Clube de Leitura CCBB 2025 reúne dois dos maiores pensadores espirituais e éticos do país no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

O Clube de Leitura CCBB 2025 chega ao seu último encontro do ano reunindo duas das vozes mais inspiradoras do pensamento contemporâneo brasileiro: Monja Coen e Leonardo Boff, convidados de dezembro. O público escolheu, em votação aberta, quais serão os dois livros debatidos no encerramento de 2025: “O que aprendi com o silêncio”, da Monja Coen, e “A busca da justa medida”, de Leonardo Boff.

Ambos representam, por caminhos distintos, um humanismo espiritual e ecológico cada vez mais urgente diante dos desafios do mundo atual. O encontro presencial entre Coen e Boff é, por si só, um acontecimento raro e encerra com brilho um ano em que o Rio de Janeiro foi celebrado como Capital Mundial do Livro pela UNESCO.

“Num evento como este, é o momento de os participantes conhecerem os autores e ganharem mais gosto para o livro e pela leitura dele, coisa que nenhum outro meio substitui”, diz Boff.

Monja Coen

Monja Coen conta que tem profunda admiração pelo seu parceiro de Clube de Leitura CCBB 2025 e que ficará muito feliz em encontrá-lo.

Segundo Suzana Vargas, curadora e mediadora do Clube de Leitura CCBB, a programação de dezembro mantém a tradição de reservar o último encontro do ano às obras que conduzam o público para reflexões éticas, filosóficas e espirituais:

“Em dezembro, propomos leituras que nos levem a pensar a realidade do ponto de vista metafísico e ético, como o mês sugere nas culturas cristãs. Tanto Monja Coen quanto Leonardo Boff dedicam suas trajetórias a inspirar a transformação interior e coletiva. Reunir os dois é promover uma conversa profunda entre espiritualidade, consciência e ação”, destaca a curadora.

O Clube de Leitura CCBB consolidou-se, ao longo de 2025, como uma verdadeira arena literária e de ideias. Passaram por ele homenagens a autores como Guimarães Rosa, Camões, Carla Madeira e Ney Matogrosso, além de escritoras internacionais como Igiaba Scego e Scholastique Mukasonga, representantes das potentes vozes femininas da África contemporânea. A diversidade, como observa Suzana Vargas, foi a palavra de ordem.

“Desde que comecei as Rodas de Leitura no CCBB nos anos 90 e agora com o Clube de Leitura que já completa 04 anos, percebo o quanto é essencial continuar reunindo pessoas em torno dos livros. A leitura compartilhada gera sensibilidade e consciência cidadã — atributos fundamentais para enfrentarmos as transformações da vida atual. Num tempo de tecnologia e automação, os livros ainda são nosso elo mais humano”, destaca.

Terminar o ano com Monja Coen e Leonardo Boff representa o convite à escuta, ao diálogo e à construção de um sentido coletivo — uma forma simbólica de encerrar o ciclo de 2025 com reflexão, silêncio e ação consciente.

O encontro acontece em 10 de dezembro, a partir das 17h30, na Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ). A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h da manhã do dia do evento, que tem o patrocínio do Banco do Brasil.

Clube de Leitura CCBB completa quatro anos, reforça a interface entre as artes por meio de palavras e se firma como evento internacional de leitura

Leonardo Boff

Com mediação de Suzana Vargas, também curadora do evento, e do poeta Ramon Nunes Mello, a edição de 2025 do Clube de Leitura CCBB pretende trabalhar as relações da literatura com as outras artes: música, teatro, cinema. O objetivo, segundo Suzana, é levar o público leitor a perceber como a palavra rege quaisquer manifestações artísticas.

“Clássicos da literatura, autores contemporâneos, dramaturgos, escritores que expressam parte da alma brasileira, poetas do cotidiano estão programados para essa nova temporada. Com ela pensamos atingir um público mais amplo, diverso, bem como fazer com que os livros sejam compreendidos mais além de suas fronteiras escritas”, antecipa a curadora.

O Clube de Leitura CCBB conta com o patrocínio do Banco do Brasil para trazer mais uma vez ao país outros escritores internacionais, como já fez com Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Leonardo Padura, Pepetela e muitos, e como mais uma forma de contribuir para a visibilidade da leitura como importante veículo de conhecimento e cidadania.

“A Biblioteca Banco do Brasil, instalada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro hoje disponibiliza mais de 250 mil títulos ao público frequentador, gratuitamente, e é uma das bibliotecas com maior extensão de funcionamento diário – das 9h às 20h, incluindo sábados, domingos e feriados. Em 2024, foram mais de 126 mil leitores atendidos. A iniciativa do Clube de Leitura CCBB, criado em 2022, tem se mostrado cada vez mais relevante para aproximar o público frequentador do CCBB das artes literárias, popularizando o tema, o tornando acessível e contribuindo para a reflexão sobre a importância da leitura no mundo contemporâneo”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.

Os vídeos dos encontros ficarão disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. Os encontros presenciais são realizados na segunda quarta-feira de cada mês. O Clube de Leitura CCBB em 2025 fez parte do calendário oficial do ano do Rio Capital Mundial do Livro.

