Oito de novembro é dia de rock carioca no Qualistage. É dia de Teatro Ipanema, de Circo Voador no Arpoador, de sucessos enfileirados com as apresentações da Blitz, com sua “Turnê sem fim”, e de Lobão, que celebra 50 anos de carreira no palco. Cada um dos artistas fará seu próprio show, mas um encontro não está descartado. Por quê? Muitos motivos, mas um é mais direto: João Luiz Woerdenbag Filho, vulgo Lobão, é o baterista original da Blitz. Ambos vêm da então incipiente cena do rock/teatro carioca dos anos 1970, Lobão com o grupo Vímana e Evandro Mesquita com o teatro do Asdúbral Trouxe o Trombone. Eventos que incluem personagens como a Gang 90 e músicos como Antônio Pedro Fortuna, ex-Mutantes, e Lulu Santos levaram à Blitz, que em sua formação clássica, após vários encontros e despedidas (desde 1980), reuniu Evandro, Lobão, Ricardo Barreto (guitarra), Fernanda Abreu e Márcia Bulcão (vozes), Antônio Pedro (baixo) e Billy Forghieri (teclados). Depois do lançamento do single “Você não soube me amar”, de 1982, que mudou a linha do tempo da música brasileira. O inquieto (e genial) Lobão deixou a banda rumo a uma vitoriosa carreira solo, sendo substituído por Juba, e o resto é, literalmente, história.
Depois de comemorar 40 anos de carreira em 2022, a Blitz segue nos palcos – não à toa em sua turnê “Sem fim” – pelo Brasil e pelo mundo. Nos últimos anos, o grupo passou por EUA, Europa e Japão (2011, 2014, 2015 e 2018). Seu último álbum concorreu ao Grammy latino em 2017, e sua história virou filme em 2020: “Blitz – o Filme”. A banda ainda foi homenageada no Rock in Rio 2022 e lotou o palco Sunset durante o seu show; no mesmo ano, seus 40 anos de estrada foram lembrados em programas como o “Fantástico”, o “Caldeirão do Mion”, “Faustão”, “Altas Horas” e “Domingo Espetacular”. A formação atual da Blitz tem Evandro Mesquita (vocal, guitarra e violão), Billy Forghieri (teclados), Juba (bateria), Rogério Meanda (guitarra), Sara Rosemback (baixo), Andréa Coutinho (backing vocal) e Nicole Cyrne (backing vocal).
Lobão iniciou a carreira musical nos anos 1970, e, com 17 anos, entrou na banda Vímana, ao lado de músicos renomados no cenário: o astro pop Lulu Santos, o cantor Ritchie e o tecladista Patrick Moraz, que havia integrado o Yes, a maior banda de rock progressivo de todos os tempos. No final daquela década, integrou a banda de apoio da cantora Marina, de onde pulou para a Blitz.
Aquela década marcou o início de Lobão como artista solo. Álbuns como “Cena de Cinema” (1982), “Ronaldo Foi pra Guerra” (1984) e “O Rock Errou” (1985), sacramentaram sucessos como “O Homem-Baile”, “Me Chama” e “Revanche”, entre tantos outros. A faixa-título do álbum “Vida Louca Vida” foi outra que estourou nas paradas e nas rádios, sendo posteriormente regravada por Cazuza, também amigo pessoal de Lobão.
Em 1990, se apresentou no festival Hollywood Rock, sendo considerado a melhor apresentação do evento pelo público. No decorrer da década, lançou “Nostalgia da Modernidade”, “Noite” e “A Vida é Doce” (1999), que inovou ao ser distribuído por meio de bancas de jornais, enfrentando as grandes gravadoras, façanha repetida com “2001: Uma Odisséia no Universo Paralelo”. Em 2007, lançou o ao vivo “Acústico MTV”, que levou o Grammy Latino de melhor álbum de Rock do Brasil. Em 2011, chegou às lojas o box/coletânea “81-91 + DVD Acústico MTV”.
Ao completar meio século de vida, lançou o livro “50 Anos a Mil”. Dez anos mais tarde, providenciou um apêndice referente a essa década: “60 Anos a Mil”. Ousou, confrontou e inovou em diversas maneiras o cenário musical e a indústria que o cerca. Um artista multifacetado e único, que celebra meio século de carreira e não dá sinais de que vai parar tão cedo. Lobão (voz e guitarra) se apresenta em formato power trio, ao lado de Guto Passos (baixo e vocal) e Armando Cardoso (bateria).