Mostra “Filmes Cubanos Restaurados” – A partir do dia 22 de julho, a CAIXA Cultural do Rio de Janeiro embarca em uma viagem no tempo, na qual filmes do cinema cubano, que passaram por uma restauração histórica, serão exibidos gratuitamente. Com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, sob curadoria de Silvia Oroz e Gregory Baltz, a mostra “Filmes Cubanos Restaurados” exibe ao público carioca uma seleção de obras icônicas do cinema cubano, agora com uma maior qualidade de imagem e som. Como convidadas especiais Mirtha Ibarra (atriz de cinema, teatro e televisão) e Lola Calviño (Ex-vice diretora da EICTV e Vice-diretora da Cinemateca de Cuba), duas expoentes do cinema cubano.
Até o dia 3 de agosto serão exibidos 15 filmes, divididos entre 8 longas-metragens e 7 curtas. Será uma oportunidade única de celebrar a memória cinematográfica de Cuba e seu impacto cultural duradouro no continente latino-americano. Vale ressaltar que sob a direção de Luciano Castillo, a Cinemateca de Cuba vem realizando um importante trabalho de restauração e difusão dos grandes clássicos cubanos.
A mostra preparou uma programação diversificada, reunindo especialistas para debater o cinema cubano e a preservação audiovisual. O público poderá participar de um bate-papo com Mirtha Ibarra sobre o clássico “Morango e Chocolate” (Fresa y Chocolate), além de uma conversa com Lola Calviño sobre o trabalho da Cinemateca Cubana na restauração de filmes. Haverá também debates com Silvia Oroz, Mirtha Ibarra e Lola Calviño, explorando a história do cinema cubano, enquanto Fábio Vellozo e Hernani Heffner, da Cinemateca do MAM-RJ, discutirão os desafios da preservação audiovisual na América Latina. Como destaque, Afrânio Mendes Catani ministrará uma masterclass sobre a obra do renomado cineasta Tomás Gutiérrez Alea. Para garantir acessibilidade, o evento contará com sessões adaptadas, incluindo legendas descritivas. Essa iniciativa oferece uma valiosa oportunidade para aprofundar o conhecimento sobre a produção cinematográfica cubana e sua importância cultural.
A ideia de produzir a mostra surgiu em 2024, em uma conversa entre os curadores em uma viagem por Cuba, México, Argentina. “Estou dirigindo um documentário sobre a vida e a obra de Silvia Oroz, que tem uma importância ímpar dentro do cinema latino-americano. Em Cuba, durante uma das entrevistas que realizamos com Luciano Castillo, diretor da Cinemateca de Cuba – em meio a essa conversa sobre a trajetória cinematográfica do país, e enquanto lembrávamos com entusiasmo de comediantes como Piñeiro y Garrido -, Luciano mencionou que alguns filmes cubanos estavam sendo restaurados. Foi nesse contexto que surgiu, espontaneamente, a ideia de realizar uma mostra dedicada aos filmes cubanos restaurados”, conta o realizador Gregory Baltz. (Nota: Silvia vive no Brasil desde 1979, quando fugiu da ditadura argentina).
Dentre os filmes que estão na programação, há de destacar “Morango e Chocolate” (Fresa y Chocolate, 1995) de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío, que foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Outro clássico de Tomas Gutiérrez Alea que será programado é Memórias do Subdesenvolvimento (Memorias del Subdesarrollo, 1968), exibido em cópia restaurada no Festival de Cannes, em 2016, reafirmando a relevância do cinema cubano no cenário internacional.
Também vale uma lupa para “La Muerte de un Burocrata” (A Morte de um Burocrata), restaurado pelo Academy of Motion Picture Arts and Sciences (Archives). O filme passou em 2019 no Venice Classics uma sessão de clássicos restaurados no festival de Veneza.
A lista se completa com os longas-metragens “Giselle” (Giselle) – 1965, “Lucía” (Lucía) – 1968, “Uma Luta Cubana Contra os Demônios” (Una Pelea Cubana contra los Demonios) – 1971, “De Certa Maneira” (De Cierta Manera) – 1974, “A Última Ceia” (La Ultima Cena) – 1976, e os curtas-metragens “Irei a Santiago” (Ire a Santiago) – 1964, “Fábrica de Tabaco” (Excursion a Vueltabajo) – 1965, “Ilha do Tesouro” (Isla del Tesoro) – 1969, “Poder Local, Poder Popular” (Poder Local, Poder Popular) – 1970, “Guanabacoa, a Crônica da Minha Família” (Guanabacoa, Cronica de Mi Familia) – 1966, “E Temos Sabor” (Y Tenemos Sabor) – 1967 e “Atenção Pré-natal” (Atención Prenatal) – 1972.
