se destacou em trabalhos como O Canto da Cotovia, A Rosa Tatuada e Manequim. Foi numa dessas montagens que viria a conhecer o ator Mauro Mendonça, com quem se casou em 1959. Em A VIDA NÃO É JUSTA, ela interpreta as mesmas personagens que já ganharam vida na atuação da saudosa Dama do Teatro Léa Garcia, que nos deixou em 2023. Já seu par, Wilson Rabelo, dá vida ao mesmo papel interpretado pelo mestre Emiliano Queiroz, que também partiu em outubro de 2024, após 70 anos de dedicação à arte.
A atriz e assistente de direção Marta Paret comenta sobre os personagens: “São todos muito ricos e diferentes. Na separação, enfrentam um momento em comum de ruptura, no qual devem encarar as consequências de suas escolhas para o resto da vida.” A atriz Duda Barata explica como a direção de Tonico a ajudou a superar os desafios de interpretar vários personagens: “Eu sou uma pessoa muito racional, e isso às vezes acaba por atrapalhar. O Tonico me balanceia, ele domina os sentimentos de forma maestral, suas dicas são pontuais e certeiras.”
A Justiça é acionada como tema central do espetáculo, com a função de solucionar conflitos, mas também de lembrar que “a felicidade não é um direito, muito menos uma obrigação. Compreender nossa humanidade nos faz mais responsáveis pelo nosso destino”, nas palavras da autora. Nesta encenação teatral, propõe-se um jogo no qual os atores e os personagens se revezam, ora na tarefa de vítima, ora na função de acusado, trazendo para a reflexão temas como diversidade, igualdade, justiça, respeito, tolerância e conflitos relacionais. “Cada ator vive mais de um personagem, dessa forma, o figurino se torna um elemento central para que o público reconheça de imediato essas mudanças”, comenta a figurinista Fernanda Fabrizzi.
A iluminação é de Paulo Denizot, que também assina o cenário com Janaina Wendling. “A peça explora o absurdo que a realidade é, e a luz acompanha esse caminho, um falso realismo absurdo. Ela busca enfatizar os dramas que as pessoas passam, dando plasticidade e dinâmica”, pontua Denizot. “No cenário, manequins são usados para representar a massa humana. Somos arquétipos, procuro de maneira prática e poética trabalhar essa massa que se encaixa em personagens da vida real”, detalha Janaina.
“As escolhas foram feitas a partir do entendimento de cada história contada. A música é uma personagem ativa durante toda a narrativa e faz uma ligação dramatúrgica entre cada cena, despertando nos atores e no público ‘emoções baratas’, aquelas que tocam na memória e são extremamente populares, causando identificação imediata”, comenta Máximo Cutrin, responsável pela trilha sonora. Segundo ele: “as músicas com vozes femininas, e em sua maioria brasileiras, são uma grande referência também.”
O amor acaba, divórcios acontecem, investigações de paternidade são necessárias, os filhos sofrem, reconciliações ocorrem, situações inusitadas e cômicas transformam-se em soluções e as famílias adquirem novas estruturas. Interpretando a juíza, Lorena da Silva comenta sobre dar vida a uma personalidade de reconhecimento como Andréa Pachá, “é uma honra e um barato. É um presente”. (Texto de Barata Produções)
SERVIÇO:
A VIDA NÃO É JUSTA
Duração: 80 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Local: Sesc Copacabana
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana
Temporada: De 10 de janeiro a 09 de fevereiro
Dias e horários: Sextas e sábados, às 19h, domingos, às 18h
Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia), R$ 7,50 (comerciário)
Informações: (21) 4020-2101
FICHA TÉCNICA:
Texto original: Andréa Pachá
Dramaturgia: Delson Antunes
Direção: Tonico Pereira
Idealização: Eduardo Barata
Elenco:
Rosamaria Murtinho
Bruno Quixotte
Duda Barata
Lorena da Silva
Marta Paret
Rafael Sardão
Wilson Rabelo
Gesto e movimento: Marina Salomon
Cenário: Paulo Denizot e Jana Wendling
Figurinos / 1ª temporada: Fernanda Fabrizzi
Figurinos / 2ª temporada: Tiago Ribeiro
Iluminação: Paulo Denizot
Trilha Sonora: Máximo Cutrim
Visagismo: Fernando Ocazione
Diretor de palco: Tom Pires
Operador de luz: Rogério Medeiros
Operador de som: Enrico Baraldi
Camareira: Sonia Martins
Maquiagem / cabelo: Alex Palmeira
Programação visual: Ricardo Barata
Fotos: Cristina Granato
Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Bruno Luzes e Tom Pires
Produção: Barata Produções
Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa
Nossa História com Chico Buarque tem sua estreia paulistana no dia 30 de janeiro no Teatro Paulo Autran
Depois da bem-sucedida estreia carioca, o musical Nossa História com Chico Buarque, dos premiados Vinicius Calderoni e Rafael Gomes, que também assina a direção, desembarca em São Paulo para uma temporada de 30 de janeiro a 28 de fevereiro no Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros.
