Chiquinha Gonzaga: eu quero passar

Espetáculo sobre a vida e obra da mulher mais importante na história da música brasileira circulará pelos espaços Sesc RJ

por Redação

Inspirado na trajetória de uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira, o recital cênico “Chiquinha Gonzaga: eu quero passar”, circulará a partir do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e fica em cartaz até o mês de junho, em diversos espaços do Sesc RJ. A montagem é um recorte abolicionista, feminista e artístico da vida dessa mulher, que celebra a trajetória revolucionária da musicista que lançou a primeira marchinha de Carnaval no Brasil.

Com interpretação de Raquel Paixão, direção cênica de Elisa Lucinda e direção musical de Maria Teresa Madeira, a obra apresenta um repertório exclusivamente composto por Chiquinha Gonzaga, em um diálogo sensível entre música e teatro. Raquel Paixão interpreta a personagem, revelando curiosidades e momentos decisivos da sua caminhada feminista e abolicionista.

Ao longo do recital, o público é convidado a revisitar a história de Chiquinha, não apenas como uma artista de vanguarda, mas também como uma mulher negra em um Brasil marcado por desafios sociais e raciais. A pianista compartilha suas próprias vivências como mulher e artista negra, refletindo sobre a importância de dar visibilidade a essas narrativas no contexto da música clássica.

“A música de Chiquinha Gonzaga sempre esteve presente em minha vida. Tenho formação em música clássica, com bacharelado, mestrado e especialização em piano. Nesse ambiente, sempre tive na memória músicas como Corta-Jaca, Plangente, Lua Branca, além da marchinha de carnaval Ô Abre Alas, que faz parte do nosso universo cultural”, compartilha Raquel Paixão.

A diretora cênica e multiartista, Elisa Lucinda, reforça que o objetivo do recital cênico é o de promover o acesso à obra e biografia da compositora, explorando seu repertório musical e o conectando às diferentes fases de sua vida. Além disso, também investiga o contexto social carioca em que a compositora esteve inserida, através de análise das obras de teatro e música onde a maestra esteve presente como autora e colaboradora.

“O Brasil não tem produzido no seu imaginário a imagem da Chiquinha Gonzaga negra e o recorte que ela foi uma feminista, uma revolucionária, uma mulher filha de uma mulher negra, teve que casar escondida com o pai porque era burguês e ela negra. Essas questões que nunca foram problematizadas nas produções que ela não foi representada como negra”, pontua Elisa.

“Todas as mulheres são herdeiras dos caminhos que a Chiquinha Gonzaga abriu, por isso, vamos fazer um recital cênico que vai realizar o papel que eu gosto que a arte faça: divirta, reflita e ensine arte e educação”, completa a diretora.

Maria Teresa Madeira, diretora musical, elogia Raquel Paixão, expressando o trabalho de excelência exercido pela pianista, pesquisadora e como professora, difundindo a música brasileira. “Esse projeto traz a figura de Francisca Edwiges Neves de Gonzaga, mais uma vez, como protagonista. Essa maestra, compositora, pianista, arranjadora e uma pessoa muito influente na nossa vida musical brasileira, que trouxe à tona problemas sociais, que até hoje nos são muito caros”, afirma.

“Então, muitos vivas a esse trabalho incrível, que eu tenho muita alegria de poder colaborar e que tenho certeza que vai trazer uma luz mais brilhante ainda sobre a vida dessa figura tão impressionante e tão marcante que é nossa Chiquinha Gonzaga”, conclui a diretora musical.

Raquel Paixão revela ainda que sempre soube que Chiquinha Gonzaga foi a primeira musicista profissional do Brasil, em um tempo em que o estudo do piano para mulheres limitava-se às habilidades domésticas, voltadas para a recreação familiar. No entanto, que Chiquinha Gonzaga, assim como ela, tinha uma mãe negra, foi uma descoberta tardia.

“Como pianista negra, sempre me senti isolada no universo da música clássica, pois havia poucas mulheres negras nas quais eu pudesse me espelhar. Quando descobri a negritude de Chiquinha Gonzaga, isso despertou em mim um forte sentimento de pertencimento. Meu desejo é que, com este espetáculo, eu consiga inspirar novas gerações de pianistas, utilizando a música e a figura de Chiquinha como referência”, celebra a artista.

