A Falecida

Camila Morgado protagoniza A Falecida, de Nelson Rodrigues, no Teatro Copacabana Palace

por Waleria de Carvalho

Escrito em 1953, o clássico teatral A Falecida, de Nelson Rodrigues (1912-1980), completou 70 anos em 2023, com uma nova montagem dirigida e idealizada por Sergio Módena e protagonizada por Camila Morgado, que voltou ao teatro depois de um hiato de 11 anos distante dos palcos. Atualmente, ela está em cena na novela Renascer, na TV Globo, no papel de Dona Patroa.

O espetáculo teve sua estreia nacional no dia 18 de agosto no Sesc Santo Amaro – SP, onde realizou uma temporada de 2 meses com grande sucesso junto à crítica e lotando todas as apresentações.

Em 2024 A Falecida faz sua estreia na cidade do Rio de Janeiro, com patrocínio da Vivo, via Lei Rouanet, no Teatro Copacabana Palace, onde fica em cartaz de 23 de fevereiro a 7 de abril, com apresentações às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h.

A montagem recebeu 05 indicações ao Prêmio FITA 2023, recebendo os prêmios de Melhor Atriz Coadjuvante – Stela Freitas e Melhor Espetáculo – Juri Popular.

“Eu e Camila somos apaixonados por esse texto e pelo legado de Nelson Rodrigues. E ela é uma atriz “rodrigueana” por excelência, assim como o Thelmo Fernandes. Esta montagem marca a minha primeira direção de uma obra do Nelson. Estamos criando uma encenação atemporal para a peça, que, originalmente, foi escrita em 1953 e se passa no subúrbio do Rio de Janeiro. Mas Nelson vai além da crônica carioca. Ele radiografa a miséria da alma humana, presente nos mais diversos lugares e épocas”, comenta o diretor sobre a idealização do projeto”, diz Sergio Módena

Protagonizando o espetáculo ao lado de Camila Morgado está Thelmo Fernandes, com uma vasta experiência em torno da obra do autor. A montagem conta ainda com Stela Freitas como atriz convidada. E ainda os atores Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Thiago Marinho e Alan Ribeiro.

A peça

Classificada pelo saudoso crítico teatral Sábato Magaldi como uma das Tragédias Cariocas de Nelson Rodrigues, A Falecida narra o plano da tuberculosa e frustrada Zulmira, que sonha em ter um enterro cheio de luxo e pompa. Dessa forma, ela causaria inveja em sua prima e vizinha Glorinha, com quem nem fala mais e tem uma relação inexplicável de competição. 

Um pouco antes de morrer, Zulmira pede para seu marido Tuninho, que está desempregado e gasta todo o dinheiro com apostas, procurar o milionário Pimentel. Ela quer que o empresário pague para ela um enterro de 35 mil cruzeiros – o que beira o absurdo, uma vez que, na época, os funerais custavam menos de mil cruzeiros. 

Logo depois da morte de Zulmira, ainda sem saber como ela conheceu Pimentel, Tuninho vai à mansão dele descobre que o rico empresário e sua esposa eram amantes. O marido traído ameaça contar tudo para um jornal inimigo de Pimentel e consegue arrancar dele uma pequena fortuna. Tuninho, então, dá à Zulmira um enterro “de cachorro” e aposta todo o resto do dinheiro num jogo de futebol.

Mesmo tendo sido escrita nos anos 1950, A Falecida “revela sua força e atualidade num país ainda regido pela falsa moralidade e hipocrisia. Nos dias de hoje o fanatismo religioso abordado por Nelson Rodrigues tornou-se ainda mais significativo em nosso país. A personagem Zulmira traiu o marido e, por esse motivo, ela é consumida pela culpa. Seu desejo por um velório luxuoso é sua maneira de se vingar de um mundo que não lhe oferece possibilidade de transformação. A morte torna-se sua redenção. Desse modo, o autor nos coloca um dilema: Poderá um enterro de luxo compensar uma vida de desilusões?”, indaga o diretor.