O trabalho ainda traz no elenco Laila Garin, Heloisa Jorge, Artur Volpi, Felipe Frazão, Francisco Salgado, Larissa Nunes, Luísa Vianna e Odilon Esteves, com participações especiais de Soraya Ravenle e Ju Colombo. A banda é formada pelos músicos Alfredo Del Penho, Aline Falcão, Diego Zangado, Dirceu Leite e Ingrid Cavalcanti.
Ao longo das últimas seis décadas, Chico Buarque construiu uma obra monumental, através de centenas de canções, álbuns, livros e espetáculos teatrais. Mais do que uma produção vultuosa, suas criações ocupam um lugar único dentro da vida brasileira, ao cantar momentos icônicos da história recente do país, mas também ao traduzir os sentimentos mais íntimos do inconsciente coletivo nacional.
Nossa História com Chico Buarque nasce justamente do desafio de contar um enredo absolutamente original, concebido sob a inspiração do inesgotável universo buarqueano. O musical surgiu de uma provocação da produtora Andréa Alves, da Sarau Cultura Brasileira, para o diretor Rafael Gomes. Juntos, eles montaram o sucesso ‘Gota D’água [a seco]’ (2016), em uma releitura do clássico ‘Gota D’água’, e passaram por outras incursões no repertório do homenageado: Rafael assinou uma montagem de ‘Cambaio’ e Andréa produziu ‘A Ópera do Malandro’ e ‘Os Saltimbancos’.
O texto inédito é assinado por Rafael com Vinicius Calderoni, seu parceiro em diversos projetos, e narra a saga de alguns personagens de duas famílias cariocas ao longo de três gerações, como em um épico íntimo.
A ação se passa em três momentos: 1968, 1989 e 2022, não à toa datas fundamentais para se contar a recente história política e social brasileira, quando, respectivamente, o país atravessava a pior fase da Ditadura Militar, logo após vem o período da redemocratização e chega na fase final, depois da pandemia e de uma nova ruptura democrática.
Situadas em três tempos distintos, as narrativas começam separadas e vão aos poucos se interligando, formando um mosaico que contrapõe passado, presente e futuro. Um narrador costura as tramas e traz a realidade sociopolítica do Brasil para as margens da cena, encarnando também a presença-ausente de Chico Buarque e sua latente relação com a vida do país, em termos históricos e emocionais.
Enquanto os conflitos, paixões, encontros e desencontros das personagens se desenrolam no palco, mais de 50 canções e trechos de composições de Chico Buarque se embaralham com os diálogos, pontuando a ação e se incorporando à dramaturgia, ao complementar o que é dito pelos atores e revelar também o que não é dito, além de avançar com a ação da trama. Tudo é embalado pela direção musical de Alfredo Del-Penho, que criou novos arranjos para cada obra.
Entre as músicas selecionadas, estão clássicos incontestáveis (‘Construção’, ‘O Que Será’), hits radiofônicos (‘A Banda’, ‘Olhos nos Olhos’), obras também compostas para outras peças (‘Tatuagem’, ‘Roda Viva’, ‘A História de Lily Braun’) e criações mais recentes.
‘É um desespero ter que escolher dentro de uma obra de quase 400 músicas. O grande critério é mesmo saber quais as canções que vão servir à narrativa. É uma peça cuja proposta de dramaturgia se estrutura ao redor do quanto essas músicas fazem parte de nossa vida’, conta Rafael Gomes, que, inclusive, buscou uma inspiração inicial para toda a trama na canção ‘Construção’:
‘É uma inspiração de estética, no sentido de que os versos se repetem, alterando o fim ou variando entre si. A gente também tem três gerações de personagens que de alguma maneira se repetem ou não, ou variam entre si. Isso fica latente não só na trama, no que está escrito como situação, mas na própria estética do espetáculo, em que o elenco vai fazendo mais de um personagem conforme passam os anos’, revela.
‘Nossa História com Chico Buarque’ busca um certo conceito de arqueologia do cotidiano, ao mostrar grandes e pequenos acontecimentos ao mesmo tempo. A dramaturgia flagra o macro da vida coletiva do Brasil se relacionando com o micro da vida do indivíduo e de uma família.