Chiquinha Gonzaga

Francisca Edwiges Neves Gonzaga foi pianista, maestra e compositora, uma das mais admiráveis artistas brasileiras, pioneira em assumir a música como profissão, num tempo onde mulheres eram restringidas ao trabalho doméstico. Também foi ativa nas causas da abolição e, segundo registro em suas biografias, a própria maestra comprou alforria de pessoas escravizadas com dinheiro que arrecadava da venda das partituras de suas composições.

Teve formação clássica em piano, mas em suas composições já integrava a corporeidade das celebrações populares: observam-se as células rítmicas do Maxixe, Umbigada e Lundus em suas composições, além de forte influência do Choro, gênero musical que nasceu na boemia carioca e cuja criação teve direta participação da maestra. Enriqueceu o patrimônio musical brasileiro em larga escala deixando diversas obras para piano, bandas e trilhas para teatro.

A Artista 

Raquel Paixão é pianista, atriz e professora com uma carreira que reflete seu compromisso com a música brasileira. Desde a infância, sua relação com o piano é marcada pela excelência. Aos 17 anos, conquistou o 1º lugar no Concurso Jovens Instrumentistas (Campos dos Goytacazes – RJ). Em 2019 e 2020, realizou recitais no Brasil e no exterior, dedicados ao repertório brasileiro para piano solo. Recentemente, recebeu o prêmio Urso de Prata, em Berlim, pelo curta “Manhã de Domingo”, no qual interpretou uma pianista.

Sua formação acadêmica inclui Bacharelado em Piano, Mestrado em Música e especialização em Pedagogia do Piano. Como educadora, destaca-se pela publicação da coletânea “Teclas Brasileiras”, uma contribuição ao repertório didático para pianistas em formação e à valorização de compositoras nacionais.

Paragogí Cultural

Fundada por Rafael Lydio, produtor cultural com mais de uma década de experiência no mercado, a Paragogí Cultural é uma empresa que enxerga a cultura como uma ferramenta essencial para promover a inclusão e fortalecer a diversidade em todas as suas formas — racial, de gênero, religiosa e cultural.

Nosso propósito é simples, mas poderoso: potencializar a cultura como agente de transformação social e igualdade de oportunidades. Acreditamos que inclusão é garantir o acesso igualitário a bens, serviços e experiências para todos, enquanto a diversidade é a celebração da multiplicidade de perspectivas, valores e identidades.

A Paragogí Cultural atua no centro das questões sociais, criando ambientes onde pessoas de diferentes etnias, orientações sexuais, culturas e gêneros convivem de maneira respeitosa e enriquecedora. São essas interações que buscamos fortalecer e expandir por meio de nossos projetos, promovendo espaços de respeito, empatia e diálogo.

Com uma abordagem inovadora e uma visão inclusiva, buscamos não apenas gerar impacto cultural, mas também contribuir ativamente para a construção de um mundo mais plural, acessível e justo. Acreditamos que a verdadeira transformação acontece quando as pessoas se sentem representadas, ouvidas e respeitadas em suas particularidades. É esse compromisso que nos impulsiona todos os dias.

Ficha Técnica: 

  • Idealização e interpretação: Raquel Paixão @_raquelpaixao
  • Direção cênica: Elisa Lucinda @elisalucinda
  • Direção musical: Maria Teresa Madeira @ mtmadeira.piano
  • Direção de produção: Rafael Lydio @rafaellydio
  • Iluminação: Maurício Fuziyama @fuziyamauricio  e Rommel Equer @rommelequer
  • Som: Yuri Eiras @yurieiras
  • Coordenação de comunicação: Incerta
  • Projeto gráfico, fotografia e mídias sociais: Daniel Barboza @danielbarbozarj
  • Assistência de mídias sociais: Diogo Nunes @odiogonunes
  • Assessoria de imprensa: Alessandra Costa @aleassessoria
  • Coordenação administrativa e financeira: Carolina Villas Boas @ carolinavillasboas | Clareira Cultural
  • Produção executiva: Ana Inacio @atena_zede
  • Figurino: Angela Brito @angelabritobrand | roupas e A-Aurora @aaurora | Sapatos

MÚSICA E VÍDEOS
Estúdio: À La Bangu @alabangu_estudio

SERVIÇOS CIRCULAÇÃO SESC

Espetáculo Chiquinha Gonzaga: eu quero passar

Classificação livre

8 de março. às 15 horas

Teatro Sesc Duque de Caxias – Rua General Argolo, 47 – Centro, Duque de Caxias

Entrada gratuita. Ingressos disponíveis na bilheteria da unidade à partir das 13h no dia do espetáculo

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