Quando se pede para uma pessoa imaginar um(a) cientista, quais serão as características desse(a) pesquisador(a)? A exposição ‘Astrofísica dos Corpos Negros’ pretende fazer essa provocação e terá sua abertura virtual no próximo sábado (19), com lançamento do site durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Na data, o conteúdo da exposição será disponibilizado ao público no site astrofisicacorposnegros.com.br
A exposição, que possui conteúdo textual e audiovisual interativo, pretende divulgar a Astrofísica entre estudantes da Educação Básica de escolas públicas e o público em geral, conscientizar para a desigualdade étnico-racial e de gênero no meio científico e sociedade, além de incentivar jovens cientistas a partir da trajetória e perspectiva de astrofísicos(as) negro(as) brasileiros(as). Isso, explorando tópicos dessa ciência, como nebulosas, aglomerados estelares, gigantes vermelhas, raios cósmicos, entre outros.
O conteúdo da exposição (científico e biográfico) é organizado através do Diagrama Cor-Magnitude, um gráfico muito presente em pesquisas na área da Astrofísica. Cada região do diagrama agrupa tópicos relacionados a uma dada temática, podendo ser acessadas de forma independente entre si. Ao acessar um tópico, o usuário será direcionado a uma página onde poderá explorar o assunto através de materiais de divulgação científica, conhecer pesquisadores brasileiros envolvidos com o assunto e assistir a conteúdos em realidade virtual (Experiência RV) produzidos especialmente para o projeto. Além do diagrama, o site conta com um menu auxiliar, por onde é possível acessar os vídeos e demais conteúdos vinculados ao projeto e astrofísicos(as) participantes.
Ilustrada pelo artista Camilo Martins, a mostra é coordenada pela pesquisadora Eliade Lima e seus colaboradores Oscar dos Santos Borba e Liandra Ramos Silveira da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em parceria com o pesquisador Alan Alves Brito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Rita de Cássia dos Anjos da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ela procura apresentar temas caros à Astrofísica, que ajudam a refletir sobre como surgem as estrelas e os elementos que constituem a natureza, ao mesmo tempo em que visibiliza atravessamentos sociais que, até hoje, impactam os acessos à ciência e à qualidade de vida da população. Um campo repleto de lutas, debates e conquistas sociais entre acadêmicos, movimentos sociais e diferentes setores da sociedade.
Alan Alves Brito
Cursou Bacharelado em Física na UEFS (2002), Mestrado (2004) e Doutorado em Ciências (Astrofísica Estelar) no IAG/USP (2008). Atualmente é Professor Adjunto no IF/UFRGS, onde desenvolve atividades de ensino, pesquisa, extensão, divulgação científica e gestão. Tem trabalhado em pesquisa em temas voltados para a evolução química de diferentes populações estelares da Via Láctea, educação e divulgação de Astronomia e Física, incluindo questões decoloniais, étnico-raciais, de gênero e suas intersecções nas ciências exatas. Autor de artigos, livros de ciências e literatura, educação e divulgação em ciências, um deles finalista do Prêmio Jabuti 2020 e ganhador do prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica do CNPq (2022) na categoria pesquisador e escritor.
Eliade Ferreira Lima
Pós-doutorado em Astrofísica Estelar pela UFSM (2015), Doutora em Ciências pela UFRGS (2013), mestre em Física pela UFABC (2009), graduada em Física pela UESB (2006). Pesquisou Física de Altas Energias com ênfase em Raios Cósmicos e Campos Magnéticos Extragalácticos e estuda Astrofísica Estelar, focando em aglomerados estelares imersos. Docente do curso Licenciatura em Ciências da Natureza na Unipampa – campus Uruguaiana. Atua na divulgação da Astronomia para a comunidade e no apoio à entrada e permanência de meninas nas áreas STEM. Atua também no combate ao assédio sexual no ambiente acadêmico. Coordenadora da Exposição Astrofísica dos Corpos dos Negros e da Feira de Ciências Universidade-Comunidade da UNIPAMPA. É membro titular da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), da International Astronomical Union (IAU) e membro da Rede Nacional de Educação e Ciências (RNEC).
Rita de Cássia dos Anjos
Possui graduação em Física Biológica pela UNESP (2007) e mestrado (2009) e doutorado (2014) em Física pela USP São Carlos. Desde agosto de 2014 é professora doutora da UFPR no Setor Palotina. Trabalha com raios cósmicos de energias até 100EeV (Observatório Pierre Auger) e energias entre 10GeV e 100TeV (Cherenkov Telescope Array – CTA). Tem experiência na área de astropartículas, com ênfase na propagação de raios cósmicos, aceleração e interações de partículas cósmicas e fontes de partículas multimensageiras: supernovas, Galáxias Starburst e rádio, AGNs e objetos compactos. Em 2020 foi vencedora do prêmio Programa para Mulheres na Ciência, promovido pela LOreal Brasil, Unesco Brasil e Academia Brasileira de Ciências.