Segundo o diretor, a encenação propõe uma estética atemporal. No cenário de André Cortez, um grande mausoléu (um signo da ostentação social em meio aos mortos) é o espaço por onde os diversos planos de ação irão ocorrer. Os figurinos de Marcelo Olinto não buscam a reprodução histórica da década de 50. Ao contrário, parecem apenas evocar um tempo passado, atravessando diversas épocas.  A trilha sonora, composta por Marcelo H, explora o conflito entre o sagrado e o profano. 

“Quando Zulmira se sente culpada, ela busca se afastar do profano, sendo constantemente atormentada por essa ideia. A trilha sonora percorreu diversos estilos, combinando desde obras de Dalva de Oliveira até samba. Essa mescla de estilos é uma característica marcante de Nelson Rodrigues, que inseria elementos cômicos em suas tragédias. O humor peculiar de Nelson está presente em nossa montagem, mesmo diante da trágica história de Zulmira”, acrescenta Módena.

Ficha Técnica

  • Texto: Nelson Rodrigues
  • Direção: Sérgio Módena
  • Elenco: Camila Morgado, Thelmo Fernandes, Stela Freitas, Gustavo Wabner, Alcemar Vieira, Alan Ribeiro, Thiago Marinho
  • Direção Musical: Marcelo H
  • Cenário: André Cortez
  • Iluminação: Renato Machado
  • Figurino: Marcelo Olinto
  • Preparação Corporal: Laura Samy
  • Programação Visual e Fotos: Victor Hugo Cecatto
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
  • Produção Executiva: Ana Velloso e Vera Novello
  • Direção de Produção: Lúdico Produções Artísticas
  • Produtores Associados: Camila Morgado, Sergio Módena e Lúdico Produções

Serviço

A Falecida, de Nelson Rodrigues, com direção de Sérgio Módena

  • Temporada: 23 de fevereiro a 07 de abril
  • Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h
  • Teatro Copacabana Palace – Avenida Nossa Sra. de Copacabana, 261, Rio de Janeiro, RJ
  • Ingressos: R$40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) | R$160 (inteira) e R$80 (meia-entrada)
  • Vendas online pela Sympla: https://bileto.sympla.com.br/event/90776
  • Bilheteria: 2 horas antes de cada sessão
  • Capacidade: 330 lugares
  • Acessibilidade: peça terá acessibilidade em Libras e Audiodescrição. O Teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida na plateia
  • Classificação: 16 anos
  • Duração: 90 minutos

Sucesso em São Paulo, ‘O que nos Mantém Vivos’ celebra os 65 anos de carreira de Renato Borghi, e estreia dia 24 de fevereiro no Espaço Sérgio Porto

O que nos mantém vivos

O que nos mantém vivos – Foto de Priscila Prade

“O que nos Mantém Vivos?”, indicado ao Shell “Melhor Direção”, APCA “Melhor Espetáculo” e vencedor Prêmio Deus Ateu “Melhor Atriz”, estreou no Sesc Consolação em novembro de 2022, foi contemplado pelo 12º Prêmio Zé Renato de Teatro, seguiu para temporada no Itaú Cultural em São Paulo, apresentou-se no Festival Internacional de Rio Preto e fez uma temporada histórica no Teatro Oficina, fundado em 1958 por Renato Borghi, José Celso Martinez CorrêaEtty FraserFauzi Arap, Ronaldo Daniel e Amir Haddad. O espetáculo agora chega ao Teatro Sérgio Porto, com estreia no dia 24 de fevereiro. O espetáculo, com roteiro de Elcio Nogueira Seixas e direção de Rogério Tarifa, recebeu indicação de Melhor Direção no Prêmio Shell e Melhor Espetáculo no APCA, e venceu na categoria Melhor Atriz no Prêmio Deus Ateu, além de ser contemplado no 12º Prêmio Zé Renato de Teatro.

