Mesmo com avanços na representatividade LGBTQIAPN+, mulheres trans seguem fora do mainstream. Cantora Trans Portuguesa Patricia Ribeiro dispara: “Nos aceitam até onde convém”
A lacração é real, mas será que é para todas? Nos bastidores do showbiz, uma pauta espinhosa voltou à tona: a invisibilidade das artistas trans no entretenimento.
Mesmo com discursos inclusivos e campanhas coloridas em junho, o espaço continua limitado — e muitas vezes seletivo.
Quem levantou a voz foi a cantora Patricia Ribeiro, que tem no currículo uma carreira internacional sólida, discos de ouro em Portugal e uma história de superação que emociona. Em entrevista recente, Patricia não poupou críticas à indústria e fez um alerta duro: “Nos toleram até onde é conveniente. Depois, nos silenciam.”
“A gente só aparece quando é escândalo ou tragédia”
Segundo Patricia, há um interesse pontual da mídia e da própria comunidade LGBTQIA+ por mulheres trans — especialmente quando há polêmica envolvida. “Se é barraco, hospital, drama pessoal, aí chamam a gente.
Mas para sentar no sofá de domingo, para ser jurada, para apresentar programa? Aí não.”, disparou.
A falsa diversidade?
Nos últimos anos, o Brasil avançou em visibilidade LGBTQIA+ na TV e nas redes sociais. Mas quando se trata de inclusão real e contínua, as estatísticas são desanimadoras. A maioria das novelas e realities ainda não conta com protagonistas trans, e poucas apresentadoras ou cantoras trans têm espaço em horários nobres.
“Ficam nos usando como símbolo de resistência, mas não nos colocam nos palcos certos. Querem o impacto da nossa história, mas não valorizam o nosso talento”, diz Patricia, que recentemente voltou aos palcos após um período afastada por problemas relacionados com a justiça em Portugal, e após ter estado 6 anos presa as coisas tornaram-se ainda mais difíceis; “ O estigma ainda é muito grande , toda esta minha questão relacionada com a justiça afetou imenso a minha carreira artística, e muito difícil subir no topo mas para cair uma carreira, e um ápice.Quero ver colocar uma mulher trans no comando de um programa de TV, de um festival de música, como estrela de campanha de beleza o ano inteiro, não só em junho. Isso é representatividade de verdade”, conclui a cantora.
A fala de Patricia movimentou as redes sociais. Enquanto muitos internautas apoiaram a cantora, outros criticaram o “tom rancoroso”. Mas a maioria concordou com o ponto principal: há uma diversidade de fachada no entretenimento — e isso precisa mudar.
Alguns dos seguidores escreveram:
“Patricia tem razão. Nunca vi ela num programa de domingo, mas se acontecer uma tragédia, chamam na outro dia.” — comentou um internauta.
“A representatividade ainda é seletiva, a mídia finge que a gente tá lá, mas não tá.” — escreveu outra seguidora.

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