Bambuá: Intrépida Trupe lança e-book e videoarte sobre projeto que une ancestralidade, afetividade e reconexão com a natureza

Referência do circo contemporâneo no Brasil e com 38 anos de muito trabalho e vários prêmios na bagagem, a Intrépida Trupe segue tecendo parcerias e criando magia. Em seu novo projeto de pesquisa, capacitação e criação artística, Bambuá, a companhia reuniu artistas do circo, dança, teatro e música para estudar e experimentar o uso do bambu no universo circense, desde a construção de aparelhos até a exploração de movimentos no material. Este trabalho está registrado em um e-book e no videoarte Bambuá, que tem direção de Cavi Borges e de Beth Martins, diretora artística da companhia, que serão lançados em sessão única no Estação Net Rio, em Botafogo, no próximo dia 24, às 21h.

Diretora geral e artística do projeto e uma das fundadoras do grupo, Beth Martins explica que a escolha do bambu como matéria-prima de toda esta experimentação foi totalmente orgânica. “A minha origem é do mato, nasci e cresci  no Centro Oeste, assim como a Vanda Jacques, cofundadora do grupo. Vivemos rodeadas de natureza, próximas às nascentes de águas, bambuais, ventos, pomares… eu me nutro das minhas relações com a natureza, com as pessoas, com a arte e as minhas leituras. Li vários livros de Ailton Krenak, grande fonte de inspiração neste caminho, entre outros autores, como Clarice Lispector, Manoel de Barros e Nêgo Bispo. Em 2019, comecei  este mergulho sensível no universo do bambu, em uma residência imersiva com Poema Muhlenberg, da Escola Nós No Bambu”, conta ela. Beth e Vanda enumeram as características do bambu que são comuns à própria natureza da Intrépida: flexibilidade e força, resiliência e resistência, a propriedade de curvar-se sem quebrar. “Apesar de tantas dificuldades que passamos nos últimos anos,  toda esta potência rizomática compartilhada com os nossos parceiros de criação e o nosso público nos fortaleceu. A partir desse trabalho iniciamos a nossa retomada em conexão com a nossa origem”, diz Vanda. “O próprio nome do projeto, Bambuá, é um neologismo que transforma o movimento com o bambu no verbo, ‘bambuar’, ou seja, mover-se como e com o bambu”, completa Beth.

O Projeto

Bambuá marca a retomada definitiva das atividades da Trupe, parcialmente suspensas desde a pandemia da Covid-19. Desenvolvido em instâncias diferentes, o projeto foi pensado para gerar conteúdos diversos, como performances artísticas, novos objetos, coreografias e vídeos que transitam pelo universo do circo, da dança, do teatro, dos movimentos circenses, da performance e do audiovisual. “O ponto de partida foi a construção de aparelhos em bambu e a experimentação destes com foco na relação corpo-bambu”, aponta a diretora artística. 

Em seguida, veio a criação de composições coreográficas e cênicas com os instrumentos acrobáticos concebidos, experiências que foram compartilhadas com o público em apresentações de uma mostra em dois espaços da cidade, na Lapa e em Madureira, e registradas em vídeo. ”A proposta inicial era fazer pequenos videoartes, mas durante a edição surgiu a irresistível ideia de fazer um audiovisual em média metragem, que acabou ficando com 55 minutos. O filme é uma visão poética de fragmentos desta trajetória corpo-bambu. Um mergulho profundo na intimidade deste trabalho coletivo, com foco no sensível no cuidado pessoal e com o outro, no amor e na conexão com a Mãe Terra e com a nossa ancestralidade, com os nossos mestres e artistas que vieram antes de nós”, conta Beth. 

O filme expõe momentos reveladores de uma forma muito própria da construção de uma linguagem. “O que está ali são registros experimentais, com a câmera por vezes muito próxima de nós, por dentro das estruturas que criamos. Isso mostra, de forma íntima, o nosso jeito de trabalhar, fruto de um trabalho artístico e coletivo, repleto de afetividade. “Optamos por manter erros e momentos engraçados, pois isso também é parte do nosso processo”, conta Cavi. Beth reforça que “ali estão os primeiros passos deste processo criativo, que esperamos transformar em um espetáculo e que possamos levá-lo para outras cidades e estados.”

e-book

Paralelamente ao videoarte, a Intrépida fará o lançamento do e-book Bambuá, que traz anotações, textos, fotos e vídeos, um panorama descritivo e ilustrado do processo, além dos parceiros que estiveram com a Intrépida Trupe nesta trajetória. O conteúdo também apresenta o resultado detalhado dos cinco dias de oficina e os meses de pesquisa criativa, durante os quais foram compartilhados os princípios e vocabulário da arte corpo-bambu e os jogos de experimentação e improvisação com os esses instrumentos. “Está tudo ali, aula por aula, contando como foi o período deste processo criativo coletivo. Queremos compartilhar esse conhecimento e nossa expectativa é que este material chegue a outros grupos, alunos, professores, formadores, artistas, pesquisadores e profissionais das artes do circo para que possam se beneficiar, compartilhar e multiplicar saberes a partir do que desenvolvemos em Bambuá. Assim a Intrépida deixa mais um legado para a cultura do país”, enfatiza Beth.

Bambuá teve incentivo do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ) e da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) 

Após o lançamento, no dia 24, o filme e o e-book Bambuá estarão disponíveis gratuitamente no canal do YouTube no site do grupo, respectivamente.

Related posts

Shotly estreia com primeiro shot exclusivo de superalimentação rico em probióticos

“Famílias de Pernas Para o Ar”, uma série de oficinas voltadas para toda família

Bete Esteves apresenta “elataquidentro” no Solar Grandjean de Montigny /PUC-Rio