A peça une artisticamente o Teatro Promíscuo e o diretor Rogério Tarifa, tendo no elenco Renato Borghi, Débora Duboc, Elcio Nogueira Seixas, Nath Calan e Cristiano Meirelles, e é estruturada em quatro unidades temáticas: “Todo Dia Morre Gente”, “Deus Acima de Todos”, “Pátria Armada” e “Luta Amada”, com o intuito de se lançar criticamente sobre a ameaça de autoritarismo fascista que tem assombrado o Brasil nos últimos anos.

“A partir de 2019, o país mergulha no obscurantismo e logo em seguida é destroçado pela pandemia de COVID 19. Portanto, Brecht havia se tornado ainda mais necessário para nos guiar em meio à escuridão que se abateu sobre o Brasil. Éramos desacatados todos os dias por falas e gestos monstruosos da gente torpe, tosca e assassina que sequestrou a nação para colocar em prática um projeto de poder baseado na destruição de tudo que importa para a vida humana: a saúde, a educação, a cultura, a ciência, as florestas e até as amizades e laços familiares. Era preciso montar uma peça que desse conta de colocar em cena toda a nossa dor coletiva, nossa revolta e também nossa alegria guerreira para enfrentar o dragão da maldade. Foi assim que nasceu ‘O que nos Mantém Vivos?’. Esta era a pergunta mais importante que poderíamos fazer a nós mesmos e ao público”, relata o criador do roteiro, Elcio Nogueira Seixas.

A montagem é uma espécie de continuação de ‘O que Mantém um Homem Vivo?’, clássico dos palcos brasileiros criado em 1973 por Renato Borghi e Ester Góes como obra de resistência à ditadura militar. Brecht foi escolhido pela dupla para driblar a censura da época justamente por sua capacidade de elaborar sua crítica feroz através de estruturas fabulares sofisticadas e, muitas vezes, repletas de humor, que despistaram a vigilância ignorante dos agentes do regime.

Atento ao momento explosivo e não menos decisivo que o Brasil atravessa, o Teatro Promíscuo, companhia fundada por Borghi e Elcio Nogueira Seixas em 1993, buscou em seus arquivos o roteiro original da peça, datilografado em uma antiga Olivetti por Renato Borghi e Esther Góes durante o período mais sombrio dos anos de chumbo para levantar uma nova montagem, que acabou indo para o palco em 2019, com Renato, Elcio e Georgette Fadel se revezando na atuação e na direção, imersos na cenografia arrojada de Daniela Thomas. 

“O que nos Mantém Vivos?” foi a pergunta que Renato Borghi se fez ao passar por uma cirurgia no coração pouco antes do começo dos ensaios. “Aquela experiência radical de ter meu coração arrancado e colocado sobre uma mesa fria me deu vontade de colocar meu coração toda noite sobre o tablado para fazer essa pergunta ao público”, diz o artista. E acrescenta: “É uma peça de sobrevivência. Mas não só a minha. A sobrevivência de todos nós como coletivo que somos. Há um mundo organizado em bases desumanas. Bertolt Brecht quer contribuir para sua mudança. Seu teatro é crítico, agudo, lúcido. Ele busca aclarar as contradições do indivíduo no relacionamento social. Brecht é carne, suor e sobrevivência e sua obra é inspirada no ser humano concreto em sua luta diária pelo pão”.