Nota da Curadoria
Somente 83 dias depois da Revolução Cubana, em 1º de janeiro de 1959, foi criado o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC). Com a participação intensa de cineastas como Tomás Gutiérrez Alea, Julio García Espinosa, Alfredo Guevara, Santiago Álvarez e Sara Gómez, o cinema cubano passou a ganhar reconhecimento mundial, destacando-se como uma das expressões culturais mais vibrantes da América Latina.
A Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de los Baños, criada em Cuba, foi pioneira no continente ao propor uma formação audiovisual de caráter internacional. Grandes nomes do cinema mundial, como Francis Ford Coppola, Robert Redford, Costa-Gavras, George Lucas, Ruy Guerra e Steven Spielberg, passaram pela instituição como professores ou convidados, fortalecendo os laços culturais entre Cuba e o mundo.
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ATIVIDADES PARALELAS
A mostra trará ao Rio de Janeiro duas grandes personalidades do cinema cubano: Lola Calviño e Mirtha Ibarra. Lola Calviño, vice-diretora da Cinemateca de Cuba, é hoje a principal referência em políticas públicas para o audiovisual no país.Mirtha Ibarra é a atriz mais destacada da ilha, com uma carreira marcante no cinema cubano.
BATE-PAPOS
Bate-papo 1 – 22 de julho (terça-feira), às 18h30, após a sessão de “Morango e Chocolate”. Duração 1h. A atriz cubana Mirtha Ibarra fala sobre sua atuação em “Morango e Chocolate” (1993), de Tomás Gutiérrez Alea. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e exibido em festivais como Berlim, Chicago e Gramado.
Bate-papo 2 – 23 de julho (quarta-feira), às 18h25, após a sessão de “Memórias do Subdesenvolvimento”. Duração 1h. A vice-diretora da Cinemateca de Cuba, Lola Calviño, fala sobre o processo de restauração dos filmes cubanos realizado nos últimos anos.
MESAS DE DEBATE
Debate 1
26 de julho (sábado) – 18h – duração 1h30. Lola Calviño, Mirtha Ibarra e Silvia Oroz (curadora) conversam sobre a história do cinema cubano.
Debate 2
31 de julho (quinta-feira) – 18h – duração 1h30. Fábio Vellozo e Hernani Heffner conversam sobre preservação na América Latina.
MASTERCLASS: O cinema de Tomás Gutierrez Alea
02 de agosto as 14h30 – duração 2h
Masterclass com o professor Afrânio Mendes Catani sobre o cinema de Tomás Gutierrez Alea.
SESSÕES DE ACESSIBILIDADE
As mostra fará sessões com legenda descritiva nos seguintes dias:
– 25 de julho, às 18h: filme “A morte de um Burocrata” (16 anos)
– 26 de julho, às 16h: filme “A úlitma ceia” (16 anos)
– 27 de julho, às 13h20: filme “De certa maneira” (16 anos)
– 29 de julho, às 16h; filme “A morte de um burocatra” (16 anos)
– 30 de julho, às 15h20: filme “A úlitma ceia” (16 anos)
– 2 de agosto, às 18h10: filme “De certa maneira” (16 anos)
Os Curadores
Silvia Oroz
Silvia Oroz é autora do livro pioneiro “Cinema de lágrimas: o melodrama da América Latina”. Primeira obra do mundo a analisar o cinema a partir da perspectiva latino-americana, foi adaptado para o cinema por Nelson Pereira dos Santos no filme “Cinema de Lágrimas” (1995) no qual Silvia também foi roteirista. Também é autora das duas edições da coleção “Os filmes que não filmei” uma realizada com Cacá Diegues e outra com o diretor cubano Tomas Gutierrez Alea. Autora de “30 anos de cinema novo”, livro realizado com apoio da RioFilme e da Imprensa da Cidade do RJ. Professora universitária com passagem pela UNB, Universidade Estácio de Sá, Faculdade Hélio Alonso, entre outras. Silvia segue ministrando aulas para diferentes países como Colômbia, Estados Unidos, México, Paraguai. Estudou na primeira faculdade de cinema da América Latina, UNLP, Universidad Nacional de La Plata e realizou seu mestrado na Universidade de Brasilia (UNB). Possui o título de Doutor Honoris Causa por la Universidad Autónoma de México. Dirigiu coletivamente o filme “Informes y testimonios” (1973), primeira obra cinematográfica da cidade de La Plata na Argentina. Silvia também foi coordenadora da área de pesquisa e documentação da Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM).
