Após sucesso na TV em Garota do Momento (Globo) e Paulo, O Apóstolo (Disney+), o ator Lucas Tors encara um novo desafio ao dar vida a um dos protagonistas do filme De Volta Pra Casa. Yago é um jovem que guarda um segredo a sete chaves e está imerso em vários conflitos com o irmão mais novo, Yan, vivido por Lucas Amorim (que também é um dos idealizadores do projeto, ao lado de Duda Vedoi). Ambos precisam lidar com as dores de terem sido abandonados pelo pai, papel de Marcelo Campos.
Para interpretar a matriarca desta família em pedaços, foi escalada Martha Meola, que se destacou por sua atuação na série Sintonia, da Netflix. Por conta do trauma, a personagem Maria Augusta desenvolve depressão e aparenta sinais de demência. Um papel tão complexo deu a oportunidade de sua intérprete brilhar ainda mais. Lucas Tors não economiza elogios à parceira de cena.
“Ao ouvir os relatos que ela contava no set, passei a admirá-la ainda mais. Não é todo dia que temos uma atriz tão experiente como mãe na ficção: tentei ao máximo tirar proveito das nossas cenas. Aprendi muito com a Martha: uma mulher leve e divertida, com uma dicção maravilhosa e uma capacidade incrível de memorizar textos”, relembra o ator.
Diferença que fascina
Se, na ficção, Yago tem contas a acertar com o pai, na vida real o intérprete passa longe de enfrentar esse problema. Por essa razão, ele precisou recorrer à sua imaginação em busca de elementos para dar credibilidade a uma relação cênica tão conturbada. “Yago sempre foi pressionado a ser perfeito, porque precisava ser um exemplo para o irmão mais novo, Yan, que era o artista, o diferentão, e nunca dava orgulho para o pai — sempre muito rígido. Essa experiência é muito positiva: acredito que todo ator goste de sair de sua zona de conforto ao interpretar outra pessoa”, explica.
O ator faz questão de frisar que se interessou por De Volta Pra Casa desde o instante em que a diretora e roteirista Duda Vedoi o chamou para um teste. A oferta de uma personagem “com a sua cara” o atraiu de tal maneira que Lucas Tors — na época, em negociação para fazer parte do elenco de uma novela — preferiu declinar o convite da emissora para se dedicar integralmente ao filme.
“Lembro-me de que eu e o ator e influencer Joãozinho fizemos o teste para o Yago. Sabia que poderia ter um desempenho incrível, mas confesso que tive receio de que o fato de não ter milhões de seguidores pudesse interferir nessa tomada de decisão”, desabafa Tors, que criou laços com os colegas de elenco, especialmente Lucas Amorim, durante o período de um mês em que o filme foi gravado.
Terror com DNA brasileiro
Com descendência árabe-libanesa, Lucas Tors é um artista que se sobressai por seus múltiplos talentos. Além de atuar, é cantor, pianista e fala fluentemente quatro idiomas: árabe, português, inglês e espanhol. Um produto que atesta sua versatilidade é o filme brasileiro Metástase. Além de protagonista, Tors é idealizador e produtor desse terror psicológico, que explora os efeitos devastadores das relações abusivas.
Bebendo da mesma fonte de clássicos como Possessão (1981) e Repulsa ao Sexo (1965) e até de lançamentos recentes, como A Substância (2024), o roteiro assinado por Fábio Melofi acompanha Cássio (Lucas Tors), um homem que busca reconstruir a vida ao lado de Adriana (Bia Santana, que foi destaque na novela Volta Por Cima, da TV Globo, como Tati). Mas os traumas deixados após seu relacionamento anterior com Bruno (Thauan Galiza), se manifestam em objetos, gestos e memórias. Em uma jornada de reflexão, ele se vê obrigado a confrontar os fantasmas de seu passado, que embaralham a fronteira entre realidade e delírio.
“Sempre quis contar histórias que representassem experiências próprias, e, ao mesmo tempo, pudessem ajudar outras pessoas que estejam passando por uma situação semelhante. Metástase é o primeiro projeto que tem 100% a minha cara”, empolga-se Tors, que também faz sucesso quando canta em espanhol, apesar de ter nascido no Brasil.
A decisão de apostar em um repertório internacional é uma combinação do ambiente no qual foi criado — ele cresceu na fronteira entre o nosso país e o Uruguai — temperada com suas referências musicais. Tors não esconde sua admiração pela banda mexicana RBD, além de outros nomes como Shakira, Mercedes Sosa, Julio Iglesias e Rosalía. Baseado em feedbacks que recebe dos fãs, ele acredita que seu timbre soa melhor em espanhol.
“O ano de 2026 reserva uma parceria inédita com a DJ e cantora Duda Vedoi. Quem sabe eu também desbloqueie algumas faixas-solo que estou doido para compartilhar com o mundo. Estou explorando outros ritmos, além do reggaeton. Tenho afrobeat, trap, rhythm and blues (RnB), eletrônica. Vamos ver o que a arte me reserva”, empolga-se.
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