Latente nos momentos mais agudos da pandemia de Covid-19, a atmosfera de reinvenção embala o terceiro espetáculo da companhia dirigida por Alice Ripoll e formada por artistas periféricos cariocas
Circulando pela Europa com montagens de seu repertório, a Cia Suave retorna ao Rio de Janeiro, seu local de origem, para a estreia de “Zona Franca”, seu novo espetáculo. Com o início da curta temporada marcado para o dia 08 de junho, às 19h, no Teatro Nelson Rodrigues, o grupo de dança capitaneado por Alice Ripoll sente que caminha num Brasil que renasce das cinzas, e leva ao palco uma cena composta por questionamentos sobre as encruzilhadas. Como se dão as lutas dentro de nós, entre as forças que nos compõe? Como farejar os caminhos? O quanto um encontro artístico pode mudar o rumo de uma vida?
E o que acontece quando uma sociedade opta pela barbárie, pela guerra, e o indivíduo se surpreende impotente? Seria uma nação capaz de escolher caminhar para a destruição? Quem escolhe nossas escolhas pessoais? A montagem observa nossas diversas mortes e vidas no decorrer de uma vida, como a cobra deixando para trás a pele morta. “Tratamos de emoções fortes, esbarramos em coletivos como as religiões, os rituais, as festividades. O quanto um grupo promove ou abafa a possibilidade de se ser livre? O que pode mudar uma trajetória? Um encontro, um livro, um amor, uma religião, um governo, uma oportunidade?”, indaga Alice, que comemora em 2023 nove anos da Cia Suave.
As inspirações não-tangíveis não preocupam a diretora do espetáculo, cujo trabalho canaliza suas ideias de forma particular. “Esse é o desafio da dança, que é uma arte abstrata. Mas meu foco não é exatamente materializar algo pré-concebido. Eu trabalho com uma ordem invertida. Começamos com improvisações bem abertas e abstratas, sem um assunto ou tema definido, mas indicações do corpo e do movimento. A partir daí meu trabalho é ‘escutar’ e pescar o que está sendo trabalhado. A própria pesquisa aponta seus caminhos, procuro não interferir tanto e deixo os corpos se expressarem”, entrega Ripoll.
A cena faz uso de elementos ritualísticos como o transe e a vertigem provocada pelos batuques. “A zona é franca, são verdades que trazemos. Criamos um espaço onde se busca a liberdade, dos intérpretes e também do público, mas também parece verdade outra sombria zona franca global que se alastra na economia mundial. O título também se refere à livre incorporação de elementos de diferentes danças e músicas, característica dos movimentos artísticos nascidos após a Internet”, adianta Alice Ripoll.
A Cia Suave segue com a pesquisa iniciada nos espetáculos anteriores “Suave” e “Cria” sobre a relação das danças urbanas e populares do Brasil com uma encenação contemporânea, questionando que vozes falam essas danças e o que se pode expressar através delas. Além do “passinho”, que está presente em boa parte do novo trabalho, a nova criação apresenta também elementos de dança contato, teatro, pesquisas vocais, danças afro, afrohouse, Sabala, TikTok, e danças do norte e nordeste do Brasil, como pisadinha e brega funk.
O espetáculo pode ser visto, segundo a diretora, como “um momento decisivo, um portal que se atravessa”. Assim como a companhia tem feito com os oceanos, cruzando o mundo e ultrapassando limites. “Temos passado por muitos países da Europa – França, Bélgica, Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália, Suíça, Holanda, Portugal, entre outros. E também Estados Unidos. E neste ano vamos pela primeira vez para o Japão”, comemora Alice que, com sua companhia, formada por bailarinos oriundos da Penha e do Complexo do Alemão, participou de alguns dos festivais e teatros mais importantes do cenário.