Para Rafael, pareceu natural criar uma história que se desenrolasse pelas seis décadas de produção artística de Chico, tomando como marco inicial o lançamento de ‘A Banda’, em 1966:
‘No palco, a plateia vai acompanhar três gerações de pessoas que vão tendo seus descendentes e esses descendentes vão ressignificando o que foi feito antes, ou o próprio amadurecimento das personagens vai transformando suas experiências anteriores’, reflete o diretor, que contou com a parceria de Vinicius Calderoni para a empreitada de criar toda a dramaturgia original.
A dupla comemora 16 anos de criação artística e 14 de fundação da companhia Empório de Teatro Sortido. Curiosamente, esta é a primeira peça de teatro adulta escrita por eles, que já assinaram o texto de dois infantis juntos.
‘Eu já dirigi textos que ele escreveu, já o dirigi em cena e em shows, já fizemos roteiros de séries e filmes, mas a gente nunca tinha escrito teatro adulto juntos. Então foi um ponto de chegada glorioso também que isso acontecesse com esse projeto e com a obra do Chico. Eu tinha já um argumento quando o Vinícius entrou no projeto, já um desenho da história e de como eu gostaria de contar. Ele entrou para realmente avançar e melhorar as ideias, debater e escrever o texto em si’, conta Rafael.
Vinicius também é um parceiro constante da Sarau Cultura Brasileira e nos últimos anos assinou a dramaturgia de ‘Elza’ (2018), dirigiu e escreveu ‘Sísifo’ (2019), com Gregorio Duvivier, e ‘Museu Nacional – Todas as Vozes do Fogo’ (2022), com a Barca dos Corações Partidos, três bem-sucedidos projetos da produtora.
Ficha Técnica
Texto: Rafael Gomes e Vinicius Calderoni
Músicas: Chico Buarque
Direção: Rafael Gomes
Direção Musical e Arranjos: Alfredo Del-Penho
Idealização e produção artística: Andréa Alves
Diretora de Projetos: Leila Maria Moreno
Com: Laila Garin, Heloisa Jorge, Artur Volpi, Felipe Frazão, Francisco Salgado, Larissa Nunes, Luísa Vianna e Odilon Esteves, com participações especiais de Soraya Ravenle e Ju Colombo.
Músicos: Alfredo Del Penho, Aline Falcão, Diego Zangado, Dirceu Leite e Ingrid Cavalcanti.
Cenografia: André Cortez
Iluminação: Wagner Antônio
Figurino: Kika Lopes e Rocio Moure
Desenho de som: Gabriel D’Angelo
Direção de Movimento e Coreografia: Fabrício Licursi
Design Gráfico: Beto Martins
Patrocínio: BB Seguros, através da Lei de incentivo à cultura
Realização: Sesc
Serviço
Nossa História com Chico Buarque
De 30 de janeiro a 28 de fevereiro | quinta a sábado, 20h e domingos 18h
Sessões extras:
22 de fevereiro (sábado), às 15h
26 de fevereiro (quarta), às 20h
Duração: 150 minutos
Local: Teatro Paulo Autran
Classificação: 14 anos
Ingressos: R$ 70 (inteira); R$ 35 (meia) e R$ 21 (credencial plena)
Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h.
“Azira’i” retorna ao Rio de Janeiro após triunfo internacional e premiações
Desde a estreia, em outubro de 2023, “Azira’i” seguiu uma trajetória surpreendente de sucesso e repercussão mundo afora. Após ganhar o Prêmio Shell de Teatro de Melhor Atriz e percorrer 12 cidades em uma turnê que incluiu países como Colômbia e Estados Unidos, Zahy Tentehar retorna ao Rio para uma curta temporada do espetáculo no Teatro Firjan Sesi Centro a partir de 9 de janeiro.
“Azira’i” é, antes de tudo, um espetáculo sobre a relação entre uma filha e sua mãe. Com a dramaturgia construída a partir das memórias de Zahy, este solo autobiográfico foi construído para resgatar a sua vivência com a mãe, “Azira’i”, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, onde ambas nasceram. Com direção de Denise Stutz e Duda Rios, o espetáculo tem produção da Sarau Cultura Brasileira, de Andréa Alves e Leila Maria Moreno.
A montagem recebeu ainda o Prêmio Shell de Melhor Iluminação e foi indicado em quatro categorias no Prêmio APTR: Espetáculo, Direção, Iluminação e Jovem Talento. No último ano, o trabalho passou por diversas cidades brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba, Brasília, Santos, São José do Rio Preto, Caxias, Macaé, Itaperuna) e fez temporada internacional em Bogotá (Colômbia) e Chicago (Estados Unidos).
