Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) recebe novas exposições que celebram artistas latino-americanos: Jorge Selarón e Ana Mendieta

Com mais de 300 obras, a mostra Gabinete Selarón de Curiosidades revela o olhar cosmopolita do artista chileno Selarón, famoso pela escadaria, ponto turístico do Centro do Rio de Janeiro;

A mostra de videoarte Cartas à Mendieta apresenta trabalhos de 40 artistas latino-americanos que criaram a partir da ideia de como seria escrever uma carta à artista cubana Ana Mendieta.

No próximo dia 25 de junho, quarta-feira, às 17h, o Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) abre duas novas exposições: Gabinete Selarón de Curiosidades – os Degraus para a Gestão Compartilhada da Escadaria Selarón, que homenageia o multifacetado artista chileno Jorge Selarón, cuja obra transformou a Escadaria Selarón em um dos pontos mais visitados e conhecidos do Rio de Janeiro e Cartas à Mendieta, que celebra o legado da artista cubano-americana Ana Mendieta, reunindo artistas latino-americanos em vídeos-cartas que dialogam com sua obra. A primeira mostra ocupará, até dia 10 de agosto, as galerias do 2º andar do CCJF; já a segunda, ficará no Gabinete de Fotografia, localizado no 1º andar do Centro Cultura, até dia 24 de agosto. Ambas reconhecem e reforçam a relevância da arte e cultura latino-americanas, destacando a memória de artistas símbolos para a arte contemporânea e o empoderamento de vozes femininas na esfera artística, respectivamente. As mostras são gratuitas, e estão abertas de terça a domingo, das 11h às 19h.

Gabinete Selarón de Curiosidades, um projeto de gestão compartilhada — Parte do projeto inédito que pretende gerir, preservar e promover a Escadaria Selarón, ponto turístico do Rio de Janeiro e patrimônio cultural reconhecido internacionalmente, a exposição Gabinete Selarón de Curiosidades – os Degraus para a Gestão Compartilhada da Escadaria Selarón apresenta uma seleção de quase 300 pinturas sobre Eucatex — além de fotografias, rascunhos e azulejos. As obras, exibidas em um espaço que convida o visitante a mergulhar na arte contemporânea, refletem a multiculturalidade de Selarón, artista chileno que fixou residência na Cidade Maravilhosa. Com curadoria coletiva de Andre Angulo, Marcelo Esteves, Ceci Maciel, Ester Galleguillos, Guilherme Guimarães e Gerardo Millone, a mostra destaca a faceta de pintor de Selarón e propõe uma reflexão sobre a preservação e a gestão compartilhada da escadaria. O projeto, realizado pela Liga Independente dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro (Liguia-RJ) com patrocínio do Consulado Geral da República do Chile (via Edital PACE 2025), convida o público a pensar formas colaborativas de cuidar da Escadaria Selarón, ampliando o conceito de gabinete de curiosidades e reconhecendo seu valor como espaço de memória, diversidade e expressão coletiva. Dentro do contexto de gestão compartilhada, a ideia, inclusive, é selecionar obras de colecionadores que detém artes de Selarón e, após avaliação dos curadores, emitir certificados de autenticidade aos donos das obras e inserir reproduções delas na mostra.

A Escadaria Selarón, composta por 4.994 signos culturais, se tornou um ponto de convergência cultural e um símbolo de integração entre diferentes povos, culturas e histórias —  se transformando em um verdadeiro motor da dinâmica social econômica da cidade, ao gerar renda para o comércio local e valorizar o patrimônio cultural carioca. Para André Angulo, um dos curadores da exposição e idealizador da proposta de governança compartilhada Selarón Pedaço(s) do Mundo pensada pelos Guias de Turismo do Rio por meio da LiGuia, com a constante escassez de recursos para a conservação do patrimônio histórico e artístico em todas as esferas da administração pública, é cada vez mais necessário que segmentos da sociedade civil se organizem para manter, pesquisar e difundir elementos de memória. Para tentar reduzir essa falta, ele cita a Lei nº 13.800/2019, que dispõe sobre fundos patrimoniais (endowments) que poderão ser destinados para apoiar instituições relacionadas à educação, à pesquisa, à cultura, entre outras áreas. “Isso permite, de forma legal e transparente, que as doações de propósito específico, nas quais os doadores podem ser, inclusive, empresas e governos de outros países, tenham a segurança contratual de que os rendimentos provenientes desses investimentos sejam usados nas ações finalísticas de monumentos, patrimônios culturais, museus e demais ações culturais. Isto é a modelagem de um fundo patrimonial/endowment pela lei 13.800″, explica.