“Kunstenfestivaldesarts (Bruxelas); Wiener Festwochen (Viena); Festival d’Automne à Paris e Centre Pompidou (ambos em Paris); BAM (Nova Iorque). Estamos com uma caminhada internacional muito bonita, mas queremos nos apresentar em nosso país. Apesar do suporte financeiro internacional, nosso trabalho é criado no Brasil, feito por brasileiros, aborda manifestações culturais genuinamente brasileiras, e é muito mais visto por público de outros países. Mas todas as vezes que nos apresentamos no Brasil temos uma receptividade muito boa por parte do público”, finaliza Ripoll.
FICHA TÉCNICA:
- Direção: Alice Ripoll
- Intérpretes: Gabriel Tiobil, GB Dançarino Brabo, Hiltinho Fantástico, Katiany Correia, Maylla Eassy, Mey Barreto, Petersonsidy, Romulo Galvão, Tamires Costa, Thamires Candida, Vinicius Rodrigues.
- Assistentes de Direção: Alan Ferreira e Thais Peixoto
- Iluminação: Tomás Ribas e Diana Joels
- Direção de Produção: Natasha Corbelino / Corbelino Cultural
- Cenário e Figurinos: Raphael Elias
- Figurinista Assistente e Costureiro: Gabriel Alves
- Trilha Sonora: Alice Ripoll e Alan Ferreira
- Ilustração e Designer: Caick Carvalho
- Técnico de Som e Ensaiador: Renato Linhares
- Mídias Sociais: Ana Righi
- Fotos: Renato Mangolin
- Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria
- Produção Executiva: Milena Monteiro
- Assistente de Produção: Isabela Peixoto e Thais Peixoto
- Difusão: ART HAPPENS
- Coprodução: Festival de Marseille, Festival d’Automne à Paris, Charleroi Danse, RomaEuropa, Tandem, Tanzhaus NRW, Teatro Municipal do Porto, Julidans Les Mécènes, DanseAujourdhui
SERVIÇO:
“ZONA FRANCA”
- Temporada: 08 a 18 de junho
- Dias da semana: Quinta-feira a sábado às 19h; domingo às 18h
- Ingressos: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia-entrada)
- Link de vendas: https://bilheteriacultural.com/
- Local: Teatro Nelson Rodrigues
- Endereço: Av. República do Paraguai, 230 – Centro
- Informações: (21) 3509-9600
- Lotação: 417 lugares
- Classificação Indicativa: 16 anos
- Duração: 60 minutos
“Os Estonianos” é o texto do próximo ciclo de leitoras do Espaço Tápias com vários famosos
Entrada gratuita e os ingressos podem ser retirados através da plataforma Sympla
O Ciclo de Leituras Teatrais do Espaço Tápias, tendo como curadora a atriz Paula Braun, segue para o terceiro encontro no dia 30 de maio, às 20h, com entrada gratuita (ingressos retirados pela plataforma Sympla). Desta vez com a leitura do texto “Os Estonianos”, de Julia Spadaccini. Os artistas convidados para a leitura são Aline Fanju, Bianca Joy, Débora Lamm, Iano Salomão e Michel Blois. A autora do texto, Julia Spadaccini, foi indicada ao Prêmio Shell de 2012, escreveu mais de 15 peças de teatro – encenadas no Rio de Janeiro e por todo o Brasil – e é também roteirista de cinema e televisão.
“Os Estonianos” traz cinco personagens em crise com o mundo moderno, que lutam cada um a sua maneira contra a solidão, e que, ao verem suas vidas entrelaçadas pelo acaso, procuram encontrar formas de lidar com a incomunicabilidade e a insatisfação que pesam sobre suas relações.
Os encontros do Ciclo de Leituras Teatrais do Espaço Tápias vêm acontecendo sempre na última terça-feira do mês na Sala Maria Thereza Tápias. Já passaram pelo evento artistas como Pedroca Monteiro, Mika Makino, Igor Fernandez, Fernando Melvin e Marcelo Cavalcanti, Paulo Betti e Dadá Coelho.
A Sala Maria Thereza Tápias conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale.
