Como um Palhaço – Like a Clown na arena do Sesc Copacabana

A comédia “Como um palhaço – Like a clown” traz de volta ao Rio e ao Brasil a dupla de clowns Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen, artistas e diretores que vivem e trabalham no mundo inteiro com circo contemporâneo. A estreia é dia 11 de setembro, às 20h, no teatro de arena do Sesc Copacabana. Fatos reais – por exemplo, mais de 2 bilhões de pessoas sofrem de coulrofobia no planeta, ou seja, aversão a palhaços – dividem a história com momentos de puro humor, numa conexão vertiginosa entre texto, ação e mudanças de tipos. Assim que a luz se apaga, o teatro de arena se ilumina com Helena e Goos prontos a interpretarem dois intelectuais. “Como um palhaço – Like a clown” é viabilizado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar.

Diante de um púlpito, apresentam-se à plateia, informando que estão ali para promover decisiva conferência sobre palhaços. A duração é de 80 minutos. “Como um palhaço – Like a clown” faz temporada de quinta a domingo, até 5 de outubro. A classificação etária é de 14 anos. A ambientação cenográfica é assinada pelo Estúdio Radiográfico, que agrega às cenas momentos surpreendentes com o videografismo repleto de referências ao circo desde a antiguidade até hoje. O diálogo tecnológico se dá com fluidez ao longo da montagem.

“O espetáculo descontrói a imagem mítica e ficcional do palhaço, pesquisando os múltiplos significados que a profissão adquiriu ao longo do tempo. Em paralelo, cria continuamente alegorias, cenários lúdicos e situações ficcionais”, destaca Helena. Quase dez anos se passaram desde que a dupla fez uma temporada no Rio. Em 2017, lotaram todas as sessões do Teatro Carlos Gomes com o consagrado “Bianco Su Bianco”, criado para eles pelo diretor Daniele Finzi Pasca. Mais de 100 apresentações depois, cerca de 10 países diferentes (Finlândia, Suíça, França, Itália, Espanha, Rússia, Uruguai, Chile, Equador, Brasil, Canadá, Romênia, Dinamarca e México), a turnê continua.

“Em novembro, vamos apresentá-lo na Itália e Suíça”, conta a atriz. A agenda da dupla está repleta de trabalho. Com a Cia Cirque Bouffon, Helena e Goos desenvolvem nova criação em dezembro na cidade de Colônia, na Alemanha. Também para a Bouffon dirigiram o espetáculo “Carroussel”, que continua em turnês em cidades da França e Alemanha. Recentemente, Goos e Helena Bittencourt apresentaram e criaram os curtas-metragens: “Show” com uma menção honrosa no London Worldwide Comedy Short Film Festival, o prêmio de melhor filme no Playing the Fool Film Fest (Canadá), “Kit-Chen”, premiado com o prêmio de melhor curta de comédia no Istanbul Film Festival e “Tales of Lovely Locked Losing Heroes”, vencedor do prêmio de melhor curta criativo no European Film Festival e melhor roteiro no Sidney Multicultural Film Fest.

Tradições indígenas milenares, bufões egípcios, artistas romanos e mais

Sem pretensão, Helena e Goos apresentaram a performance “The Clown” em 2021. Apenas em 2024 veio a ideia de formalizar a pesquisa, que abrange das civilizações antigas até os dias atuais. A figura do personagem é encontrada  nas tradições indígenas milenares, entre os bufões egípcios, artistas romanose da Commedia dell’arte, palhaços de circo até os comediantes modernos — enfim, todos carregam o espírito da palhaçaria. Algo permanece ao longo dos tempos: estão sempre repletos de emoções humanas cruas, sempre absolutamente ridículos.

Na montagem, o público vai encontrar histórias até da vida real. “Nós nos chamamos de palhaços com orgulho. Ou quase com orgulho. No controle de fronteira, por exemplo, ‘ator’ parece uma resposta mais segura quando a polícia alfandegária indaga a profissão. Na barbearia, novamente: ‘Sou ator’ e não ‘Sou palhaço’. Certa vez, enquanto brincávamos em um bar, um transeunte riu e presumiu que éramos comediantes profissionais. Quando lhe disseram que éramos palhaços, ele zombou: ‘Não os insultem!’. Enquanto isso, políticos no mundo todo são rotulados como palhaços”, analisa Goos, entre o humor e a vida como ela é.

Mas Helena garante: “Este espetáculo não é sobre lamentar a perda do lugar do palhaço na sociedade. Não é um apelo por reconhecimento ou uma reflexão trágica sobre uma imagem ultrapassada. Não: este espetáculo é sobre riso. É sobre transformação. É sobre de onde viemos, como a sociedade evolui e como algumas emoções permanecem universais. É sobre abraçar a alegria da falta de vergonha. Algo que todos nós secretamente desejamos”, finaliza.

Atriz carioca, formada pela Unirio e pela Escola Nacional de Circo, em que entrou como cuspidora de fogo, Helena Bittencourt está comemorando 30 anos de trabalho. E feliz por fazer a estreia no Rio desse novo trabalho. “É especial estrear ‘Como um palhaço’ no Rio. Nos últimos anos, fizemos muitas criações na Europa e países de outros continentes. Aqui temos a possibilidade de encontros incríveis, com amigos e profissionais, além de realizar um processo de perguntas e inspirações muito rico, com senso de humor diferente”, destaca a atriz. Ela fez parte de “Corteo”, do Cirque du Soleil, como acrobata, palhaça e cantora.