O roteiro é dividido em prólogo, primeiro ato, intermezzo, segundo ato e epílogo, com destaque para duas grandes unidades: “Deus Acima de Todos’, em que são representadas a cena do Pequeno Monge sobre fé e ciência, da peça “Galileu Galilei”,  personagem imortalizado por Borghi na montagem icônica do Oficina em 1968, em pleno AI-5 – e um compilado de trechos de “Santa Joana dos Matadouros”, tratado definitivo de Brecht sobre religião e capitalismo, onde o texto foi praticamente todo transformado em música pelo maestro William Guedes e o compositor Jonathan Silva, dialogando com uma linguagem cênica que flerta com a ópera e o blues – e “Pátria Armada”, que traz a história da irresistível ascensão do miliciano Arturo Ui, uma paródia de Hitler e outros ditadores sanguinários construída sob uma linguagem circense, como metáfora ideal para dialogar com a tentativa de golpe de Estado que esteve em curso no Brasil.

Ficha Técnica

  • Idealização e adaptação: Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
  • Direção: Rogério Tarifa
  • Elenco: Renato Borghi, Débora Duboc e Elcio Nogueira Seixas, Cristiano Meirelles e Nath Calan 
  • Musicista Substituto: Herí Brandino
  • Direção de Atores: Rogério Tarifa e Luiz André Cherubini
  • Direção Musical: William Guedes
  • Composição Musical Original: Jonathan Silva
  • Colaboração dramatúrgica:  Cristiano Meirelles, Débora Duboc, Diego Fortes, Georgette Fadel, Luiz André Cherubini, Nath Calan e Rogério Tarifa
  • Figurinos: Juliana Bertolini
  • Cenografia: Andreas Guimarães, Luiz André Cherubini e Rogério Tarifa
  • Iluminação: Marisa Bentivegna
  • Teatro de Bonecos e Objetos: Luiz André Cherubini
  • Direção de movimento e Preparação Corporal: Marilda Alface
  • Visagismo: Tiça Camargo
  • Camareira: Graça
  • Assistência e Operação de Luz: Rodrigo Damas
  • Operação de Som: Dugg Mont
  • Microfonista: Felipe Grillo
  • Contrarregragem: Andreas Guimarães, Diego Dac, Roberto Tomasim
  • Cenotécnica: Andreas Guimarães, Roberto Tomasim e Cássio Omae
  • Estagiária em cenário e figurino: Isadora  Poeta Martinez
  • Assistente de Figurinos: Vi Silva
  • Confecção de Figurinos: Juliana Bertolini, Vi Silva, Francisca Lima (costura), Aldenice Lima (tricôs) e Laura Bobik (intervenções gráficas)
  • Confecção dos bonecos: Mandy e Agnaldo Souza 
  • Confecção de Flores: Isadora Poeta Martinez
  • Eletricista: Marcelo Amaral
  • Assessoria de Imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa 
  • Fotografia: Bob Sousa e Priscila Prade
  • Estagiária em produção: Rommani Carvalho
  • Produção Executiva: Carolina Henriques
  • Direção de Produção: Jessica Rodrigues e Camila Bevilacqua
  • Coordenação Geral: Teatro Promíscuo / Renato Borghi Produções Artísticas LTDA.

Serviço 

  • Teatro Sérgio Porto | O que nos mantém vivos?
  • Quando: 24 de fevereiro a 18 de março
  • Horários: sexta e sábado, às 19h. Domingo, às 18h
  • Duração: 200 minutos [com 15 minutos de intervalo]
  • Classificação indicativa: 16 anos
  • Capacidade de público por sessão:  118 lugares
  • Local: Teatro Sergio Porto
  • Endereço: Rua Humaitá, 163 – Humaitá, Rio de Janeiro

Espetáculo “Hileia: Semeadora das Águas”, da Cia Mundu Rodá, estreia no Sesc Ipiranga