Ciclo de Leituras Teatrais do Espaço Tápias
O Ciclo de Leituras Teatrais do Espaço Tápias começou em uma conversa com uma das diretoras do Espaço, Flávia Tápias, com o intuito de ampliar o leque de atividades artísticas ligadas às artes cênicas na cidade, e dentro do bairro da Barra da Tijuca e adjacências.
Para Flávia Tápias, o projeto vem a preencher uma lacuna e que pode render frutos. – “Eu amei a ideia da Paula Braun de começar um ciclo de leituras aqui no Espaço Tápias. Acho fundamental promovermos o encontro e intercâmbio entre artistas diversos e um ciclo de leituras permite esse encontro de uma forma mais fluida”, finaliza.
Espaço Tápias
O novo Espaço Tápias inaugurado em 30/04/2022 na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, nasce com o propósito de transformar vidas, dar oportunidades e realizar sonhos. O Espaço Tápias disponibiliza salas para aulas e uma sala para espetáculos e outros encontros envolvendo arte – a Sala Maria Thereza Tápias. É uma organização que tem como proposta favorecer, divulgar e oportunizar a dança, com foco na dança contemporânea e em seus segmentos.
A disposição para incentivar a criação, para promover performances, estimular talentos, e fomentar pesquisas são posturas e projetos valiosos para quem se dedica à dança, e permeiam todas as ações do espaço. Com a nova sede, contribui para o desenvolvimento e a expansão da dança, com ênfase na dança contemporânea, no Brasil e no mundo.
A nova sede inaugurou uma etapa inovadora da jornada do Espaço Tápias, abarcando o que já é realizado até agora, e lançando-o em novas empreitadas, para que, todos os amantes de dança e de outras artes, possam trilhar novos caminhos e oferecer mais espaço à arte.
SERVIÇO:
Ciclo de Leituras Teatrais do Espaço Tápias
- Leitura do texto “Os Estonianos”, de Julia Spadaccini, com os convidados Aline Fanju, Bianca Joy, Débora Lamm, Iano Salomão e Michel Blois
- Data: 30 de maio – (terça-feira)
- Horário: 20h
- Local: Espaço Tápias – Sala de espetáculos Maria Thereza Tápias
- 80 lugares
- Entrada Gratuita – retirada de ingressos pela plataforma Sympla https://www.sympla.com.br/evento/ciclo-de-leituras-teatrais-do-espaco-tapias/2005866
- Classificação etária: 16 anos
- Endereço: Av. Armando Lombardi, 175 – 2º andar – Barra da Tijuca
Billy Bond faz tributo aos grandes musicais americanos no espetáculo Um Dia na Broadway a partir de 16 de junho no Teatro Claro, em SP
Uma espécie de tributo aos grandes musicais americanos, Um Dia na Broadway volta em cartaz a partir do dia 16 de junho, às 21h no Teatro Claro, dentro do Shopping Vila Olímpia, em São Paulo. A temporada é curtíssima, vai até dia 9 de julho. Depois de quase 15 anos encenando clássicos do universo infantil, o diretor e músico Billy Bond – há mais de 30 anos no Brasil, que hoje está à frente da Black & Red Produções – volta a montar espetáculos adultos.
Billy Bond aposta no encantamento dos brasileiros por Nova York – no espetáculo, o diretor reproduz o espírito da cidade. Quer agradar quem conhece e ama a cidade e também os que nunca estiveram por lá. Para levar o público nessa viagem, criou uma ambientação característica. Um painel de 160 metros de tiras de luz de LED reproduz pontos turísticos clássicos da metrópole, como Times Square, Broadway, Estátua da Liberdade, Wall Stret, Harlem, Empire State, Metrô e Grand Central Station.
Com direção geral e dramaturgia de Billy Bond e Andrew Mettine, adaptação de Billy Bond e Lilio Alonso, direção musical e arranjos de Bond e Villa, direção de cena de Marcio Yacoff e coreografia de Italo Rodrigues, o espetáculo conta com cenário de Marcelo Larrea, figurino de Paula Canterini e Feliciano San Roman.