Além da exposição, haverá atividades extras no período em que a mostra estiver no CCJF: visita mediada, quintas-feiras, às 15h e roda de conversa para debater sobre temas centrais à preservação e valorização da Escadaria Selarón, que acontece dia 10 de julho, também às 15h. Mais detalhes aqui.

Diálogos para reforçar a memória da artista Ana Mendieta — Ao tratar de temas como feminismo, relação do corpo com a natureza — usando matérias-primas como lama, carvão e fogo —  e migração, a artista cubano-americana Ana Mendieta escreveu seu nome na história da arte. Ela teve o futuro interrompido ao morrer misteriosamente, em 1985, após cair do 34º andar do prédio onde morava, em Nova Iorque — tragédia que ecoa até hoje como símbolo das lutas das mulheres na arte. A exposição Cartas à Mendieta celebra o legado da artista, reunindo trabalhos de 40 artistas latino-americanos em vídeos-cartas que dialogam com sua obra. Através de performances, textos e imagens, a exposição revive temas como identidade, exílio e resistência, honrando a memória de Mendieta. A homenagem coletiva, realizada pelo grupo Latinas práticas artísticas contra coloniais, une passado e presente, fortalecendo vozes femininas na América Latina. “Em 2025, completam-se 40 anos da morte precoce de Ana Mendieta, artista visionária cuja obra foi interrompida por um possível feminicídio. Inspirados na força dessa artista, concebemos um projeto que dialoga com sua poética. A mostra não apenas homenageia sua memória, mas atualiza seu protesto, desafiando as estruturas que ainda tentam apagar corpos e histórias como os dela”, ressalta Manuela Leite, uma das curadoras da exposição, junto com Guadalupe Carrizo e Raquel Rodrigues.

Além da exibição dos vídeos, farão parte do espaço expositivo, imagens impressas dos manuscritos das cartas selecionadas para a mostra. Outro objetivo do projeto, que faz uma interseção entre o feminismo contemporâneo e a obra de Mendieta, é catalisar uma reflexão crítica sobre as narrativas dominantes, promovendo um espaço de resistência e empoderamento para as vozes femininas na esfera artística. Para os organizadores da mostra, trazer a público esse grande nome da arte, morta em circunstâncias prováveis de violência doméstica, contribui para o debate sobre os direitos das mulheres e a busca por igualdade de gênero e justiça social.

Cartas à Mendieta também realizará atividades extras enquanto estiver ocupando o Gabinete de Fotografia do CCJF: dia 23 de julho, às 17h, acontece visita mediada e roda de conversa com as artistas Anna Talebi (Brasil), Génova Alvarado (Venezuela) e Daniela Serna Gallego (Colômbia); dia 6 de agosto, às 15h, na Sala de Cursos, será ministrada Oficina de escrita intuitiva – Cartas à Mendieta, com as facilitadoras Raquel Rodrigues e Carmen Garcia e, dia  24 de agosto, às 15h, no Cinema, haverá exibição de filmes seguidos de roda de conversa com as curadoras da exposição. Mais detalhes aqui.

Serviço:

Exposições Gabinete Selarón de Curiosidades e Cartas à Mendieta
Abertura: 25 de junho, quarta-feira, às 17h

Data visitação: 

  • Exposições Gabinete Selarón de Curiosidades: de 26 de junho a 10 de agosto, de terça a domingo, das 11h às 19h
  • Cartas à Mendieta: de 26 de junho a 24 de agosto, de terça a domingo, das 11h às 19h

Valor: ambas, gratuitas.
Local: galerias do 2º andar e Gabinete de Fotografia
Centro Cultural Justiça Federal • CCJF
Avenida Rio Branco, 241 – Centro • Rio de Janeiro (há possibilidade de entrada pela Rua México, 57)

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