Hileia: Semeadora das Águas

Hileia: Semeadora das Águas – Foto: Foto de Susan Oliveira

A Cia Mundu Rodá estreia dia 23 de fevereiro no Sesc Ipiranga (Rua Bom pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, SP) o espetáculo “Hileia: Semeadora das Águas”, realizado a partir da nova pesquisa do grupo, baseada em temas urgentes e universais: o útero, a ancestralidade, o mercúrio, a seca, a enchente e a água. A nova montagem, com dramaturgia de Dione Carlos, traz trilha original executada vivo e emerge de pesquisas do grupo realizadas nos últimos anos, envolvendo o delicado tema das questões ambientais, por meio do aprofundamento de um teatro imbricado nas tradições populares e nas corporeidades contemporâneas. Com direção de Ana Cristina Colla, do Lume Teatro, a peça fica em cartaz até 24 de março, no Sesc Ipiranga – Auditório, e os ingressos podem ser adquiridos a partir de 06 de fevereiro em https://www.sescsp.org.br/programacao/hileia-semeadora-das-aguas/.

“Hileia: Semeadora das Águas” parte de uma pesquisa que entrelaça as memórias pessoais da atriz Juliana Pardo, uma das fundadoras da companhia, além de documentos e narrativas que demonstram a construção da capital paulista por meio do apagamento violento de seu desenho hídrico, e materiais levantados durante duas expedições realizadas pela Mundu Rodá na região Amazônica, pelos rios Xingu e Iriri em 2017 e Rio Acre e Tapajós (2019). O espetáculo teve como inspiração a história real do avô da atriz, que foi carreiro de boi e que coletava águas de rios em pequenas garrafinhas de vidro, autodenominando-se um “colecionador de rios”. Somam-se à construção do espetáculo elementos da cultura popular, pesquisa que tem orientado a criação teatral da Cia. Mundu Rodá desde o seu surgimento, no ano 2000. 

Na vida real da artista Juliana Pardo, a figura que guardava águas de rios em garrafas é seu avô Francisco Teles, mas na ficção proposta por Dione Carlos, a AVÓ Hileia é quem coleciona os rios nos potes de vidro. A peça transita também sobre o “ser mulher” em um mundo onde o machismo silencia, o medo imobiliza e o poder patriarcal subsiste há muitas gerações.

SINOPSE

Hileia, uma mulher prestes a perder a visão, acaba de herdar uma coleção da avó: rios engarrafados que a anciã reuniu durante toda a sua vida. Impactada diante do acervo, cria um altar para os objetos, passando a adorá-los, até ser transportada para uma realidade paralela na qual já não é apenas humana, mas um ser híbrido, meio bicho, meio planta, meio água. Navegando pelos rios soterrados de São Paulo, o espetáculo trama a história de mulheres-rios, em diferentes gerações.

PROFUNDIDADES MUSICAIS

Do som gravado das baleias às bacias de água em cena, dos diferentes timbres de chocalhos à rabeca (instrumento constante na pesquisa da Mundu Rodá), são muitas as camadas sonoras de “Hileia”. Da trilha original feita para o espetáculo por Alício Amaral, Juliana Pardo e Amanda Martins, o espectador sem dúvida pode esperar gozo e encantamento. “Partimos das poéticas da água, desde o som da superfície, do meio e das águas mais profundas, além das viagens e encontros com as cantigas e canções tradicionais”, explica Alício Amaral, compositor e pesquisador da Mundu Rodá, que executa a trilha no espetáculo ao lado de Amanda Martins. Aos instrumentos e abordagens inusitadas, juntam-se as músicas tradicionais, como as Cantigas do Baião de Princesas da Casa Fanti Ashanti, Família Menezes e do Grupo A Barca, do Maranhão e a Canção dos Encantados, de dona Maria Zenaide (cantora e parteira do Rio Juruá, no Acre). Completando as corporeidades e pesquisas de Hileia, ainda há a investigação corporal e o Butoh Dance, colaboração com Yumiko Yoshioka.

