CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta “Frans Krajcberg- Uma semântica da devastação”

Foto: Rafael Martins

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, de 11 de novembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026, a exposição Frans Krajcberg – Uma Semântica da Devastação, mostra que reúne 39 obras do artista polonês naturalizado brasileiro, pioneiro na integração entre arte e meio ambiente. Com curadoria de Alejandra Muñoz, a exposição traz esculturas, relevos, gravuras e um raro desenho de Krajcberg. A abertura acontece no dia 11 de novembro, às 17h, com entrada gratuita e visita mediada especial.

A mostra é realizada pela Via Press Comunicação, fruto de uma parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), responsável pela guarda do acervo do artista, doado integralmente ao Governo do Estado da Bahia. Patrocínio CAIXA e Governo Federal. As obras são provenientes do Museu do Recôncavo Wanderley Pinho (três esculturas e oito relevos) e do Museu de Arte da Bahia (MAB) (27 gravuras e um desenho), compondo um panorama contundente da produção de Krajcberg.

A ideia da exposição “Frans Krajcberg – Uma semântica da devastação” consiste em apresentar a obra de Frans Krajcberg como uma escrita, onde cada trabalho contribui para uma mensagem maior. Em outras palavras, os trabalhos apresentados serão como palavras ou grafismos pertencentes a um único texto. Dessa forma, a dimensão da pesquisa do artista é evidenciada e fortalecida menos pelo valor individual de cada peça isolada e mais pela potência do conjunto da obra na escala das questões ambientais e das consequências nefastas da devastação que, pioneiramente, foram assinaladas pelo artista desde os anos 1970. O tamanho do legado de Krajcberg é diretamente proporcional à urgência da angústia que exala das suas esculturas e relevos.

O próprio Krajcberg afirmou: “Meu alfabeto são as imagens vistas nas obras expostas, que devem, principalmente, ser ponto de partida para uma reflexão mais abrangente sobre o homem e sua relação com o meio ambiente”.

Entre as peças apresentadas, destacam-se obras inéditas no Rio de Janeiro, incluindo o único desenho da coleção — o mais antigo do acervo — e relevos emblemáticos que expressam a força do gesto e o engajamento do artista com as causas ambientais.

“A proposta desta exposição busca ir além de uma mostra de objetos. Retoma e amplia a causa de um artista solitário que mostra um compromisso coletivo em prol da sobrevivência do nosso planeta. Aquilo que fora alerta isolado de Krajcberg nos anos 1970, infelizmente, cinco décadas depois virou uma constatação irrefutável”, conta a curadora Alejandra Muñoz.

“Esta exposição é mais uma forma de celebrar a obra de Krajcberg e reafirmar o compromisso do IPAC com a preservação de seu acervo. A mostra convida o público a mergulhar no universo de um artista cuja trajetória se confunde com seu ativismo em defesa do meio ambiente, uma questão tão atual e fundamental para nossa sobrevivência”, diz Marcelo Lemos, diretor geral do IPAC.

Arte, denúncia e natureza

Frans Krajcberg (1921–2017) foi um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira e um precursor do pensamento ecológico na arte. Nascido em Kozienice, na Polônia, de origem judaica, sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e, após perder toda a família, chegou ao Brasil em 1949, naturalizando-se brasileiro em 1957. Instalou-se em definitivo no litoral sul da Bahia, em Nova Viçosa, onde criou o Sítio Natura, hoje símbolo de seu legado artístico e ambiental.

Em suas viagens por diferentes biomas, especialmente pela Amazônia, Krajcberg testemunhou de perto a destruição ambiental e transformou esse choque em matéria poética. Suas obras — feitas de troncos queimados, raízes e cipós recolhidos de áreas devastadas — são manifestações vigorosas contra o desmatamento e o descuido com a natureza.

Em paralelo a essas movimentações, desde os anos 1950 Krajcberg participou de diversas mostras coletivas internacionais e realizou várias outras mostras individuais. Um dos momentos mais emblemáticos do seu processo de criação artística decorreu das expedições à Amazônia.

Em 2009, Frans Krajcberg decide doar seu acervo em Nova Viçosa ao Estado da Bahia, com mais de mil peças de diversas linguagens e técnicas. Desde então, foi feito um minucioso e exaustivo trabalho de catalogação e tratamento deste conjunto monumental legado pelo artista.

O artista construiu, ao longo de mais de seis décadas, uma obra de grande rigor formal e potência ética, na qual arte, natureza e ativismo se fundem. Atualmente, parte de sua produção também está em cartaz no MASP, e em 2023 uma grande retrospectiva foi realizada na Pinacoteca de São Paulo.

Atividades paralelas

A programação educativa da mostra inclui visitas mediadas e uma oficina de curadoria ministrada por Alejandra Muñoz, no dia 04 de dezembro, das 14 às 16h, presencial. Como gesto simbólico e educativo em sintonia com o pensamento de Krajcberg, a exposição contará com um ponto de coleta de pilhas e baterias, estimulando práticas de consciência ambiental entre os visitantes.

Além das 39 obras, a mostra também inclui uma obra fotográfica sobre Krajcberg produzida por Christian Cravo e uma linha do tempo destacando momentos marcantes da vida do artista.

Serviço:

Exposição: Frans Krajcberg – Uma Semântica da Devastação

Curadoria: Alejandra Muñoz

Período: 11 de novembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026

Visitação: Terça a sábado, das 10h às 20h – domingos e feriados, das 11h às 18h

Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Unidade Passeio Galerias 1 e 2 – Rua do Passeio, 38 – Centro, Rio de Janeiro – RJ.

Tel: (21) 3083-2595

Abertura: 11 de novembro (terça-feira), às 17h

Classificação indicativa: Livre

Entrada: Gratuita

Realização: VIA PRESS COMUNICAÇÃO

Patrocínio: CAIXA Cultural e Governo Federal

Acervo: IPAC – Governo do Estado da Bahia (Museu do Recôncavo Wanderley Pinho e Museu de Arte da Bahia)

Alejandra Hernández Muñoz: Uruguaia, residente em Salvador desde 1992, é Arquiteta, Mestre em Desenho Urbano, Doutora em Urbanismo pela UFBA, com Pós-Doutorado em Artes pela UnB. Foi professora temporária de História da Arquitetura na FAUFBA (1998/2001); desde 2002 é professora permanente de História da Arte da Escola de Belas Artes (EBA/UFBA) e, desde 2023, é professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU/UFBA). Desenvolve trabalhos de crítica das Artes e Arquitetura e participa de júris e comitês de seleção artística. Integrou as equipes curatoriais do Programa Rumos Artes Visuais 2011-2013 e 2017-2018 do Instituto Itaú Cultural (São Paulo), da 3a Bienal da Bahia 2014 (Salvador), Lianzhou Photo 2018 (Lianzhou-China), 21a Bienal SESC-Videobrasil 2019 (São Paulo) e 4° Festival PhotoLux 2019 (Lucca-Itália). Realizou residência artística no Instituto Sacatar em abr./mai.2021 (Itaparica). Colaborou na exposição “Coisas existentes em função do desejo” de Marcos Zacariades (Caixa Cultural Salvador, 2014 e Curitiba, 2016) e foi curadora da mostra “Além do que se vê, aquém do intangível” de

Fábio Magalhães (Caixa Cultural São Paulo, 2017 e Brasília, 2018). Coordenou o Colóquio de Fotografia da Bahia 2017, 2018 e 2019 (Salvador) e o Seminário Protagonismos Femininos na Arte, Arquitetura e Design 2024 (Salvador).

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