Belle Époque Carioca é retratada em documentário a partir de paisagens do Rio

Locações e ícones da Cidade como Praça Tiradentes, Rua do Ouvidor e Bondes de Santa Teresa estarão no documentário Os Irmãos Segreto, coproduzido pela Bang Filmes, pela italiana Stay Black e Cinemateca do MAM
 
Um dos irmãos Segreto, Paschoal foi arrendatário do Teatro Carlos Gomes, atualmente em reformas
 
As histórias da cidade do Rio de Janeiro e do cinema se confundem com a história dos Irmãos Segreto na época da transição da Monarquia para a República.
 
Os três irmãos são personagens-chave para compreender a cena cultural da Belle Époque carioca e as profundas transformações políticas, sociais e culturais que ocorreram na evolução da provinciana capital do Brasil Imperial à recém urbanizada Capital Federal que aspirava ser a “Paris dos trópicos” – e os ecos dessas transformações que repercutem na cidade até hoje.
 
A produtora carioca Bang Filmes, de Juliana de Carvalho, assina o documentário “Os Irmãos Segreto”, dirigido pelos italianos Federico Ferrone e Michele Manzolini, numa coprodução com a produtora italiana Stay Black, com sede em Roma e em Nova Iorque, e Cinemateca do MAM.
 
Os dois estão no Rio filmando em várias locações e paisagens naturais até o próximo domingo e a produção internacional deverá estar nos cinemas em 2025, quando o cinema mundial completará 130 anos, desde a sua primeira exibição pelos irmãos Lumière.
 
Entre os lugares que estão no roteiro das filmagens estão o Teatro Municipal de Niterói, Cinemas Rex e Iris, no Centro, Praça Tiradentes, Rua do Ouvidor, Bondes de Santa Tereza, Floresta da Tijuca e Lapa.
 
Sobre a importância dos Irmãos Segreto para o Rio e para o Brasil, Juliana de Carvalho comenta:
 
“É atribuída a Afonso Segreto a primeira filmagem no país: vistas da Baía de Guanabara”, realizada em 19 de junho de 1898, quando retornava de viagem a bordo do paquete francês Brésil. A data tornou-se um marco, na qual comemora-se o Dia do Cinema Brasileiro”.
 
Já para o diretor italiano Michele Manzolini “fotografar no Rio hoje é uma viagem ao presente e ao passado. Mesmo transformados, os traços do passado da cidade ressurgem constantemente no Rio de hoje. Filmados atualmente eles se fundirão com os filmes sobre a cidade que recuperamos de arquivos ao redor do mundo.”
 
OS SEGRETO
 
Paschoal era descrito como um tipo reservado, mas afável. A extrema discrição sobre sua vida pessoal talvez tenha alimentado as suspeitas, nunca confirmadas, de que ele teria ligações com a máfia italiana.
 
Um grande entusiasta da modernidade, apoiou a radical reforma urbanística de Pereira Passos em prol de um maior potencial cultural e turístico para a cidade. Se notória era sua influência na vida política do Rio de Janeiro, é notável que seu apoio tenha sido decisivo para eleger presidente o Marechal Hermes da Fonseca, padrinho de um dos filhos de Gaetano.
 
Polêmicas à parte, é inegável que Paschoal Segreto, com seu espírito visionário e empreendedor, teve fundamental importância para a construção da cena cultural carioca tal como conhecemos hoje, um século depois de sua morte: foi ele quem estabeleceu o entretenimento acessível a todas as classes, a popularização da linguagem teatral e a consolidação da atividade cinematográfica no Brasil. 
 
Gaetano foi sócio de Paschoal em todos os empreendimentos das Empresas Segreto – contudo, sua grande paixão era o jornalismo, ao qual dedicou-se desde quando era apenas um jornaleiro ambulante, tendo criado o moderno sistema de distribuição de bancas que revolucionou a venda de jornais na cidade.
 
Fundador do jornal de língua italiana Il Bersagliere, criou um vínculo e um espaço de diálogo para as crescentes comunidades italianas do Rio de Janeiro e São Paulo, tornando-se uma de suas figuras mais importantes e prestigiosas.
 
Devido à sua especificidade, o jornal de Gaetano não oferecia concorrência aos jornais locais e as boa relações que mantinham nessas redações garantia-lhes o acesso a informações privilegiadas, além de ampla divulgação das produções das Empresas Segreto. E ao que parece, os irmãos, sem o saber, criaram o que hoje conhecemos como assessoria de imprensa.
 
Alfonso Segreto, ou Afonso, como ficou conhecido era o mais novo dos três irmãos, ao menos em terras brasileiras, e o responsável pelas atividades cinematográficas da família. Enviado por Paschoal para Nova Iorque e Paris logo depois que chegou ao Brasil, fazia constantes viagens para se atualizar nas técnicas de filmagem e comprar equipamentos, câmeras e projetores.

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