Casa NEM faz apelo urgente por doações para garantir alimentação e acolhimento no fim de ano

Divulgação

Os armários da Casa NEM estão praticamente vazios. Restam apenas alguns quilos de feijão, e a realidade bate forte na porta dessa organização que se tornou referência no acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade no Rio de Janeiro. Sem arroz, macarrão, produtos de limpeza e itens básicos de higiene, a instituição corre o risco de não conseguir realizar o Des(Natal), uma celebração anual que representa muito mais do que uma simples festa de fim de ano.

“Chegamos a um mês muito difícil, com baixos estoques e despesas altas. Toda ajuda, física ou financeira, é bem-vinda para que possamos continuar acolhendo, alimentando e garantindo dignidade a quem mais precisa”, conta Rafael Gomes, coordenador técnico da Casa NEM.

O alerta é urgente porque dezembro é considerado um dos períodos mais sensíveis para as pessoas acolhidas, muitas delas expulsas de casa ou marcadas por violências e rupturas familiares.

Quando a visibilidade acaba, as doações também desaparecem

Rafael explica que existe um padrão cruel de esquecimento. “No decorrer do ano, nossos estoques vão baixando. Precisamos reforçar semanalmente essa necessidade”, afirma. Ele aponta que, fora dos meses de maio e junho, quando há maior mobilização social pelo combate à LGBTfobia e pelo orgulho LGBTQIAPN+, as doações caem drasticamente. É como se a urgência de existir e resistir tivesse prazo de validade no calendário solidário brasileiro.

O coordenador também faz questão de esclarecer uma confusão comum: “O acolhimento da Casa NEM é um trabalho independente e contínuo. Dependemos diretamente das doações semanais e das campanhas monetárias, como a que mantemos no Evoé”. A Casa NEM enquanto ONG, administrada pelo grupo TransRevolução, funciona de forma separada do Centro Comunitário Casa NEM de Indianarae Siqueira, ligado ao governo do Estado.

Des(Natal): mais do que uma festa, um gesto político de acolhimento

Criado por Indianarae Siqueira como uma ação política anticristã e de acolhimento, o Des(Natal) reúne comida vegana, bebidas e momentos de convivência genuína. A celebração busca oferecer conforto e diminuir os gatilhos emocionais que o período natalino pode despertar em quem foi rejeitado pela própria família. É um espaço onde pessoas trans, travestis, não bináries e toda a diversidade LGBTQIAPN+ podem simplesmente existir sem julgamento.

A situação se agrava ainda mais quando lembramos que, há alguns meses, a cozinha da instituição (Kuzinha Nem) foi invadida. Diversos utensílios foram furtados, incluindo panelas elétricas e equipamentos caros. O prejuízo ultrapassou seis mil reais, e a reposição vem sendo feita de forma lenta e parcelada. Até hoje, a Casa NEM sente o impacto desse ataque.

Rafael Gomes: usando a Comunicação a serviço da diversidade

Coordenador técnico da Casa NEM, Rafael Gomes possui mais de 15 anos de experiência em comunicação e assessoria de imprensa. Ele é atual Diretor Social da Associação da Imprensa do Brasil (AIB), onde também preside a Comissão de Inclusão e Diversidades, além de acumular o cargo de secretário-geral da Diretoria de Defesa da Diversidade da OAB/RJ e presidir a Rede Brasileira das Casas de Acolhimento (REBRACA). Sua trajetória profissional passa por órgãos públicos e pelo terceiro setor, sempre dedicada à proteção e promoção dos direitos de grupos minoritários.

Indianarae Siqueira: a revolucionária que fundou um lar

Ativista transgênero e não binárie reconhecida internacionalmente, Indianarae Siqueira é a fundadora da Casa NEM e presidente do grupo TransRevolução. Sua jornada no ativismo começou nos anos 90, durante a epidemia de HIV/AIDS, quando fundou o Grupo Filadélfia de Travestis em Santos. Em 2022, obteve o reconhecimento civil do gênero não binário em seus documentos, abrindo caminho para conquistas históricas. Autodenominando-se “TransVestiGenere”, ela descreve seu trabalho como “fazer o trabalho que o governo deveria fazer”, e sua filosofia é clara: sororidade, solidariedade, amor e respeito são as fórmulas para uma revolução.

Como ajudar agora

A Casa NEM precisa urgentemente de arroz, feijão, macarrão, produtos de limpeza, itens de higiene, ração para cães e gatos, além de panos de chão e outros materiais fundamentais para a rotina de acolhimento. Mas aceita qualquer tipo de doação, física ou financeira, para garantir que o Des(Natal) aconteça e que o trabalho de acolhimento continue durante todo o ano.

PIX (doações monetárias): 94153574953
Entrega de donativos: Rua Dois de Dezembro, nº 9 – Flamengo, Rio de Janeiro
Telefone para informações: (21) 9 6519-2569
Instagram: https://www.instagram.com/casanem_

 

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