Cometa interestelar 3I/ATLAS apresenta jatos oscilantes e intriga Harvard

Objeto atinge velocidade recorde e mobiliza comunidade científica internacional com a detecção de uma gigantesca anti-cauda voltada para o Sol.

por Jorge Rodrigues
Cometa interestelar 3I/ATLAS

O astrofísico Avi Loeb, professor da Universidade de Harvard, reportou nesta terça-feira (23) a identificação de jatos oscilantes emanando do cometa interestelar 3I/ATLAS. O objeto, que realizou sua aproximação máxima da Terra em 19 de dezembro de 2025, situando-se a 167 milhões de milhas do planeta, permanece classificado no Nível 4 da Escala Loeb — uma métrica de avaliação de objetos interestelares que varia de 0 (natural) a 10 (tecnologia artificial).

As novas observações elevam para 15 o número de anomalias documentadas por Loeb, quase o dobro das oito registradas em outubro. O dado mais relevante é a persistência de uma “anti-cauda” massiva, uma estrutura de quase um milhão de quilômetros que se projeta em direção ao Sol, subvertendo o comportamento padrão de cometas cujas caudas se afastam da radiação solar.

Dinâmica orbital e velocidade recorde

Cometa interestelar 3I/ATLAS

Descoberto em 1º de julho de 2025, o 3I/ATLAS é o terceiro visitante confirmado vindo de fora do Sistema Solar, sucedendo o 1I/’Oumuamua (2017) e o 2I/Borisov (2019). O objeto destaca-se pela velocidade: viaja a 130 mil milhas por hora (aproximadamente 209 mil km/h), a maior marca já registrada para um corpo celeste desta categoria em nossa vizinhança.

Embora a maioria da comunidade científica, incluindo especialistas da NASA, reafirme que os dados apontam para um cometa de origem natural, Loeb mantém a cautela. O radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, detectou assinaturas de hidroxila, compatíveis com a fragmentação de moléculas de água, enquanto o telescópio XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia, registrou emissões de raios-X resultantes da colisão de gases com o vento solar. Contudo, a composição química revela níveis atípicos de dióxido de carbono.

O impacto gravitacional de Júpiter em 2026

A próxima etapa crucial para a compreensão do fenômeno ocorrerá em 16 de março de 2026. O 3I/ATLAS passará a 53 milhões de quilômetros de Júpiter, entrando na chamada Esfera de Hill do planeta, onde a influência gravitacional do gigante gasoso sobrepõe-se à do Sol.

Loeb e sua equipe publicaram cálculos que sugerem a possibilidade de a sonda Juno, da NASA, realizar observações diretas durante o encontro, embora a agência espacial americana ainda não tenha aprovado uma missão específica para este fim. O pesquisador afirmou que não pretende alterar a classificação de risco ou natureza do objeto até que os dados desse encontro sejam processados, reiterando que a ciência deve ser guiada pela evidência factual em detrimento da especulação.

Raio-X do 3I/ATLAS

  • Velocidade: 130.000 milhas por hora.

  • Distância da Terra (mínima): 167 milhões de milhas (Dezembro/2025).

  • Anomalias catalogadas: 15 pontos de divergência do padrão natural.

  • Escala Loeb: Nível 4 (Explicações naturais prováveis, mas incompletas).

  • Próximo marco: Passagem por Júpiter em 16/03/2026.

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