Gregory Baltz
Gregory Baltz é pós-graduado em Produção Audiovisual pela FACHA, argumentista e produtor executivo do longa-metragem Chica Xavier (em pós-produção) e da série documental Dia de Luz, Festa de Sol, sobre Roberto Menescal, em fase de finalização para o Canal Brasil. Também é diretor e roteirista do longa documental Silvia Oroz e o Cinema de Lágrimas da América Latina, atualmente em finalização. Foi curador da mostra Em cima da Terra, Embaixo do Céu – Os Cinemas de Walter Lima Jr., realizada na CAIXA Cultural RJ em 2024. Como roteirista e diretor teve três curtas selecionados em festivais como É Tudo Verdade, Festival de Brasília e o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Convidadas
Lola Calviño
Licenciada em História da Arte pela Universidade de Havana. Foi assistente de direção e roteirista de documentários no ICAIC (Instituto Cubano del Arte e Indústria Cinematográficos), instituição onde trabalha desde 1974. Foi vice-diretora da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños (EICTV). Atualmente é vice-diretora da Cinemateca de Cuba. Junto com Mario Naito, compilou o livro Memórias de Cuba Baila; também realizou a seleção de textos para Aventuras de Juan Quin Quin. Roteiro Cinematográfico, volume que inaugurou a coleção “Roteiro cubano”, da Ediciones ICAIC. É viúva do cineasta e ensaísta Julio García-Espinosa, um dos diretores mais importantes do Novo Cinema Latino-Americano.
Mirtha Ibarra
Atriz de cinema, teatro e televisão. Em 2025, foi agraciada com o Prêmio Nacional de Cinema. Graduada pela Escola Nacional de Arte de Cuba e Licenciada em Literatura Latino-Americana pela Universidade de Havana, seus primeiros passos profissionais nos palcos remontam a 1967, integrando grupos teatrais emblemáticos da ilha, como o Teatro Estudio, o Teatro Bertolt Brecht, o Teatro de Arte Caribenho e El Público. Entre 2000 e 2001, realizou uma extensa turnê teatral pela Espanha com a peça “Obsesión habanera” (Obsessão Havanera), da qual é autora, protagonista e codiretora.
Seu debut no cinema ocorreu em 1976, com um pequeno papel no filme A Última Ceia (La última cena), de seu marido Tomás Gutiérrez Alea (Titón), mas foi com Até Certo Ponto (Hasta cierto punto, 1983), também de Titón, que conquistou seu primeiro papel de protagonista e, com ele, o Prêmio Coral de Melhor Atuação Feminina no V Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana.
O ano de 1993 marcou um novo ponto de virada em sua carreira, ao retomar o personagem de Nancy (interpretado em Adorables mentiras) para o aclamado filme Morango e Chocolate (Fresa y chocolate, 1993). Graças ao seu trabalho, obteve o Prêmio Coral de Melhor Atriz Coadjuvante no XV Festival do Novo Cinema Latino-Americano de Havana, entre outros reconhecimentos.
Em 2007, foi publicada na Espanha a primeira edição do epistolário de Tomás Gutiérrez Alea, a partir da seleção de cartas, poemas, esboços (viñetas), fotos e desenhos feita por ela. Em 2008, o livro foi publicado em Cuba, recebendo uma reedição em 2018. Também em 2008, estreou o documentário Titón, de Havana a Guantanamera (1928-1996), e em 2020 inaugurou em Havana a Casa de Titón y Mirtha, um espaço onde é possível encontrar o acervo documental (papelería) de Tomás Gutiérrez Alea, e que tem como propósito impulsionar a pesquisa em torno de sua obra.
Serviço:
Mostra “Filmes Cubanos Restaurados”
- De 22 de julho a 3 de agosto de 2025
- CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Unidade Passeio
- Rua do Passeio, 38 – Centro, Rio de Janeiro/RJ
- Acesso para pessoas com deficiência
- Entrada Gratuita
- Horários da bilheteria: terça a sábado, das 13h às 19h | domingos e feriados, das 13h às 18h.
- Retirada de ingressos a partir de 30 minutos antes de cada sessão e atividade programada
- Classificação indicativa: 16 anos
- Informações: (21) 3083-2595
- site da CAIXA Cultural | @caixaculturalrj