Ficha Técnica
Direção: Ana Cristina Colla
Co-Direção: Alício Amaral
Atuação: Juliana Pardo
Músico e Musicista em Cena: Alício Amaral e Amanda Martins
Dramaturgia: Dione Carlos 
Designer Audiovisual: Yghor Boy
Figurinos: Awa Guimarães 
Visagismo: Tiça Camargo
Direção musical: Alício Amaral 
Criação musical: Alício Amaral, Amanda Martins e Juliana Pardo
Cantigas: Baião de Princesas – Casa Fanti Ashanti, Família Menezes e Grupo A Barca e Canção dos Encantados – Maria Zenaide 
Investigação corporal – Butoh Dance: Yumiko Yoshioka
Tradução e Mediação de Contato/Produção (Yumiko Yoshioka): Eduardo Okamoto
Treinamento corporal: Lu Favoreto e Juliana Pardo
Investigação vocal: Lari Finocchiaro, Andrea Drigo e Letícia Góes
Concepção Cenário: Giorgia Massetani 
Luz: Eduardo Albergaria
Operação de Luz: Felipe Stucchi e Kenny Rogers
Captação das imagens Rio Jureia: Laboratórios Cisco
Equipe de produção: Corpo Rastreado – Lucas Cardoso
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Marina Franco

Créditos da primeira etapa do projeto

PESQUISA E CRIAÇÃO
Assistência de Direção: Natacha Dias e Alício Amaral Designer Audiovisual: Clara Moor e Julia Ro Figurinos: Thaís Dias Cenário e Cenotecnia: Wanderley Silva Provocadores dos Estudos Cênicos I e II: Daniel Munduruku, Francois Moïse Bamba, Patrícia Furtado e Adriano Sampaio Tradução e Mediação de Contato / Produção (Francois Moïse Bamba): Laura Tamiana Captação das imagens Rio Jamari e das crianças da aldeia jupaú, T.I. Uru Eu Wau Wau – Povo Uru Eu Wau Wau; e desenhos criados pelas crianças da Aldeira Tubatuba, T.I.Xingu, Povo Yudjá: Clara Moor 

SERVIÇO
“Hileia: Semeadora das Águas”
De 23 de fevereiro a 24 de março, sextas às 21h30, e sábados e domingos às 18h30.
Local: Sesc Ipiranga – Auditório – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo/ SP.
Duração: 60 minutos.
Classificação Indicativa: 12 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia-entrada) e R$ 12 (credencial plena) | Vendas nas bilheterias das unidades do Sesc e no link: Informações e ingressos em:

O Bonde reflete sobre o envelhecimento dos corpos negros no espetáculo Bom dia, Eternidade

Bom dia, eternidade

Bom dia, eternidade – Foto de Júlio Cesar Almeida

O premiado O Bonde estreou o espetáculo Bom dia, Eternidade no Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, no dia 20 de janeiro, com temporada até 25 de fevereiro de 2024, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos e feriados, às 18h. Com a proposta de aquilombar-se, O Bonde reúne artistas periféricos – Ailton Barros, Filipe Celestino, Jhonny Salaberg e Marina Esteves – que têm investigado, nos últimos trabalhos, as experiências de quase morte do corpo negro. Mais especificamente, a ideia é refletir sobre as heranças do período escravocrata.

O espetáculo Bom dia, Eternidade é a última parte da Trilogia da Morte, iniciada com a peça infantil Quando eu morrer vou contar tudo a Deus, com dramaturgia de Maria Shu e direção de Ícaro Rodrigues; em seguida veio Desfazenda – Me enterrem fora desse lugar, com texto de Lucas Moura e direção de Roberta Estrela D’Alva, premiada como Melhor Espetáculo Virtual pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e indicada a Melhor Dramaturgia pelo prêmio Shell, em 2020.

Bom dia, Eternidade, com dramaturgia de Jhonny Salaberg e direção de Luiz Fernando Marques Lubi, está focada na velhice. Na trama, quatro irmãos idosos que sofreram um despejo na infância recebem a restituição do terreno após quase 60 anos. Resta a eles se encontrar para decidir o que fazer. “Estamos construindo uma grande utopia, em que os negros envelhecem de forma saudável e digna”, comenta o ator Filipe Celestino.