São 32 pessoas em cena, entre atores, cantores e bailarinos, músicos e técnicos. A história começa com a chegada de uma família de férias em Nova York. Acompanhado pelos filhos, um casal viaja para Nova York a fim de comemorar o aniversário de casamento na cidade onde se conheceu e se apaixonou. Logo há um desencontro e as crianças se perdem dos pais no Metrô da Grand Central Station.
A partir de então, na tentativa de reencontrá-los, os irmãos se aventuram por lugares onde acreditam que encontrarão o casal. Sabem que os pais são fanáticos por teatro, portanto na busca, visitam os teatros da Broadway e assistem trechos de musicais clássicos. Na plateia, o público acompanha a saga da família e se delicia com as cenas concebidas por Billy para reproduzir a atmosfera de 10 dos mais famosos musicais de todos os tempos, em imagens, figurinos, cenários e músicas cantadas ao vivo.
São eles: Priscila (ao som de It’s Raining Men), Evita (Don’t cry for me Argentina), Chicago (All that jazz), Grease (Summer Night), Les Miserable (One day more), Mary Poppins (Supercalifragilistic), A Bela e a Fera (Beauty and beast) Fantasma da Ópera (The Phantom of the Ópera) Cats (Memories), Mamma Mia (Dancing Queen), Hair (Let the Sunshine) e Cabaret (Money Monet).
No decorrer da trama, uma personagem entra para ajudar a contar a história. Trata-se do próprio George Michael Cohan, artista identificado como um dos primeiros a fazer espetáculos musicais nos Estados Unidos. Como não pode faltar nas montagens do diretor, a encenação conta com números aéreos, levitação e outros truques e efeitos especiais. Para dar a sensação de 3D, Billy explica que há um cenário virtual (foram compradas imagens em 4K em NY) e um físico, os dois mesclados. Surround, o som envolve o público. Para que tudo saia como o diretor concebeu, uma equipe de 10 profissionais trabalha há meses na computação gráfica. A reprodução dos espaços da cidade tem de ser fiel. É exigência de Billy.
Ficha Técnica
Elenco por ordem alfabética:
Achila Felix
Alexandra Liambo
Alvinho de Pádua
Amanda Flowers
Carla Reis
Denis Pereira
Diego Velloso
Emanuel Faioli
Hudson Ramos
Isa Felix
Isabella Morcinelli
Italo Rodrigues
Jenyffer Kauanna
Jota Estevam
Luciana Romani
Luiza Lapa
Luli
Marcio Yacoff
Mayla Betty
Pietra Lucas
Queren Simplício
Rafael Vieira
Renan Cuise
Tabata Cristina
Tayanne Zandonato
Thais Coelho
Vanessa Rhuiz
Will Santana
Designer de figurinos e perucaria
Feliciano San Roman e Paula Canterini
Produção de Figurino
Eliana Liu
Costureiros
- Juliano Lopes
- Zezé de Castro
- Benê Calistro
- Judite Gerônimo de Lima
- Sônia Maria Mendonça
Costureira lycras
Anna Cristina Cáfaro Driscoll
Aderecistas figurinos
Mirian Casemiro
Ocelio de Sá Alencar
Alfaiate
Agenor Domingos
Miguel Arrua
Makes e caracterização
Paula Canterini
Cenografia
Marcelo Larrea
Assistente de cenografia
Beatriz Christal
Produção de cenografia
Daniela Faria
Adereço Touro
Celso Rorato e Vando Balduíno
Adereços cênicos
Francisco Mateus
Cenotécnicos
Mestre Geraldo
Emerson Merpol
Isaac de Souza
Adaptação: Billy Bond e Lilio Alonso
Diretor geral de dramaturgia: Billy Bond, Andrew Mettine
Direção de Cena : Marcio Yacoff
Coreografia: Italo Rodrigues
Direção Vocal- Luiza Lapa
Direção Musical- Bond e Villa
Designer de som: Paul Gregor Tancrew
Designer de luz: Paul Stewart
Efeitos especiais: Gabriele Fantine
Filmes e animações: George Feller e Lucas Médici
Mappings: Nicolas Duce
Fotos
Henrique Falci
Henrique Tarricone
Equipe Técnica
Automatização: Angelo Meireles
Produção: Andréa Oliveira
Diretor técnico: Ângelo Meireles
Direção de produção: Andréa Oliveira
Direção geral: Billy Bond
Serviço
- Um Dia na Broadway. Estreia dia 16 de junho, sexta, às 21 horas.