Os livros:

O que aprendi com o silêncio – uma autobiografia: Monja, jornalista, pensadora. Por trás da figura serena e sempre alegre, existe uma das maiores personalidades brasileiras da atualidade. As convicções de Monja Coen são precisas e duradouras, mesmo que transmitidas de maneira doce e leve. Seus ensinamentos têm formado uma geração livre de preconceitos religiosos e focada na evolução do eu interior, na liberdade dos pensamentos, no controle do ego e principalmente na possibilidade de ser zen em um mundo caótico. Aqui, Coen Roshi conta sua história com um olhar inusitado. Às vezes emotivo, em outros momentos sarcástico, mas sempre com a capacidade de fazer de um instante o infinito e do infinito um instante. Descubra por que o silêncio foi tão importante em meio a tantas histórias barulhentas e dissonantes.

A busca da justa medida – como equilibrar o Planeta Terra: dá continuidade à obra “O pescador ambicioso e o peixe encantado – A busca pela justa medida”. Leonardo Boff faz uma severa crítica à nossa civilização planetizada, urdida pelo excesso em todos os âmbitos, a ponto de desequilibrar perigosamente todo o planeta. Mas, ao mesmo tempo, sustenta a esperança de que a justa medida poderá nos salvar. A característica principal da justa medida reside no autocontrole, no autolimite, no equilíbrio dinâmico e na temperança.

Os convidados

Monja Coen – uma das principais referências do Zen Budismo no Brasil, há quatro décadas dedica-se à vida monástica, mergulhando profundamente nos ensinamentos e práticas do Zen. Como fundadora da Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, inspirou discípulos e praticantes a integrar os princípios do budismo na vida cotidiana. Além de sua jornada monástica, Monja Coen é autora de best-sellers e palestrante renomada, alcançando públicos diversos com reflexões sobre autoconhecimento, liderança consciente, equilíbrio emocional e transformação social. Seus cursos já impactaram mais de 100 mil pessoas, traduzindo ensinamentos milenares em práticas acessíveis que têm transformado vidas. A atuação da Monja transcende templos, levando mensagens de paz e sabedoria para o mundo contemporâneo.

Leonardo Boff  nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. É neto de imigrantes italianos da região do Veneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX. Fez seus estudos primários e secundários em Concórdia-SC, Rio Negro-PR e Agudos-SP. Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959.

Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).

Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com “Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade”.

É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos.

De 1970 a 1985, participou do conselho editorial da Editora Vozes. Neste período, fez parte da coordenação da publicação da coleção “Teologia e Libertação” e da edição das obras completas de C. G. Jung. Foi redator da Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984), da Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e da Revista Internacional Concilium (1970-1995).

Em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro “Igreja: Carisma e Poder”, foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa das Fé, ex Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de “silêncio obsequioso” e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Dada a pressão mundial sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo retomar algumas de suas atividades.

Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo. “Mudou de trincheira para continuar a mesma luta”: continua como teólogo da libertação, escritor, professor e conferencista nos mais diferentes auditórios do Brasil e dos estrangeiros, assessor de movimentos sociais de cunho popular libertador, como o Movimento dos Sem Terra e as comunidades eclesiais de base (CEB’s), entre outros.

Em 1993 prestou concurso e foi aprovado como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Em 8 de Dezembro de 2001 foi agraciado com o Prêmio Nobel Alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).

Atualmente vive no Jardim Araras, região campestre ecológica do município de Petrópolis-RJ, e compartilha vida e sonhos com a educadora/lutadora pelos Direitos a partir de um novo paradigma ecológico, Marcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim ‘pai por afinidade’ de uma filha e cinco filhos compartilhando as alegrias e dores da maternidade/paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos “netos” Marina, Eduardo, Maira, Luca e Yuri.

É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

Clube de Leitura CCBB

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e do poeta Ramon Nunes Mello e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros.

A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2024, 2515 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Marilene Felinto, Eliana Alves Cruz, Viviane Mosé, Eliane Potiguara, Eliane Brum, Anapuaká Tupinambé, Lilian Schwarcz, Beatriz Resende, Luiz Fernando Soares, Nadia Batella Gontlib, Melina Dalboni, Tom Grito, Rita Von Hunty e Ramon Mello, Luiz Eduardo Soares, MV Bill, Leonardo Padura, Rodrigo Labriola, Pepetela, Carmen Tindó, Jeferson Tenório e Itamar Vieira Jr., Frei Betto e Magali Cunha.

A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 250 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.

Os mediadores

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews – 2021. Há 29 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.

Ramon Nunes Mello é poeta, escritor e ativista dos direitos humanos. Autor dos livros Vinis mofadosPoemas tirados de notícias de jornalHá um mar no fundo de cada sonho e A menina que queria ser árvore. Organizou Tente entender o que tente dizer: poesia + hiv / aids (2018), Ney Matogrosso, Vira-Lata de Raça – memórias (2018) e Escolhas, autobiografia intelectual de Heloisa Buarque de Hollanda. Poeta convidado do Rio Occupation London no Battersea Arts Centre (Londres, 2012) e da Festa Literária Internacional de Paraty (2016).

CCBB RJ

Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura. Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro. São 36 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias. Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas. A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.

SERVIÇO:

Clube de Leitura CCBB 2025

  • Encontro presencial – 10 de dezembro de 2025 às 17h30
  • Evento Gratuito
  • Classificação indicativa: 14 anos
  • Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.

Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro/RJ.

Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar

Contato: 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Mais informações em bb.com.br/cultura

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