Partículas gigantes e jatos oscilantes marcam passagem do cometa 3I/ATLAS

Imagem gerada por IA

A passagem do objeto interestelar 3I/ATLAS pelo sistema solar interior, registrada na última semana, forneceu um conjunto de dados que contradiz os modelos atuais de comportamento cometário. Uma análise publicada ontem (25) pelo astrofísico de Harvard, Avi Loeb, aponta para uma discrepância física fundamental na “anti-cauda” do objeto — uma estrutura de ejeção de material voltada para o Sol, em vez de oposta a ele. Segundo o estudo, as partículas contidas nessa estrutura possuem dimensões entre 1 e 100 mícrons, um volume de massa significativamente superior à poeira cometária padrão, que raramente excede 0,5 mícrons de raio.

A física convencional dita que a pressão de radiação solar exerce força suficiente para empurrar partículas microscópicas para longe da estrela, formando a cauda característica dos cometas. No entanto, o material expelido pelo 3I/ATLAS viajou cerca de 500.000 quilômetros em direção ao Sol, vencendo essa barreira radiativa. Loeb argumenta que apenas partículas com massa elevada poderiam manter o momento linear necessário para sustentar tal trajetória contra o fluxo solar. A existência de uma anti-cauda tão longa e colimada sugere um mecanismo de ejeção ou uma densidade de material que não encontra paralelo nos cometas formados na Nuvem de Oort ou no Cinturão de Kuiper.

Além do tamanho anômalo das partículas, a estrutura do jato apresenta uma rigidez incomum. Em cometas típicos, a sublimação de gelos cria nuvens difusas de gás e poeira. No caso do 3I/ATLAS, a observação indica um fluxo direcionado e persistente, levantando questões sobre a composição do núcleo e a distribuição de voláteis em sua superfície. A ausência de desaceleração imediata dessas partículas pesadas implica que a força de ejeção inicial supera drasticamente as expectativas para um corpo celeste deste porte, obrigando os astrofísicos a revisarem os cálculos de balanço energético para objetos interestelares.

Oscilação mecânica e rotação do núcleo

Observações paralelas conduzidas no Observatório do Teide, na Espanha, acrescentaram uma camada de complexidade dinâmica ao fenômeno. Utilizando o Telescópio Gêmeo de Dois Metros (TTT), astrônomos monitoraram o objeto durante 37 noites, entre julho e setembro de 2025. Os dados revelaram que os jatos de material dentro da anti-cauda não são contínuos, mas exibem uma periodicidade estrita. A oscilação dos jatos ocorre a cada 7 horas e 45 minutos, um padrão “de relógio” que permitiu o recálculo da rotação do núcleo do cometa.

A inferência matemática derivada dessa oscilação aponta que o 3I/ATLAS completa uma rotação sobre seu próprio eixo a cada 15 a 16 horas. Esta velocidade de rotação é superior às estimativas preliminares e sugere um corpo compacto com integridade estrutural suficiente para suportar forças centrípetas elevadas sem se fragmentar. A detecção de jatos oscilantes em um visitante de outra estrela é inédita na literatura astronômica e indica que a emissão de gases e partículas ocorre através de aberturas específicas na superfície que giram junto com o corpo principal, funcionando como exaustores naturais rotativos.

A regularidade do movimento oscilatório elimina a hipótese de turbulência aleatória na coma do cometa. O que se observa é um sistema mecânico previsível, onde a ejeção de massa segue a orientação física do núcleo. Essa estabilidade rotacional, combinada com a ejeção de partículas pesadas em direção ao Sol, cria um perfil de objeto que difere tanto dos asteroides passivos quanto dos cometas “sujos” de gelo tradicionais. A comunidade científica agora busca entender se essa configuração é comum em objetos exógenos ou se o 3I/ATLAS representa uma classe rara de corpo celeste.

Raio-X

O objeto 3I/ATLAS segue sob escrutínio intenso enquanto se afasta da Terra. Abaixo, os dados consolidados da passagem:

  • Designação: 3I/ATLAS (3º Objeto Interestelar identificado).

  • Data de Descoberta: 1º de julho de 2025.

  • Aproximação Máxima da Terra: 19 de dezembro de 2025 (distância de 168 milhões de milhas).

  • Anomalias Listadas (Loeb): 15, incluindo anti-cauda colimada, partículas >1 mícron e emissões químicas atípicas.

  • Monitoramento de Sinais: O programa Breakthrough Listen realizou varredura em 18 de dezembro de 2025 e não detectou emissões de rádio artificiais (limite de 100 miliwatts).

  • Consenso Atual (Estudo de Novembro): Aceleração não gravitacional explicada por desgaseificação de monóxido e dióxido de carbono.

  • Próximo Evento: Encontro próximo com Júpiter previsto para 16 de março de 2026, antes da saída definitiva do sistema solar.

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