Aos poucos, conforme interagem com objetos afetivos, os personagens se descortinam para o público. Histórias reais e ficcionais se misturam e o tempo se embaralha em meio às lembranças. Toda a ação acontece no quintal da antiga moradia da família. “O cenário evoca essa atmosfera carinhosa, remetendo a uma casa de vó. Cores como bege e verde estão bastante presentes”, afirma Lubi, que também assina a cenografia e o figurino.    

Para deixar a plateia ainda mais imersa nesse universo das memórias, ainda são projetados vídeos com depoimentos dos integrantes da banda, naquela mistura de real e ficcional que é a marca registrada d’O Bonde. 

Tradicionalmente, O Bonde se dedica a estudar o poder das palavras e das narratividades. No infantil Quando eu morrer vou contar tudo a Deus, a pesquisa se deu com os griôs. Em Desfazenda, a poesia falada e as batalhas de rimas foram as duas grandes referências para o espetáculo. Agora, os artistas exploram as potencialidades das histórias que são contadas por gerações e as músicas antigas que dão o tom de toda a narrativa.

Sinopse

Quatro irmãos idosos que sofreram um despejo quando crianças recebem a restituição do terreno após quase 60 anos e se encontram para decidir o que fazer. O tempo se embaralha em um jogo de cortinas e um mosaico de histórias reais e ficcionais é costurado no quintal da antiga casa acompanhado de um bom café e de um velho samba. Em cena, uma banda de quatro músicos, cada qual com mais de sessenta anos, em um jogo friccional com as narrativas dos atores/atriz d`O Bonde. Um espetáculo que descortina a realidade do passado olhando para o presente.

FICHA TÉCNICA

  • Idealização: O Bonde
  • Elenco: Ailton Barros (Carlos), Filipe Celestino (Everaldo), Jhonny Salaberg (Renato) e Marina Esteves (Mercedes)
  • Músicos em cena: Cacau Batera (bateria e voz), Luiz Alfredo Xavier (violão, contrabaixo e voz), Maria Inês (voz) e Roberto Mendes Barbosa (piano e voz)
  • Dramaturgia: Jhonny Salaberg
  • Direção: Luiz Fernando Marques Lubi
  • Diretora assistente: Gabi Costa
  • Direção Musical: Fernando Alabê
  • Videografia e operação: Gabriela Miranda
  • Desenho de luz: Matheus Brant
  • Cenografia e Figurino: Luiz Fernando Marques Lubi
  • Acompanhamento em dramaturgia: Aiê Antônio
  • Música original: “Preta nina” – Fernando Alabê, Luiz Alfredo Xavier e Roberto Mendes Barbosa
  • Técnico de som: Hugo Bispo
  • Técnica de Videografia: Clara Caramez
  • Captação de vídeo: Fernando Solidade
  • Costura cenário: Edivaldo Zanotti
  • Cenotecnia e Contrarregragem: Helen Lucinda
  • Fotos: Júlio Cesar Almeida
  • Assessoria de imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques
  • Social Mídia (criação de conteúdo): Erica Ribeiro
  • Produção: Jack Santos – Corpo Rastreado

SERVIÇO

Bom dia, Eternidade
Até 25 de fevereiro de 2024, às sextas e aos sábados, às 20h, e, aos domingos, às 18h Na tarde de 22 de fevereiro, quinta, às 15h.

Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação – R. Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque
Ingresso: R$50 (inteira), R$25 (meia-entrada) e R$15 (credencial plena) | Compre por este link a partir do dia 9 de janeiro: https://centralrelacionamento.sescsp.org.br e no app Credencial Sesc SP e a partir do dia 10 de janeiro na bilheteria das Unidades.

Duração: 120 min
Classificação etária indicativa: 14 anos   

 

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