Produtor musical, Mayrton Bahia revela que precisou insistir para que gravadora aceitasse Cássia Eller e Sandy & Junior
Esse nome faz parte da sua vida e talvez você não saiba. Mayrton Bahia é produtor musical conhecido por ter produzido gravações de diversos artistas, especialmente da banda Legião Urbana. Em entrevista para o também produtor Clemente Magalhães, no canal Corredor 5, ele abre o jogo e diz que Cássia Eller foi uma artista desacreditada pela gravadora Polygram, que hoje é a gigante Universal.
Ao comentar sobre o poder da produção independente nos dias de hoje, Bahia lembra que na década de 1990, Cássia Eller foi uma das últimas artistas a ter um espaço na música popular, mesmo não sendo uma cantora comercial. “Você tinha um artista popular vendendo muito, que dava resultado a curto prazo. Então, eles [a gravadora] pegavam uma parte do dinheiro e investiam para dar retorno a longo prazo”, explicou sobre os projetos menos populares.
“Quando eu vi a Cássia, eu briguei muito para manter ela como era. Ela chegou com um repertório muito da vanguarda paulista, que não vendia nem em São Paulo. Algo muito experimental”, explica Mayrton que ainda pontua a dificuldade de emplacar a cantora em um cenário onde se destacava o axé music e o sertanejo. Na época, A&R da Polygram, o produtor insistiu no investimento, mesmo a gravadora sendo totalmente contra.
Bahia ainda reitera que o esforço em apostar em Cássia Eller e insistir na verdade da cantora foi satisfatório. “Ela era uma artista de médio a longo prazo. “Ela veio vindo rasgando todo esse cenário contrário de repertório e de tudo”, esclarece na entrevista com Clemente Magalhães.
Sandy & Junior também foi desacreditado
Segundo Mayrton Bahia, a dupla Sandy & Junior também enfrentou desconfianças da gravadora. O produtor explica que já havia uma receita para fazer dar certo o universo da música para crianças, mas que também insistiu e viu os resultados acontecerem.
“Tive dois problemas com dois artistas nessa mesma pegada. Sandy & Junior foi um deles”, coloca. Bahia pontua que na época, quando a música sertaneja era o grande carro-chefe da indústria fonográfica, a música infantil só bombava de uma forma. “Naquela época era Xuxa, Trem da Alegria, Balão Mágico, Angélica. Ou você tinha clássicos ou músicas em programas de TV. E eu disse que queria disco infantil sertanejo”, lembra.
“Ninguém apostou na música do Ritchie”
Mayrton Bahia comentou ainda que apesar de ter efetuado um incrível trabalho com o então novo projeto musical de Ritchie, diversas gravadoras recusaram. “Mixamos na Som Livre. Levei para a Odeon, ninguém quis. Levamos para o Max Pierre, ninguém quis. Liminha levou para a Warner, ninguém aqui. Foi quando eu soube que Cláudio ia assumir a direção artística da CBS”, conta.
“Ele foi super atencioso. Colocou para ouvir e disse que ia lançar. Ficou super feliz. E explodiu, vendeu mais de um milhão. O cara da EMI ficou puto e quis me dar um esporro. Eu disse que eles haviam negado o projeto. No final das contas ganhei uma merreca, um pão com cocada”, diz em tom jocoso.
Confira a entrevista na íntegra no canal Corredor 5: https://www.youtube.com/watch?v=OqKmK52MEZQ
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