A atriz e escritora Maria Lucas vive uma temporada de múltiplos palcos e vozes. Está em cartaz com o novo projeto de Renata Carvalho, “Antígona Travesti”, que propõe uma leitura travesti e contemporânea da tragédia grega e também empresta sua voz à recém-lançada audiossérie de Chico Felitti, que estreou nesta quinta-feira (23). Na produção, ela interpreta a “voz da mídia”, papel que mistura ironia e comentário social, em linha com sua trajetória marcada pelo enfrentamento de narrativas hegemônicas.

Maria Lucas em foto de Rodrigo Menezes
Ao mesmo tempo, Maria se prepara para estrear em dois filmes: na animação “Coração das Trevas”, premiada com o Troféu Redentor de Melhor Direção em Longa no Festival do Rio 2025, faz a voz original da personagem Marcela Diaba, uma travesti poderosa que comanda um império nas favelas cariocas; e em “Overman – O Filme”, adaptação da HQ de Laerte Coutinho atualmente em pós-produção, viverá Poline Pilsen, uma influenciadora que transborda humor ácido.
Dividida entre ensaios, gravações e estúdios, Maria Lucas celebra uma fase de consolidação e expansão artística, reafirmando sua presença como uma das vozes mais potentes da cena trans contemporânea.
“É um momento em que minha voz e meu corpo estão em trânsito entre linguagens, mas falam de um mesmo lugar: o da experiência travesti no mundo”, resume a artista, que apareceu pela última vez na telinha no especial “Falas de Orgulho”, da TV Globo.
Maria Lucas também é doutoranda em Artes pela UERJ, onde pesquisa a presença de corpos trans e LGBQPNA+ nas artes da cena. Esteve em cartaz recentemente no Rio de Janeiro com o espetáculo “Próteses de Proteção – o Mito da Travesty contra o Carro-Falo”, baseado em seu ensaio “Próteses de Proteção”, vencedor do terceiro prêmio de textos ensaísticos do Instituto Moreira Salles.
A artista, que já publicou dois livros pela editora Urutau (“Esse Sangue não é de menstruação, mas de transfobia” e “Mais uma Casa de Bonecas”), também atua nas áreas de direção cênica e pedagogia teatral. Já ministrou sua oficina em diversas ocasiões no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Recife.