O espetáculo:
Azira’i foi uma mulher muito sábia e herdeira de saberes ancestrais, com vasto conhecimento sobre o mundo espiritual. Como pajé suprema, ela usava três ferramentas tecnológicas para curar: as plantas, a mão e o canto. Ao gerar e criar Zahy nesta mesma aldeia, deixou para ela seu legado espiritual.
Ao longo da jornada como artista, Zahy fez do canto uma de suas expressões, o que poderá ser visto no espetáculo, em que ela cantará lamentos ensinados por sua mãe e canções originais compostas por ela com Duda Rios sob a direção musical de Elísio Freitas, produtor responsável pelo premiado álbum ‘Nordeste Ficção’, de Juliana Linhares, que também divide a autoria de algumas composições com a atriz e o diretor.
É neste verdadeiro ‘musical de memórias’ que se apresentam Azira’i e Zahy, mãe e filha, mulheres nucleares, distintas, diversas e espelhadas:
‘Eu sou a filha caçula da minha mãe. A nossa relação, como muitas de nossos brasis, foi diversa: cheia de semelhanças e diferenças, com muitos afetos e composições importantes para nossa trajetória. A presença de minha mãe é tão viva, que a nossa relação se faz continuamente importante. Quando pensei em trazê-la ao teatro, não foi para falar apenas dos meus sentimentos, foi para dialogar com nossos reflexos enquanto sujeitos coletivos. Gosto de nos ver, humanos, como espelhos, pois nossas histórias se entrelaçam e se compõem’, analisa Zahy.
Azira’i faleceu em 2021, ao longo do processo de criação da montagem, que começa em 2019, quando Zahy e Duda Rios se conhecem no elenco da montagem de ‘Macunaíma’, dirigida por Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos, também um projeto da Sarau. Nas conversas de camarim, Duda se surpreendia com o que Zahy contava – ela mesmo se define como uma contadora de histórias – e surgiu ali mesmo a semente de criar um espetáculo a partir daquela vivência em um contexto tão próximo, mas também tão distante.
Duda formatou a dramaturgia junto com a atriz, em uma estrutura narrativa que percorre a história por diversos pontos de vista, como os da própria Zahy, mas também o de sua mãe e de uma narradora. No último ano, Denise Stutz se juntou à dupla de amigos criadores e a encenação propriamente dita começou a ganhar uma forma.
‘O nosso maior desafio foi selecionar, entre tantas histórias que ela havia me contado ao longo de quatro anos, quais iriam compor a dramaturgia da peça. Às vezes queremos abordar muitas coisas num espetáculo e terminamos perdendo o fio da meada. Mas se temos um eixo narrativo claro, a chance do público se envolver é maior. Nesse aspecto a chegada de Denise foi fundamental, pois ela entrou no projeto pouco antes do início dos ensaios, com um olhar fresco que nos ajudou a identificar o que era essencial pra nossa narrativa’, conta Duda Rios.
Zahy, Denise e Duda conceberam então um espetáculo focado na performance, com apenas uma cadeira e uma cortina de corda crua como elementos de cena, além das projeções do multiartista Batman Zavareze (direção de arte e design gráfico), os figurinos de Carol Lobato e a iluminação de Ana Luzia de Simoni.
‘Eu fui conhecendo as memórias de Zahy durante esses meses de ensaio e fui me impressionando a cada dia pela potência das histórias de vida que ela contava e as narrativas sobre a mãe. Quando recebi o convite do Duda para me juntar a ele na direção desta montagem, tivemos conversas quase infinitas e o trabalho não faria sentido se a gente não escutasse primeiro os desejos de Zahy, afinal, é a história dela e são muitas memórias junto com sua mãe. A partir dessa escuta e dos textos que ela e Duda escreviam começamos a tecer esse musical de memórias. O mundo da Zahy está no seu corpo, no seu canto, na sua presença, nas suas histórias, no que é único nela e que é também o outro’, reflete Denise Stutz.
AZIRA’I
Um solo de Zahy Tentehar
Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios
Direção: Denise Stutz e Duda Rios
Direção de arte e design gráfico: Batman Zavareze
Figurinos: Carol Lobato
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Trilha sonora: Elísio Freitas
Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno
Coordenador de Produção: Gledson Teixeira
Produtor Executivo: Matheus Castro
Produção: Sarau Cultura Brasileira.
SERVIÇO
Espetáculo: Azira’i
Teatro Firjan Sesi Centro
De 09 de janeiro a 09 de fevereiro de 2025.*
*Não haverá sessões nos dias 26 e 30 de janeiro.
*Sessões extras nos dias 01 e 08 de fevereiro (sábados), às 15h
Quintas e sextas, às 19h. Sábados e domingos, às 18h*
Ingressos a venda na Sympla
Classificação: 12 anos
Duração: 90 minutos