- LINK PARA VENDAS: https://bit.ly/UMDIANABROADWAY
- Sessões: sextas, 21h; sábados 21h; e domingo 19h. Até 09 de julho.
Vista aborda caso de estupro no Rio
Finalista do Prêmio Jabuti, o romance Vista Chinesa (2021) , de Tatiana Salem Levy, ganha inédita adaptação teatral pelas mãos da Polifônica, de Luiz Felipe Reis e Julia Lund. Espetáculo multidisciplinar, que reúne cinema, música e teatro, VISTA leva ao palco os desdobramentos de um caso de estupro ocorrido às vésperas da Olímpiada de 2016, no Rio, em plena luz do dia, em um dos principais cartões-postais da cidade. A partir deste ponto, a montagem contempla as possibilidades de regeneração sensível e humana da personagem.
A montagem do solo — que estreia em São Paulo dia 2 de junho, no Sesc Avenida Paulista, e segue em cartaz até dia 2 de julho — gira em torno de um contundente relato, em primeira pessoa, desta experiência absurda de violência sexual e, sobretudo, do processo de metamorfose existencial vivido pela personagem após este acontecimento, com dramaturgia assinada por Luiz Felipe, Julia e por Catharina Wrede.
Em cena, Julia Lund conta a história de uma mulher que, antes de ir ao trabalho, ao fazer sua corrida matinal na Floresta da Tijuca, tem seu destino atravessado pela agressão sexual. Ela é violentada, estuprada e abandonada sozinha na mata. “É um trabalho que se abre a múltiplas dimensões e questões. A peça é construída como uma jornada de reflexão e de elaboração sobre os desdobramentos deste caso de estupro”, diz a atriz.
Atravessar o trauma
VISTA é a perspectiva particular desta mulher de se relacionar com o trauma, elaborar suas marcas e fissuras — o que inclui processos de recordação e esquecimento, ressignificação e transformação de acontecimentos e sentidos —, mostrando que é possível atravessar esse ciclo infernal de sensações e experiências, sabendo que esse ciclo de sofrimento também se transforma e torna possível, de outra forma, viver e aproveitar a vida de novo.
Viva e morta ao mesmo tempo, com a consciência de que nada será como antes, Júlia tem sua existência transfigurada. O passado é um assombro. O presente é um abismo. O futuro, desconhecido. Com as roupas rasgadas, sem telefone e descalça, ela se arrasta como pode para encontrar um caminho de volta até a estrada enquanto a luz se dissipa por entre as árvores. Horas mais tarde, após uma infernal e solitária jornada com os pés no asfalto, ela enfim chega em casa, onde o namorado e alguns familiares a esperam.
Júlia, a protagonista da obra, é uma mulher que viveu o inferno e viu, como ela mesma diz, o diabo de frente — ou pior, o diabo e o inferno invadindo o seu próprio corpo a fim de aniquilar sua vitalidade, sua autoestima e sua vontade de viver. O que vemos em cena é, de alguma forma, a resposta de Júlia ao horror. Cada cena é um fragmento da travessia que a personagem empreende não apenas a fim de sobreviver, mas a fim de afirmar a sua vontade de viver, de poder fruir e desfrutar da vida novamente.
Todo percurso dramatúrgico da obra é, então, uma troca de pele, um processo de metamorfose subjetiva, uma jornada de elaboração e de ressignificação dos acontecimentos vividos pela personagem.