“Sempre friso que a Escola Nacional de Circo é extremamente importante na minha vida e no Brasil. Saí do Brasil a trabalho, pela primeira vez, através de uma oportunidade da Escola. Também entrei para a Intrépida Trupe e a vida seguiu um caminho fantástico”, complementa.  Integrante da Cia. Finzi Pasca desde 2010, participou da criação e do elenco de “Donka, Uma Carta a Tchekov”, tendo excursionado por mais de 6 anos em grandes teatros e festivais, incluindo BAM (Nova York). Integrou o Manicomics Teatre (Itália), Intrépida Trupe (Brasil), Circo Klezmer e Circo Ozo (Espanha) e Companhia Ensaio Aberto (Brasil). Fundou o Coletivo OH! Ceus!, dirigindo e escrevendo diversos espetáculos.

Goos Meeuwsen, holandês, também está em tempo de celebrar, como Helena, 30 anos de trabalho. Juntos há 12 anos, conheceram-se numa temporada do Cirque du Soleil, em Taiwan, e engrenaram juntos fazendo arte e dividindo a vida desde então. Depois do Sesc Copacabana, “Como um palhaço – Like a clown” fará temporada de um mês em Armhem, na Holanda, e em janeiro de 2026 estreia no festival This is not circus, em Amsterdam. “A primeira tradução será um híbrido de holandês e inglês”, afirma Helena com bom humor.

A dois no palco, Helena e Goos estão cercados por artistas que, como eles, transitam em permanente pesquisa de linguagem cênica.  Autores do roteiro original, contam com a pesquisa e assistência de direção de Luísa Espíndula, trilha sonora de Rodrigo Marçal, colaboração dramatúrgica de Renato Linhares,e pesquisa videográfica do Estúdio Radiográfico, também assinando conteúdo e arte gráfica. O cenário une o próprio Goos e a cenógrafa Marieta Spada. A iluminação é de Tainã Miranda e Lina Kaplan. A direção de produção é de Luana Lessa.

O riso sempre foi uma parte fundamental da experiência humana, frisa Goos Meeuwsen. “Ele nos conecta, nos proporciona uma fuga e nos espelha em nossos próprios absurdos. Mas, embora o desejo de rir permaneça inalterado, a percepção do palhaço se transformou. O rosto pintado, o nariz vermelho e os sapatos enormes tornaram-se, para muitos, ultrapassados ou inquietantes. Essa mudança não se deve apenas a filmes de terror ou tragédias reais da década de 1990, mas parte de uma transformação maior”, acredita.

Goos Meeuwsen (Arnhem, Holanda) estudou na École Nationale de Cirque em Montreal. Especializado em palhaço, integrou o elenco da produção do Cirque du Soleil “Love, The Beatles” (Las Vegas), como um dos personagens principais. Integra elencos de vários circos de Europa e América do Norte. Participou do processo de criação e das apresentações de diversas peças como palhaço, ator e dançarino/ acrobata. Em 2008, ganhou o Prêmio Annie Fratellini no Festival Cirque de Demain (Paris) por seu trabalho como palhaço.

Ficha técnica:

  • Direção, Dramaturgia e Atuação: Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen
  • Direção de Produção: Luana Lessa
  • Pesquisa, Colaboração Dramatúrgica e Assistência de Direção: Luísa Espíndula
  • Colaboração Artística e Dramatúrgica: Renato Linhares
  • Arte Gráfica, Conteúdo e Pesquisa Videográfica: Estúdio Radiográfico
  • Direção Musical: Helena Bittencourt e Rodrigo Marçal
  • Trilha Sonora Original: Rodrigo Marçal
  • Iluminação: Tainã Miranda e Lina Kaplan
  • Concepção de Cenário: Goos Meeuwsen e Marieta Spada
  • Assessoria de Imprensa: Mônica Riani e George Patiño
  • Projeto e execução do Púlpito: Dodô Giovanetti
  • Cenotécnico: Dodô Giovanetti e Bebeto Sousa
  • Figurino: Marieta Spada e Geraldine Lodders
  • Confecção do Púlpito e Base da cortina: Dodô Giovanetti
  • Assistência de Cenografia: Sarah Pachu
  • Costureira: Claudia Phoenyx
  • Operação de vídeo e som: Gabriel Reis e Thiago Miyamoto
  • Operação de luz: Tainã Miranda e Lina Kaplan
  • Intérprete de Libras: Diana Dantas
  • Registro Fotográfico: Renato Mangolin
  • Registro de Vídeo: Vitor Damasceno
  • Mídias Sociais: Teo Pasquini
  • Administração do projeto: Fernanda Avellar
  • Idealização: Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen
  • Realização: SESC Pulsar, Trestada Produções, Helena.and.Goos

Serviço: Como um Palhaço – Like a Clown – De Helena Bittencourt e Goos Meeuwsen

  • Sesc Copacabana – Rua Domingos Ferreira, 160. Copacabana.
  • Estreia dia 11 de setembro, às 20h | Duração: 80 minutos
  • Dias e horários: Quinta a sábado, às 20h; Domingo, às 18h.
  • Ingressos: Quinta a sábado às 20h e domingo as 18h | GRÁTIS (PCG), R$10,00 (habilitado Sesc), R$ 15,00 (meia-entrada), R$30,00 | Arena
  • Classificação etária: 14 anos. Encerramento: 5 de outubro
  • Lotação: 175 lugares

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