Centro de Artes da Maré recebe o Festival Movimentos Migrantes nos finais de semana de setembro

Terreno Fértil_- foto de Edilaine Nedina

Nos dias 13, 14, 20 e 21 de setembro, o Centro de Artes da Maré vira palco para o Festival “Movimentos Migrantes: dança e música afro-latina na cena carioca”, um movimento de diversidade cultural que une dança e música afro-latina na cena carioca.

Durante os dois finais de semana, o espaço receberá uma programação intensa e gratuita que vai reunir espetáculos de dança, performances, mostra de videoarte e pocket shows, além de oficinas com artistas convidados de diferentes países. Um encontro de linguagens, ritmos e saberes que vai celebrar a força da música e da dança afro-latina, aproximando públicos, territórios e tradições.

Idealizado por Mirian Miralles, dançarina e pesquisadora cubana radicada no Rio de Janeiro, o Festival realizará oficinas que serão os grandes destaques da programação, que reunirá grandes mestres da dança e da música de Cuba, Brasil e Moçambique.

“O Festival Movimentos Migrantes afirma-se como uma iniciativa essencial para o fortalecimento da cena artística do Rio de Janeiro porque cria oportunidades reais de visibilidade e trabalho para artistas afro-latinos, periféricos, indígenas e brasileiros que enfrentam preconceito, estigmas e a falta de espaço nos circuitos tradicionais”, afirma Mirian Miralles, idealizadora do Festival.

Além de reunir apresentações, o Festival também promove inclusão em múltiplos níveis, como ter intérprete de Libras, ampliando o acesso para pessoas surdas, e a composição da equipe de produção é composta majoritariamente por artistas negros, de diferentes regiões periféricas do Rio, pessoas trans e migrantes, reafirmando que a representatividade está presente tanto no palco quanto nos bastidores.

“O Movimentos Migrantes se coloca, portanto, como um gesto coletivo de resistência e celebração, dá visibilidade a vozes historicamente silenciadas, fortalece redes de criação e coloca em diálogo múltiplas diásporas que compõem o Brasil. O Festival mostra que a cena artística carioca se fortalece quando acolhe a pluralidade de corpos, territórios e histórias que fazem da cidade um espaço vivo de criação e resistência”, analisa a idealizadora.

Como surgiu

O “Movimentos Migrantes: dança e música afro-latina na cena carioca” nasce da trajetória de Mirian e, a partir dessa vivência, e do diálogo constante com criadores afro-brasileiros, periféricos e da cultura popular, surgiu a necessidade de criar um espaço em que linguagens artísticas de resistência e de celebração das diásporas africanas e latino-americanas fossem colocadas no centro, garantindo visibilidade, legitimidade e oportunidade a artistas.

Em parceria com o produtor cultural Luís Silva, também dançarino, pesquisador e diretor da produtora Coletivando Art, o projeto ganhou corpo e se expandiu. O encontro entre Mirian e Luís foi determinante para que a proposta não se restringisse apenas às experiências da imigração, mas também abrangesse artistas periféricos e indígenas, criando uma plataforma que valorizasse a pluralidade estética e política que pulsa na cidade.

“Nesse contexto, o Festival se propõe a estimular diálogos interculturais que atravessam fronteiras, rompem estigmas e criam novas possibilidades de encontro. Mais do que um evento, o festival é fruto de uma responsabilidade ética e afetiva com comunidades historicamente marginalizadas”, aponta Luís Silva.

Programação

No dia 13 de setembro, acontecerá a oficina de dança afro-brasileira com percussão ao vivo, conduzida por Fábio Batista, diretor da Escola Carioca de Danças Negras e da Cia Clanm, diretor artístico da Estação Primeira de Mangueira e coreógrafo da União do Parque Acari.

Em seguida, o público poderá acompanhar a mostra de videoarte com quatro trabalhos que transformam a tela em território de memória e poesia: Escavação (Alex Reis), Tem coisas que eu só sei dizer dançando (Juliane Cruz), Ponta Solta (Thaina Iná) e Um Por Todos (Luyd Carvalho).

No dia 14 de setembro, o percussionista Kaio Ventura, músico, compositor, capoeirista e ogan, conhecido por sua atuação como diretor musical do espetáculo Manifesto Elekó e com passagens por grupos como Kina Mutembua (Argentina), Ile Ofé, Makala e AfroReggae, ministra a oficina de percussão afro-brasileira.

Logo depois, será apresentado o espetáculo Terreno Fértil, dirigido por Tuany Tomaz Nascimento, que parte das vivências e memórias de mulheres negras e periféricas para refletir sobre ancestralidade, território e resistência, em uma linguagem que une dança contemporânea, balé clássico, danças afro e urbanas.

No dia 20 de setembro, o músico e dançarino moçambicano Sumalgy Nuro irá conduzir uma oficina de percussão. Mestre em Música – Instrumentos Africanos e Performance pela Universidade da Cidade do Cabo, com carreira internacional ao lado de grandes nomes da dança e da música africana, Sumalgy traz uma vivência que conecta ritmos e instrumentos tradicionais de Moçambique às criações contemporâneas.

Encerrando a programação do Festival, no dia 21 de setembro, acontecerá a oficina de dança afrocubana de Israel Valdés, ex-solista principal do Conjunto Folklórico Nacional de Cuba, que vai conduzir uma vivência vibrante de tambores, cantos e movimentos da cultura popular cubana.

À noite, o festival encerra as atividades com pocket shows: Kalebe apresenta Nossos Passos Vêm de Longe, espetáculo que celebra a herança da Música Preta Brasileira; o Movimento Cultural Jongo da Lapa traz Negro Veio de Além-Mar, roda-espetáculo de jongo que afirma a ancestralidade africana e a força da diáspora negra; a cantora Ilessi apresenta repertório autoral marcado por ancestralidade e pertencimento; e o grupo Negro Mendes coloca o público para dançar ao som da cadência contagiante da música afro-peruana, que mistura tradição popular, improvisação e influências do jazz. E como convidada a DJ Aiyra.

Serviços

Programação Festival Movimentos Migrantes
Centro de Artes da Maré – Rua Bitencourt Sampaio, 181 – Maré, Rio de Janeiro

13 de setembro (sábado)
14h – Oficina de Dança Afro-brasileira com Fábio Batista
15h30 – Mostra de Videoarte (Escavação, Tem coisas que eu só sei dizer dançando, Ponta Solta, Um Por Todos)

14 de setembro (domingo)
14h – Oficina de Percussão Afro-brasileira com Kaio Ventura
15h30 – Espetáculo Terreno Fértil – direção de Tuany Tomaz Nascimento

20 de setembro (sábado)
14h – Oficina de Percussão Moçambicana com Sumalgy Nuro
15h30 – Performances artísticas: Saia (Camila Daniel), Mar REVOLTS (Kley Hudson), Sua Bença Mãe (Rafo Avelino)

21 de setembro (domingo)
14h – Oficina de Dança Afrocubana com Israel Valdés
15h30 – Pocket Shows: Kalebe (Nossos Passos Vêm de Longe), Movimento Cultural Jongo da Lapa (Negro Veio de Além-Mar), Ilessi (Atlântico Negro e repertório autoral), Negro Mendes (música afro-peruana), DJ Aiyra

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