Camadas de realidade e de ficção
Ao ser levado aos palcos como um solo teatral e audiovisual, VISTA ganha novas camadas e planos de realidade e de ficção. Neste sentido, a montagem dá continuidade às investigações estéticas e temáticas da Cia. sobre a polifonia cênica, sobre a tênue linha que aproxima e dilui as fronteiras entre autobiografia e autoficção, assim como sobre as relações entre o trágico e o trauma, a violência e a resiliência, a metamorfose, a regeneração e afirmação das pulsões de vida — todos estes elementos também foram investigados e tensionados em seus projetos anteriores, como “Estamos indo embora…”, o díptico “Amor em dois atos” (2016), “Galáxias” (2018) e o solo audiovisual “Tudo que brilha no escuro” (2020). VISTA expõe em cena um processo em que a memória é uma capacidade humana sempre lacunar, incompleta, seletiva, mas ainda assim fundamental a todo processo de recomposição da vida.
A equipe criativa do espetáculo conta ainda com a performance musical ao vivo de Pedro Sodré, criação e manipulação de vídeo ao vivo de Isis Passos e Helô Duran, criação cinematográfica de Dani Wierman e Mari Cobra, cenografia de Dina Salem Levy, luz de Alessandro Boschini, direção de movimento de Laura Samy e figurino de Thais Delgado.
Ficha técnica
Atuação: Julia Lund
Direção, concepção geral + câmera ao vivo: Luiz Felipe Reis
A partir da obra “Vista Chinesa”, de Tatiana Salem Levy
Adaptação dramatúrgica: Luiz Felipe Reis, Julia Lund e Catharina Wrede
Trilha sonora original e Performance musical ao vivo: Pedro Sodré
Pesquisa musical e sonora: Luiz Felipe Reis e Pedro Sodré
Direção de tecnologia, criação + efeitos em vídeos e operação de vídeo: Isis Passos
(Miwí)
Cenário: Dina Salem Levy
Assistente de cenografia: Tuca Benvenutti
Luz: Alessandro Boschini
Figurino: Thais Delgado
Criação e produção de vídeos, direção de fotografia e montagem: Dani Wierman e Mari Cobra com Felipe Ovelha (operação de câmera em vídeo)
Direção de movimento: Laura Samy
Interlocução artística: Fernanda Bond
Confecção de máscara: Alexandre Guimarães
Fotografia de cena: Renato Mangolin
Cinematografia: Chamon Audiovisual
Design gráfico: Clarisse Sá Earp (umastudio)
Fotografia estúdio: Renato Pagliacci
Make: Sabrina Sanm
Mídias Sociais: Luli Fru
Assessoria de comunicação: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes
Direção de produção: Gabriela Gonçalves, Ludmilla Picosque e Rodrigo Fidelis (Corpo Rastreado)
Idealização e coprodução: Cia Polifônica
Participação em off das atrizes Carolina Virguez, Camila Lucciolla, Cris Larin, Fernanda Nobre, Helena Varvaki, Lisa Eiras e Valentina Herszage a partir de trechos das obras “Abuso”, de Ana Paula Araújo, e “A vida nunca mais será a mesma”, de Adriana Negreiros.
Serviço
Teatro | VISTA
Com Polifônica
Quando: De 2 de junho a 2 de julho de 2023. Quinta, sexta e sábado, às 20h, domingo, às 18h.
Sessão extra no dia 28 de junho, quarta, às 20h.
Classificação etária: 16 anos.
Onde: Arte II – 13° andar.
Duração: 80 minutos.
Capacidade: 50 lugares.
Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (Meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$10,00 (Credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Venda a partir de 23/5, às 12h, pelo Portal Sesc SP e nas bilheterias das unidades do Sesc SP a partir de 24/5. Limitado a 2 ingressos por pessoa.
SESC AVENIDA PAULISTA
Avenida Paulista, 119, São Paulo
Fone: (11) 3170-0800
Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m
Horário de funcionamento da unidade:
Terça a sexta, das 10h às 21h30.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30.
Horário de funcionamento da bilheteria:
Terça a sexta, das 10h às 21h30.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30
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